DE MILÍCIA HOUTHI
23.03.2015
Grupo assumiu o controle de Taiz, em escalada que pode chamar Arábia Saudita e Irã para o conflito
Nova York. O Conselho de Segurança da ONU condenou, ontem, a conquista de boa parte do Iêmen e suas instituições pelos muçulmanos xiitas da milícia Houthi e fará um alerta sobre "mais sanções", caso as hostilidades não terminem, disseram diplomatas. Em comunicado que será formalmente adotado em uma reunião no Iêmen, a entidade com 15 membros também afirmou que apoia o presidente do Iêmen, Abd-Rabbu Mansour Hadi, segundo os diplomatas, sob condição de anonimato.
O Iêmen aproxima-se de uma guerra civil desde o ano passado, quando os Houthis, aliados do Irã, controlaram Sanaa e avançaram em áreas sunitas, causando confrontos com as tribos locais e energizando o movimento separatista do sul.
Ontem, os Houthis assumiram o controle da cidade central de Taiz, em uma escalada de poder que os diplomatas temem chamar os vizinhos Arábia Saudita e o principal rival regional dela, o Irã, para o conflito.
O avanço acontece depois de 140 fiéis morrerem em uma bombardeio suicida de duas mesquitas em Sanaa, que são usadas pelos Houthis. A utoria dos ataques foi reivindicada pelo Estado Islâmico.
O Conselho de Segurança "condena as ações unilaterais tomadas pelos Houthis, que prejudicam o processo político de transição no Iêmen, e também a segurança, estabilidade, soberania e união do Iêmen", diz a nota.
O órgão pedirá que "pessoas não ligadas ao Estado saiam das instituições governamentais, inclusive no sul do Iêmen, e que evitem qualquer tentativa de controlar essas instituições". O comunicado também ameaça com "mais sanções contra qualquer lado" do conflito no Iêmen.
Em novembro, o conselho impôs punições ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh e dois líderes Houthis. Hadi, que opera de Aden, uma cidade portuária no sul, desde que escapou da prisão domiciliar dos Houthis, em Sanaa, pediu ao Conselho de Segurança ajuda imediata "em todas as maneiras possíveis para interromper a violência".
O Iêmen é a casa da Al Qaeda na Península Arábica, um dos braços mais ativos da rede internacional, que executou diversos ataques em outros países.
O Conselho de Segurança está preocupado que a Al Qaeda possa se beneficiar da deterioração da situação política e da segurança do Iêmen. A ONU alertou que a situação no país pode se torna similar um cenário como o de Iraque-Líbia-Síria.
Contudo, o líder da milícia xiita, Abdel-Malek al-Houthi, prometeu ontem em um discurso transmitido pela TV dominada pelos rebeldes, perseguir os sunitas membros da Al Qaeda na península Arábica e do EI no país.
Cidade tomada
Moradores de Taiz, que fica na principal estrada entre a capital Sanaa e a segunda maior cidade do país, Aden, disseram que milícias houthi tomaram o aeroporto militar da cidade sem grande resistência das autoridades locais no sábado (21).
Testemunhas na província central de Ibb relataram ver dezenas de tanques e veículos militares a caminho do sul, partindo de áreas controladas pelos houthi, rumo a Taiz, enquanto ativistas na cidade disseram que atiradores houthi dispararam para o ar para dispersar protestos de moradores contra a presença do grupo. O avanço do grupo apoiado pelos iranianos tem irritado governos sunitas de países do Golfo, liderados pela Arábia Saudita. Ontem, o Irã pediu diálogo, mas sugeriu que Hadi deveria deixar o poder para evitar mais derramamento de sangue.
No entanto, líderes do Golfo disseram que Hadi é o legítimo governante do Iêmen e que eles estão prontos para realizar "todos os esforços" para defender a segurança do país. "O Iêmen está descendo por um túnel escuro que pode ter sérias consequências não só para o Iêmen, mas para a segurança e a estabilidade da região", disse o ministro saudita do Interior, príncipe Mohammed bin Nayef.
http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/internacional/conselho-de-seguranca-condena-acoes-no-iemen-1.1250500
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