'Preconceito bate na porta e volta', diz bailarino nascido em Recife.
Aula de high heel trabalha postura das mulheres em cima de salto alto.
Isabella CalzolariDo G1 DF
Para ensinar as alunas a dançarem como a cantora Beyoncé, um professor de academia de Brasília decidiu subir em um salto de 12 centímetros e dar aula de uma modalidade ainda pouco conhecida na capital federal – o high heel. Natural de Recife, Gustavo Oliveira, de 26 anos, mudou há dois meses para Brasília com a intenção de fazer com que a novidade realce o lado “diva” das mulheres e as ajude a ter postura em cima de um salto alto.
O high heel é conhecido nas academias e estúdios dos Estados Unidos, onde foi criado. A modalidade é parecida com o stiletto – outra modalidade de dança praticada sobre salto alto –, mas é menos técnico e não exige que as interessadas em praticar a dança sejam profissionais ou tenham experiência.
A aula dura uma hora e é realizada três vezes por semana em uma academia na 110 Sul. Além de Beyoncé, Oliveira e as alunas fazem coreografias em cima do salto com músicas de outras divas americanas, como Lady Gaga, Cher e Christina Aguilera, e as brasileiras Anitta e Ludmilla.
Engajado em projetos sociais desde criança, o professor afirma que começou a pensar na modalidade depois de chegar à conclusão de que as mulheres atualmente vivem tão corridas que não têm tempo “de ser mulher”.
“Elas colocam tênis para trabalhar, para ir para a escola, para ir ao shopping e se esquecem do salto e de ser mulher”, afirmou. “A minha ideia de fazer em uma academia fitness é trazer a feminilidade de cada uma delas de volta. Dizem que para a mulher o poder começa em um salto, e para um homem, um aperto de mão e um relógio grande mostram a masculinidade.”
Oliveira afirma que o high heel trabalha respiração, torneamento de glúteo, perna, panturrilha e abdômen. A aula começa pelo básico e depois trabalha um pouco da sensualidade da mulher. “Cada uma delas é diva. No momento em que colocam o salto e entram na minha sala, a transformação delas é outra, o olhar delas no espelho para elas próprias é outro”, declarou.
A estudante Camilla Milanez, de 22 anos, faz a aula há dois meses. Ela afirmou que estava cansada da rotina da musculação quando decidiu começar a dançar. “O esforço é o mesmo de uma musculação, de uma esteira. Notei diferença na minha postura”, disse. “Você estimula seu lado Beyoncé, de poder, de mulher. Não é só o dançar, tem todo um trabalho de corpo e que a gente acaba levando para o dia a dia. Muda um pouco a postura, o jeito de ser.”
Bailarino desde os 10 anos e acostumado a dançar de salto, o professor não teme o preconceito. “O preconceito para mim bate na porta e volta. O que eu faço pela arte eu faço por amor. Eu acho que em primeiro lugar para eu colocar um salto eu tenho que ser 20 vezes homem, porque eu sei que não é fácil”, disse.
“O preconceito ficou para as pessoas que não conseguiram evoluir como seres humanos. Se eu coloco um salto para fazer arte e para dançar eu vou fazer porque eu amo isso e é o que eu sei fazer melhor.”
A estudante Fernanda Matta, de 23 anos, afirmou que a aula a ajudou com a timidez. “Eu sou muito tímida e não costumava a andar de salto. Agora toda vez que vou sair quero andar de salto porque é muito bom. Ele [o professor] ensina a gente a andar direitinho, ter postura, até dançar melhor, se soltar, ser você mesma”, disse.
O professor considera que a cantora Beyoncé serve de espelho para as alunas por ser uma artista completa. “Ela dança, canta, é mãe. No momento em que ela se tornou mãe realmente eu decidi que ela seria minha base.”
O coordenador-geral da academia, Jaci Sanches, afirmou que o projeto tem animado as frequentadoras do estabelecimento. "É uma aula nova que está fazendo muito sucesso. A dança é benéfica para a saúde, para a mente", disse.
"Às vezes você sai de um trabalho estressante e chega e esquece tudo. É uma atividade aeróbica muito boa para a queima de gordura." Ele disse que a academia já estuda ampliar a modalidade para outras unidades da capital federal.
FONTE: http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2015/06/com-salto-de-12-cm-professor-ensina-alunas-no-df-dancar-como-beyonce.html
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