Olhar para o outro sem ilusões e sem culpá-lo é o primeiro passo
"As pessoas, minha filha, são como almanaques. Você nunca acha o que procura, mas sempre vale dar uma olhada" (Zelda Fitzgerald, Essa valsa é minha).
Costumo ser procurada pelos casais como o último recurso para recuperar a relação. Eles já fizeram viagens, mudaram de casa, decidiram ter um filho, mudaram de cidade. Tentaram (quase) tudo. Mexeram fundamentalmente nos fatores externos da relação e, muitas vezes, o problema persistiu.
O fato de ser a última opção, ao contrário do que se possa pensar, não faz da terapia de casal a trilha sonora para o fim do relacionamento. Ao contrário. Quando o casal busca uma terapia a dois é porque o relacionamento está muito vivo.
Tenho um espírito à la "Zelda Fitzgerald" quando me entrego ao processo de analisar um casal. Todas as vezes, abro a porta do consultório com grande curiosidade e já durante a primeira sessão, os olhos que vejo estão mais vivos e brilhantes que nunca - sim, quem busca sempre brilha. Sinto-me bastante estudada e, silenciosamente, ouço me questionarem. " - Como essa analista que não conhece cada um de nós vai entender nossas idiossincrasias pessoais e ao mesmo tempo compreender como essas interferem em nossa dinâmica como casal?". Rapidamente, percebem que não estão num tribunal, obrigados a depor, mas que chegaram livremente ao consultório. E deixo bem claro: em briga de marido e mulher não se mete a colher, exceto quando me pedem.
Costumo ser procurada pelos casais como o último recurso para recuperar a relação. Eles já fizeram viagens, mudaram de casa, decidiram ter um filho, mudaram de cidade. Tentaram (quase) tudo. Mexeram fundamentalmente nos fatores externos da relação e, muitas vezes, o problema persistiu.
O fato de ser a última opção, ao contrário do que se possa pensar, não faz da terapia de casal a trilha sonora para o fim do relacionamento. Ao contrário. Quando o casal busca uma terapia a dois é porque o relacionamento está muito vivo.
Tenho um espírito à la "Zelda Fitzgerald" quando me entrego ao processo de analisar um casal. Todas as vezes, abro a porta do consultório com grande curiosidade e já durante a primeira sessão, os olhos que vejo estão mais vivos e brilhantes que nunca - sim, quem busca sempre brilha. Sinto-me bastante estudada e, silenciosamente, ouço me questionarem. " - Como essa analista que não conhece cada um de nós vai entender nossas idiossincrasias pessoais e ao mesmo tempo compreender como essas interferem em nossa dinâmica como casal?". Rapidamente, percebem que não estão num tribunal, obrigados a depor, mas que chegaram livremente ao consultório. E deixo bem claro: em briga de marido e mulher não se mete a colher, exceto quando me pedem.
É preciso que se diga claramente que, em uma relação amorosa, os dois componentes do casal são vítimas da trama inconsciente que os conduz ao desencontro.
Ao longo da vida, cada um constrói sua própria história psíquica e, no consultório, o analista lida com duas delas. Mais que isso, ele precisa entender como se formou uma terceira entidade psíquica, que é a dinâmica do casal.
Para tanto, surgem algumas questões-chave. Quem são os dois juntos? O que se repete na relação? O que os uniu? O que os ameaça no momento? Afinal, é muito dolorosa a sensação de que a promessa de felicidade de outros tempos deixou de fazer sentido. "-Como?Por que?", indagam.
A psicanálise compartilha o fato de que há uma fantasia nos dizendo que somos uma metade que deseja encontrar sua outra parte para ser feliz e completa. Essa sensação fica evidente quando o casal retoma, em terapia, o momento em que se apaixonou, quando suas histórias psíquicas se encontram. Durante esse processo mágico, recordam que parecia não existir diferenças entre eles e que o amor dava sentido ao inexplicável. Ao entrarem em contato com seus sentimentos, percebem que as palavras não são capazes de dar conta de toda sua gama. Na terapia é possível entender que fantasiamos muito em relação ao outro e que, na maioria das vezes, cada uma das partes apaixonadas está mais interessada em descobrir como o outro pode satisfazer os seus desejos e necessidades.
Para tanto, surgem algumas questões-chave. Quem são os dois juntos? O que se repete na relação? O que os uniu? O que os ameaça no momento? Afinal, é muito dolorosa a sensação de que a promessa de felicidade de outros tempos deixou de fazer sentido. "-Como?Por que?", indagam.
A psicanálise compartilha o fato de que há uma fantasia nos dizendo que somos uma metade que deseja encontrar sua outra parte para ser feliz e completa. Essa sensação fica evidente quando o casal retoma, em terapia, o momento em que se apaixonou, quando suas histórias psíquicas se encontram. Durante esse processo mágico, recordam que parecia não existir diferenças entre eles e que o amor dava sentido ao inexplicável. Ao entrarem em contato com seus sentimentos, percebem que as palavras não são capazes de dar conta de toda sua gama. Na terapia é possível entender que fantasiamos muito em relação ao outro e que, na maioria das vezes, cada uma das partes apaixonadas está mais interessada em descobrir como o outro pode satisfazer os seus desejos e necessidades.
Em geral, a crise se instala no casal quando essa fantasia de completude cai por terra. Os elementos que deflagram esse processo são diversos. Questões ligadas à sexualidade, como a frigidez, a impotência ou a ejaculação precoce. Outras vezes, o nascimento de um filho, desemprego, mudança de cidade.
A terapia de casal responde a diferentes causas e tempos. Faz parte de sua dinâmica acompanhar as mudanças no relevo social. Hoje em dia, quando se fala que um casal bateu à porta do consultório, não fazemos referência a casamentos em igreja ou cartório. Também não falamos apenas em relacionamentos heterossexuais.
Mas, atenção! As sessões não levam à separação ou à reconciliação. É preciso que se diga claramente que, em uma relação amorosa, os dois componentes do casal são vítimas da trama inconsciente que os conduz ao desencontro. A sensação de fracasso não é fácil nem para aquele que deixou de "amar". E não são milagrosas as formas de rever um relacionamento.
Mesmo sendo um trabalho breve para os padrões da psicanálise, em média, quatro meses de duração, a terapia de casal, em alguns casos, frustra o paciente que deseja uma solução imediata.
No entanto, é possível falarmos em término desse processo quando há um olhar mais real para o parceiro (a). A terapia se completa quando o casal percebe que há um acordo inconsciente entre eles; assim, deixam de culpar um ao outro pelo sofrimento na relação. Quando um se coloca no lugar do outro, a relação se torna mais criativa e cada um deles pode se reinventar. Enfim, a terapia de casal termina no momento em que cada parte da "laranja" resolve seguir sua vida, junto ou separado do outro e sabendo que a única pessoa realmente insubstituível é ela mesma. Devemos nos conscientizar de que apesar sermos incompletos como um almanaque, convém estarmos à procura. Sempre vale a pena darmos uma olhada.
A terapia de casal responde a diferentes causas e tempos. Faz parte de sua dinâmica acompanhar as mudanças no relevo social. Hoje em dia, quando se fala que um casal bateu à porta do consultório, não fazemos referência a casamentos em igreja ou cartório. Também não falamos apenas em relacionamentos heterossexuais.
Mas, atenção! As sessões não levam à separação ou à reconciliação. É preciso que se diga claramente que, em uma relação amorosa, os dois componentes do casal são vítimas da trama inconsciente que os conduz ao desencontro. A sensação de fracasso não é fácil nem para aquele que deixou de "amar". E não são milagrosas as formas de rever um relacionamento.
Mesmo sendo um trabalho breve para os padrões da psicanálise, em média, quatro meses de duração, a terapia de casal, em alguns casos, frustra o paciente que deseja uma solução imediata.
No entanto, é possível falarmos em término desse processo quando há um olhar mais real para o parceiro (a). A terapia se completa quando o casal percebe que há um acordo inconsciente entre eles; assim, deixam de culpar um ao outro pelo sofrimento na relação. Quando um se coloca no lugar do outro, a relação se torna mais criativa e cada um deles pode se reinventar. Enfim, a terapia de casal termina no momento em que cada parte da "laranja" resolve seguir sua vida, junto ou separado do outro e sabendo que a única pessoa realmente insubstituível é ela mesma. Devemos nos conscientizar de que apesar sermos incompletos como um almanaque, convém estarmos à procura. Sempre vale a pena darmos uma olhada.
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