Segurança e confiança; como dar a volta por cima
Frustrações pessoais ou profissionais podem abalar a estabilidade de qualquer um. Descubra como pessoas que passaram pela turbulência viraram o jogo
Marleine Cohen
O importante é saber dosar a frustação
e a satisfação
Foto: Dreamstime
e a satisfação
Foto: Dreamstime
Atire a primeira pedra quem nunca se sentiu fraca diante das dificuldades. Viver é isso: um contínuo jogo no qual prevalece ora a frustração, ora a satisfação. "Somos expostos à frustração a partir do dia em que nascemos. Ela faz parte do nosso desenvolvimento e nos acompanha no decorrer da vida adulta", explica o psicólogo Rubens Bragarnich, de São Paulo. Se os obstáculos são inevitáveis, o que interessa é desenvolver a capacidade de reagir.
Segundo Bragarnich, "todo indivíduo tem em potencial - e em diferentes níveis - a capacidade psicológica de aceitar que o seu desejo não será satisfeito e de dar uma resolução interna ao conflito". Passados os sentimentos iniciais de raiva e impotência, o esperado é que se dê a volta por cima. Isso pode demorar mais ou menos, conforme as variáveis de temperamento e o repertório pessoal. "O indivíduo extremamente protegido da experiência das frustrações durante a infância tem mais dificuldade em superar problemas e per manece imaturo. Quem viveu o oposto consegue enfrentar melhor as adversidades", resume o especialista.
Fazer frente a decepções amorosas, hoje, já não assusta tanto a atriz Lara Weber, 21 anos. Ela aprendeu que é possível sobreviver quando tinha 19 anos e foi abandonada por Luiz, um homem nove anos mais velho, com quem viveu uma intensa paixão. Um dia, ele foi apanhá-la na porta da faculdade e sem rodeios lhe disse: "Olhe, não vou te enrolar, não dá mais para ficarmos juntos". O mundo dela ruiu: "Entrei em choque. Ele não me deu nenhuma explicação e eu não conseguia aceitar aquilo. Só chorava.
Perdi a capacidade de pensar, sentia uma imensa dor. Mandei e-mails quilométricos, liguei, nós ainda nos revimos para conversar, mas de nada adiantou", diz. Algum tempo depois, Lara encontrou seu príncipe encantado por acaso na rua, acompanhado - só aí descobriu que havia sido trocada por outra. "E ela era feia", brinca. Hoje, consegue falar do assunto de forma leve, mas na época passou um ano aos prantos. “Minhas notas na faculdade caíram e eu quase perdi a bolsa de estudos. Não queria comer, fiquei doente, nada me interessava”. Para superar a perda, a mãe e os amigos foram fundamentais. "O apoio e o amor que recebi me salvaram da depressão. Chorar e escrever também me ajudou a virar a página. Não posso dizer que não sinto medo de sofrer de novo, mas recuperei a força - eu acredito no amor e na vida, não vou deixar de viver nada em função do medo".
"Reconhece a queda Mas não desanima Levanta, sacode a poeira E dá volta por cima." (Trecho da canção Volta por Cima, de Paulo Vanzolini)
Reconhecer a queda, mas não desanimar: levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima. Esta poderia ser uma definição popular do conceito psicológico de resiliência.
Resiliência é a "habilidade de voltar rapidamente para o seu estado de saúde ou espírito depois de passar por doenças, dificuldades, etc. (Longman Dictionary of Contemporany English - 1995). Em termos gerais, é a habilidade de superar crises e adversidades.
O que faz com que algumas pessoas tenham mais esta habilidade do que outras? Na busca desta resposta, *G. A. Bonanno (2004) pesquisou sobreviventes de campos de concentração nazistas que foram capazes de se manter mentalmente saudáveis, a despeito de tudo o que viveram. Bonnano observou nessas pessoas três tipos de habilidades:
a) Habilidade de compreender os eventos que viveram, e integrar essa compreensão à sua vida como um todo
Por exemplo, se a pessoa está passando por uma situação traumática, como a vivência de ser prisioneiro num campo de concentração, passando fome, frio e maus tratos, caso veja esse sofrimento como sem sentido, ocorrendo num mundo absurdo, cruel, sofrerá muito mais e terá muito mais dificuldade de superar essa vivência traumática. Se, entretanto, essa pessoa possuir uma visão de mundo (por exemplo, um conjunto de crenças religiosas, espirituais ou filosóficas) dentro do qual esse sofrimento adquira algum sentido, ela conseguirá superar esse trauma mais facilmente.
b) A habilidade de dar sentido emocional à vida (sentir que a vida tem significado) e perceber os problemas mais como desafios do que como cargas pesadas
Não basta apenas essa visão compreensiva do mundo, é importante que ela seja realmente sentida e vivida interiormente, só assim contribuirá para a criação de resiliência.
c) A habilidade de usar os recursos de que dispõe para lidar com os problemas da vida
Ao invés de ficar na atitude de "eu não posso fazer nada porque não tenho dinheiro, ou não tenho amigos influentes, ou estudo, etc..." Ou seja, é importante que essa visão do mundo leve a pessoa a uma atitude ativa perante seu ambiente.
Ao conjunto destas três habilidades que contribuem para a criação da resiliência, Bonnano deu o nome de 'senso de coerência'.
