Memorial das Ligas Camponesas do Brasil Francisco
Julião
Agassiz Almeida: Os condenados
da Terra deram um grito de libertação; nós não seremos mais escravos de ninguém.
Com a participação de várias entidades defensoras dos direitos humanos,
destacadamente o MST, Fetape, Comissão Pastoral da Terra, Grupo Tortura Nunca
Mais, Associação dos Anistiados Políticos, Centro de Direitos Humanos do
Ministério Público, Centro de Direitos Humanos de Pernambuco, e de
personalidades históricas que vivenciaram as lutas camponesas e resistiram à
Ditadura Militar, por eles próprios ou por seus representantes, dentre os quais, Francisco Julião, Agassiz
Almeida, Gregório Bezerra, Clodomir Moraes, Edval Cajá, Abelardo da Hora, Zito
da Galileia, foi instalado recentemente nas terras do antigo engenho da
Galileia, Vitória de Santo Antão-PE, o
Memorial das Ligas Camponesas do Brasil Francisco Julião.
Abriu o histórico acontecimento, assistido por
centenas de camponeses, o leader comunitário Zito da Galileia, neto de Zezé da
Galileia, um dos fundadores, em 1955, da primeira liga camponesa do Brasil,
denominada Sociedade Agrícola e Pecuária de Pernambuco. Logo após, discursou o pe.
Tiago, que acentuou o trabalho da
Comissão Pastoral da Terra em defesa dos camponeses, desde o arcebispado de Dom
Hélder Câmara, em Pernambuco.
Agradecendo as homenagens ao seu pai, com a
denominação daquele Memorial com o nome de Francisco Julião, destacou Anacleto
Julião: Os camponeses do Brasil sofreram sempre desde a colonização brutal
opressão e exploração amargando no curso
dos séculos um total abandono dos poderes
públicos. Este Memorial, que ora inauguramos, representa, sem dúvida, um
reconhecimento histórico a todos os que lutaram ao lado dos camponeses.
Com a palavra o sociólogo Edval Cajá: É preciso que a
Comissão da Verdade, Memória e Justiça alcance nos seus trabalhos os crimes
brutais que sofreram os camponeses durante a ditadura militar.
Por fim, usou da palavra o escritor e ex-deputado
constituinte Agassiz Almeida: 58 anos nos separam do dia 1° de janeiro de 1955,
quando aqui, nesta região da Galileia, Francisco Julião, Clodomir Morais, Zezé
da Galileia e um punhado de bravos camponeses fundaram a primeira liga camponesa do Brasil.
Que história marcamos no curso destes anos? Que desafios
enfrentamos? Atravessamos a sombria noite de 21 anos de ditadura militar quando
muitos companheiros foram torturados, mortos e centenas deles desaparecidos.
Onde estão os
criminosos dos delitos de lesa humanidade? Estão por ai desfilando cinicamente
e afrontosamente os seus crimes monstruosos
. Quantos camponeses foram assassinados pela
sanha do militarismo ? Mortos, eles deixaram os seus legados nas areias do
tempo
Com a criação deste Memorial, prestamos um tributo a todos eles, que
tombaram no chão da história.
Foi daqui, há
58 anos, desta Galileia, que partiu o
grito de libertação dos milhões de camponeses do Brasil.
Foi daqui, que os camponeses bradaram
ao mundo: Nós não seremos mais escravos de ninguém.
Foi daqui, que
um enorme grito ecoou: nós camponeses existimos e vamos para a luta.
Os
condenados da Terra, explorados por todos os tipos de latifúndio não viviam ,
vegetavam no eito da cana de açúcar, nas minas de cobre no Chile, e nos
bananais do Caribe. Eles quebraram os grilhões da servidão, quando há mais de
meio século fundaram a Liga Camponesa da Galileia.
Olhemos
para a saga destes condenados da Terra pelos séculos adentro, no Brasil. O que
conquistaram? Um arremedo de reforma agrária em que se negociam nos balcões dos
poderes públicos compras e transações de terras. Isto não é reforma agrária,
mas negócio agrário.
Acompanhei a
trajetória de Francisco Julião como leader político, como um homem de letras e fui
dele companheiro de cárcere quando juntos estivemos presos na 2° Cia de Guardas,
em Recife.
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Bom dia!!
Segue anexo artigo.
Abraços,
Jorge Brito
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