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terça-feira, 5 de maio de 2020

Pesquisadora da Uece defende medidas mais duras para isolamento social: "Não é colônia de férias"

A queda dos índices de isolamento ao longo da pandemia têm preocupado autoridades e especialistas. Ceará é quinta federação do País com maior taxa de isolamento
Movimentação na Praça do Ferreira e ruas adjacentes em
 tempos de isolamento social (Foto: JULIO 
CAESAR)
Achatar a curva de crescimento da contaminação pelo novo coronavírus é uma das principais pretensões de autoridades e especialistas da saúde desde o início da pandemia. Medidas como o isolamento social e os auxílios financeiros emergenciais têm sido fundamentais para que o aumento do número de casos seja freado, como explica Thereza Magalhães, professora de enfermagem e membro do Grupo de Trabalho para enfrentamento à pandemia do coronavírus da Universidade Estadual do Ceará (Uece).

A especialista considera, no entanto, que medidas ainda mais duras devem ser tomadas. Ela lamenta que o isolamento social não esteja sendo cumprido de forma efetiva na Capital, especialmente nas regiões mais carentes. "Quando você vai nos bairros que as pessoas têm menos compreensão da transmissão, muitos veem como férias. Só vem a entender quando tem um caso complicado na família, é um processo doloroso", considera.

De acordo com levantamento feito pela empresa InLoco com o sinal GPS de celulares, o Ceará tem apresentado uma queda significativa no isolamento social. No dia 22 de março, o Estado tinha quase 70% de sua população isolada, porcentagem considerada adequada para boa parte dos especialistas. Nesse domingo, quando o índice foi medido pela última vez, o número estava em 59,3%. Entre todas as federações do País, o Ceará detém a quinta posição com maior índice de isolamento.

O número de óbitos no Estado passou a crescer com maior velocidade após o início de maio. Somente nos três primeiros dias do mês, foram registradas 173 novas mortes, valor 37% maior em relação ao total registrado na primeira quinzena de abril. A letalidade da doença chegou a ultrapassar a média nacional e atingiu índices superiores a 8%. 

Como forma de retomar o isolamento, autoridades do município de Fortaleza e do Estado se planejam para endurecer as medidas em vigor no território. O secretário da Saúde do Estado do Ceará, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, o Dr. Cabeto, que havia estimado cerca 250 mortes diárias para maio, defende que o isolamento social é fundamental para a contenção da pandemia.

"Uma realidade pode ser mutável, o que estamos falando é do esforço que as pessoas têm feito. Essa é a realidade (do coronavírus), pode mudar de um dia pro outro e depende de todos nós: do setor produtivo, da sociedade civil, da academia e de nós governo. E nós temos tentado ultrapassar aquilo que a gente é capaz", disse o secretário em entrevista de imprensa na última sexta-feira, 1°. Na ocasião, o governador Camilo Santana (PT) apontou que a possibilidade de um lockdown estava sendo discutida

Na manhã desta terça-feira, 5, Santana anunciou a prorrogação do decreto de isolamento social no Ceará por mais 15 dias. Entre as medidas implementadas, será obrigatório o uso de máscaras e haverá uma maior restrição em relação à entrada e saída da Capital. "Foram apresentados relatórios, inclusive mostrando queda no índice de isolamento e aumento de casos. Foi recomendado por todos os especialistas tomar medidas mais rígidas nesse momento", afirmou o governador.

Colapso do sistema de saúde

A preocupação da gestão pública com a disponibilidade de leitos tem feito com que Governo e Prefeitura busquem construir novas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) e adquirir equipamentos essenciais para o tratamento da Covid-19, como os respiradores mecânicos. Segundo dados do IntegraSUS, plataforma da Secretária da Saúde do Estado do Ceará (Sesa), o hospital Leonardo da Vinci, equipamento público com maior número de leitos disponíveis para Covid-19, já atinge quase 90% de ocupação.

O Executivo estadual prometeu na última sexta-feira, 1°, a construção de mais 100 UTIs para esta semana. Além disso, a Prefeitura de Fortaleza comprou 100 respiradores para a montagem de UTIs na Capital. A expectativa da gestão municipal é que os equipamentos cheguem no início desta semana.

Em entrevista ao O POVO nessa segunda-feira, 4, Ricristhi Gonçalves, coordenadora de Vigilância Epidemiológica da Sesa, afirmou que alguns elementos, como a quantidade de óbitos, positividade das amostras, indicam que esta semana seja "bem crítica". Ela explicou que só é possível saber se a curva parou de subir quando se perceber a estabilidade do incremento de casos de um dia para o outro ao longo de um vários dias.

Conforme o último boletim divulgado pela Sesa na manhã desta terça-feira, o Ceará confirmou 11.256 casos de Covid-19 e 733 mortes pela doença. Foram 114 casos e uma morte a mais que o registro feito na noite de ontem. Fortaleza concentra 8.342 casos confirmados e tem também o maior número de óbitos: 567. Na Capital, de acordo com boletim epidemiológico da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), o bairro Vicente Pinzón se tornou o território com maior número de óbitos, com 21 casos.

FONTE: O POVO - Por LEONARDO MAIA

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