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sexta-feira, 2 de julho de 2021

Ver a morte como espetáculo é sintoma do adoecimento, diz juíza sobre caso Lázaro

"Celebrar caçadas, execuções e vingança pode saciar o ódio e aplacar o medo, mas nunca será justiça."

POR NOTÍCIAS AO MINUTO - SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - "Defender prisão, processo e contraditório não é defender criminoso, nem aderir à violência, mas compreender que a civilização é a alternativa à barbárie. Celebrar caçadas, execuções e vingança pode saciar o ódio e aplacar o medo, mas nunca será justiça."

As palavras são do perfil do Twitter de Andréa Pachá, 57. A juíza e escritora faz menção à morte de Lázaro Barbosa, conhecido como o serial killer do Distrito Federal, morto pela polícia nesta segunda-feira (28), após 20 dias de buscas.

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Em entrevista à reportagem, Pachá avalia que em casos como o de Lázaro, existe um sentimento de injustiça na sociedade, que busca a resposta no endurecimento das leis penais.

"O problema é que, quando você começa a tratar a resposta da Justiça como uma necessidade de vingança, você nunca vai conseguir chegar à justiça, porque você responde à linguagem da violência com a própria violência", diz a juíza, ressaltando que não cabe ao Estado promover a violência.

Pergunta - Em casos como o de Lázaro, de um criminoso acusado de matar uma família e estuprar mulheres e que ficou conhecido como um serial killer, o sentimento de vingança se sobrepõe ao de justiça?

Andréa Pachá - Eu acho que tem uma percepção muito majoritária na sociedade de que a forma de punição criminal não responde à violência. Então existe uma demanda pelo recrudescimento das normas penais. Você vê que a cada crime bárbaro a sociedade reage pedindo mais punição, mais prisão, mais pena, porque nós não encontramos uma forma de responder à violência satisfatoriamente, de maneira que aplaque esse sentimento de injustiça. O problema é que, quando você começa a tratar a resposta da Justiça como uma necessidade de vingança, você nunca vai conseguir chegar à justiça, porque você responde à linguagem da violência com a própria violência, e esse não é o papel do Estado. Lamentavelmente, o que nós temos visto é que mesmo com o recrudescimento das penas, há violências que não são interrompidas pela ameaça da prisão. O criminoso comete o crime apesar da norma penal. Qual é a solução pra isso? Ao meu ver, a solução para isso não pode ser o extermínio, porque, se nós chegamos até aqui, foi por uma construção civilizatória. Qualquer retrocesso nesse sentido é desconstruir essa rede. Quando se fala na necessidade de investimento na educação, na cultura, na saúde, não é retórica. Ninguém transforma uma sociedade só pelo recrudescimento das leis penais.

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