Aplicando esse conceito à nossa vida, como está nosso 'senso de coerência' que nos faz mais 'resilientes', ou seja, mais capazes de suportar e superar as crises e adversidades da vida? Temos um conjunto de crenças religiosas, espirituais ou filosóficas que nos ajudam a compreender os fatos que vivemos? Essas crenças são realmente sentidas e vividas interiormente, ou apenas palavras ou rituais exteriores? E essas crenças nos impulsionam a melhorar, progredir, a utilizar os recursos de que dispomos para superar nossos problemas?
*Pesquisa foi publicada em 2004, no The American Psychologist, 59, 20-28, com o título "Loss, trauma, and human resilience: have we underestimated the human capacity to thrive after extremely aversive events?".
Fazer frente a decepções amorosas, hoje, já não assusta tanto a atriz Lara Weber, 21 anos. Ela aprendeu que é possível sobreviver quando tinha 19 anos e foi abandonada por Luiz, um homem nove anos mais velho, com quem viveu uma intensa paixão. Um dia, ele foi apanhá-la na porta da faculdade e sem rodeios lhe disse: "Olhe, não vou te enrolar, não dá mais para ficarmos juntos". O mundo dela ruiu: "Entrei em choque. Ele não me deu nenhuma explicação e eu não conseguia aceitar aquilo. Só chorava.
Perdi a capacidade de pensar, sentia uma imensa dor. Mandei e-mails quilométricos, liguei, nós ainda nos revimos para conversar, mas de nada adiantou", diz. Algum tempo depois, Lara encontrou seu príncipe encantado por acaso na rua, acompanhado - só aí descobriu que havia sido trocada por outra. "E ela era feia", brinca. Hoje, consegue falar do assunto de forma leve, mas na época passou um ano aos prantos. “Minhas notas na faculdade caíram e eu quase perdi a bolsa de estudos. Não queria comer, fiquei doente, nada me interessava”. Para superar a perda, a mãe e os amigos foram fundamentais. "O apoio e o amor que recebi me salvaram da depressão. Chorar e escrever também me ajudou a virar a página. Não posso dizer que não sinto medo de sofrer de novo, mas recuperei a força - eu acredito no amor e na vida, não vou deixar de viver nada em função do medo".
Saiba dar a volta por cima
Por Leonel Vieira"Reconhece a queda Mas não desanima Levanta, sacode a poeira E dá volta por cima." (Trecho da canção Volta por Cima, de Paulo Vanzolini)
Reconhecer a queda, mas não desanimar: levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima. Esta poderia ser uma definição popular do conceito psicológico de resiliência.
Resiliência é a "habilidade de voltar rapidamente para o seu estado de saúde ou espírito depois de passar por doenças, dificuldades, etc. (Longman Dictionary of Contemporany English - 1995). Em termos gerais, é a habilidade de superar crises e adversidades.
O que faz com que algumas pessoas tenham mais esta habilidade do que outras? Na busca desta resposta, *G. A. Bonanno (2004) pesquisou sobreviventes de campos de concentração nazistas que foram capazes de se manter mentalmente saudáveis, a despeito de tudo o que viveram. Bonnano observou nessas pessoas três tipos de habilidades:
a) Habilidade de compreender os eventos que viveram, e integrar essa compreensão à sua vida como um todo
Por exemplo, se a pessoa está passando por uma situação traumática, como a vivência de ser prisioneiro num campo de concentração, passando fome, frio e maus tratos, caso veja esse sofrimento como sem sentido, ocorrendo num mundo absurdo, cruel, sofrerá muito mais e terá muito mais dificuldade de superar essa vivência traumática. Se, entretanto, essa pessoa possuir uma visão de mundo (por exemplo, um conjunto de crenças religiosas, espirituais ou filosóficas) dentro do qual esse sofrimento adquira algum sentido, ela conseguirá superar esse trauma mais facilmente.
b) A habilidade de dar sentido emocional à vida (sentir que a vida tem significado) e perceber os problemas mais como desafios do que como cargas pesadas
Não basta apenas essa visão compreensiva do mundo, é importante que ela seja realmente sentida e vivida interiormente, só assim contribuirá para a criação de resiliência.
c) A habilidade de usar os recursos de que dispõe para lidar com os problemas da vida
Ao invés de ficar na atitude de "eu não posso fazer nada porque não tenho dinheiro, ou não tenho amigos influentes, ou estudo, etc..." Ou seja, é importante que essa visão do mundo leve a pessoa a uma atitude ativa perante seu ambiente.
Ao conjunto destas três habilidades que contribuem para a criação da resiliência, Bonnano deu o nome de 'senso de coerência'.
Aplicando esse conceito à nossa vida, como está nosso 'senso de coerência' que nos faz mais 'resilientes', ou seja, mais capazes de suportar e superar as crises e adversidades da vida? Temos um conjunto de crenças religiosas, espirituais ou filosóficas que nos ajudam a compreender os fatos que vivemos? Essas crenças são realmente sentidas e vividas interiormente, ou apenas palavras ou rituais exteriores? E essas crenças nos impulsionam a melhorar, progredir, a utilizar os recursos de que dispomos para superar nossos problemas?
*Pesquisa foi publicada em 2004, no The American Psychologist, 59, 20-28, com o título "Loss, trauma, and human resilience: have we underestimated the human capacity to thrive after extremely aversive events?".
FONTE: http://radialistaediziolimaedizio.blogspot.com.br/2012/08/seguranca-e-confianca-como-dar-volta.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário