. |
A esperança tornou-se engenheira de uma obra que ruiu. 2019 marca o triunfo do cinismo e do ódio nestes tristes trópicos. O brasileiro médio, treinado e domesticado pelas fantasias estadunidenses de consumo e prosperidade, e aliviado com uma vitória de quem ele mal conhece sobre "ameaças" que ele mal consegue formular, nem sequer consegue perceber que lhe roubaram a autonomia, a privacidade, o discernimento.
CONTINUE LENDO...
Palhaço trágico, o "cidadão de bem" seguirá alheio, à concretude e à complexidade da vida; alheio ao outro, a si mesmo. Não poderá nem mesmo cuidar de seus sentimentos, terceirizado que está em sua fé (franqueada aos canastrões e canalhas do ramo) e seus desejos (embotados por produtos culturais ultraprocessados, lineares e redundantes). País nenhum pode ser construído à base da indiferença; a barbárie sim.
A estética determina nosso imaginário e nossa sensibilidade; e a estética que alimenta o brasileiro deixou de ser aquela voltada para a celebração e para a afirmação da vida. Tornou-se a estética restrita do consumo e da morte. Como nos ensina Leonidas Donskis, aquela morte silenciosa e eficaz operada pela tecnocracia implacável do grande capital, para onde a economia transferiu seus mecanismos de força e dominação - sem, no entanto, deixar de manter de sobreaviso os tanques e fuzis de praxe.
Viveremos a partir de 1 de janeiro de 2019 essa morte imensa, sem direito a lamento nem dor, que o medo e o cinismo fecharam as portas da nossa percepção. O Brasil termina hoje. Aqui e agora. Celebremos o que nos resta de país nessas últimas horas. A partir de amanhã, haverá apenas o cheiro de carne podre de uma República cronicamente inviável. E, sobre ela, as moscas da religião, da grana e da política regurgitando mentiras, violência e ódio. É chegado o tempo da farsa.
Palhaço trágico, o "cidadão de bem" seguirá alheio, à concretude e à complexidade da vida; alheio ao outro, a si mesmo. Não poderá nem mesmo cuidar de seus sentimentos, terceirizado que está em sua fé (franqueada aos canastrões e canalhas do ramo) e seus desejos (embotados por produtos culturais ultraprocessados, lineares e redundantes). País nenhum pode ser construído à base da indiferença; a barbárie sim.
A estética determina nosso imaginário e nossa sensibilidade; e a estética que alimenta o brasileiro deixou de ser aquela voltada para a celebração e para a afirmação da vida. Tornou-se a estética restrita do consumo e da morte. Como nos ensina Leonidas Donskis, aquela morte silenciosa e eficaz operada pela tecnocracia implacável do grande capital, para onde a economia transferiu seus mecanismos de força e dominação - sem, no entanto, deixar de manter de sobreaviso os tanques e fuzis de praxe.
Viveremos a partir de 1 de janeiro de 2019 essa morte imensa, sem direito a lamento nem dor, que o medo e o cinismo fecharam as portas da nossa percepção. O Brasil termina hoje. Aqui e agora. Celebremos o que nos resta de país nessas últimas horas. A partir de amanhã, haverá apenas o cheiro de carne podre de uma República cronicamente inviável. E, sobre ela, as moscas da religião, da grana e da política regurgitando mentiras, violência e ódio. É chegado o tempo da farsa.
Postado por Felipe Araújo
Nenhum comentário:
Postar um comentário