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segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Bienal vende mais de 4 milhões de livros no Rio

Fernando Frazão/Agência Brasil
Terminou ontem (8) a 19ª edição da Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro. Nos dez dias de evento, passaram pelo Rio Centro, na zona oeste da cidade, mais de 600 mil pessoas e foram vendidos mais de 4 milhões de livros, dos 5,5 milhões disponíveis. Na edição anterior do evento, em 2017, foram 3,6 milhões de livros vendidos e público de 680 mil pessoas.

Segundo os organizadores, a bienal é reconhecida como o maior evento literário do país e contou com mais de 300 autores do Brasil e de outros países, além de dezenas de artistas, acadêmicos, filósofos, cientistas, lideranças religiosas, movimentos sociais, ativistas e youtubers, que participaram de palestras, debates e bate-papo com o público.

A diretora-geral do evento, Tatiana Zaccaro, destaca que a média de vendas superou a edição de 2017, passando de 100% de aumento em algumas editoras. Ela atribuiu o sucesso ao ambiente cultural e de discussões de qualidade proporcionado pelo evento.

“As curadorias dos espaços foram incessantes propondo os melhores temas, buscando os melhores autores e personagens. O espaço infantil foi um sucesso, o Café Literário teve todas as sessões praticamente lotadas e a Arena #SEMFILTRO causou um alvoroço, consolidando a Bienal como o maior programa cultural e o mais diverso do país”.

Entre os temas discutidos na bienal este ano estiveram a felicidade, democracia e autoritarismo, meio ambiente, fé, empoderamento, fake news, escravidão, ciências e diversidade. As sessões foram gravadas e podem ser vistas no site.

Censura e manifestações

A 19ª edição da Bienal Internacional do Livro foi marcada pela tentativa de censura de livros de temática LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) por parte da prefeitura do Rio de Janeiro. Na quinta-feira (5) o prefeito Marcelo Crivella determinou o recolhimento da obra Os Vingadores  A Cruzada das Crianças, um quadrinho de super-heróis da editora norte-americana Marvel, em que uma cena mostra um beijo entre dois homens.

A prefeitura nega que tenha havido tentativa de censura ou homofobia e que apenas determinou que a revista fosse lacrada em material opaco e colocada uma advertência sobre conteúdo impróprio para menores de idade. Porém, o prefeito aparece em vídeo determinando o recolhimento da obra e a prefeitura notificou os organizadores que apreenderia o livro que não estivesse lacrado e com a advertência. Fiscais da prefeitura chegaram a comparecer à bienal na sexta-feira e no sábado, mas não apreenderam nenhum material. Após a declaração do prefeito, a revista esgotou em 40 minutos.

Na sexta-feira os organizadores da Bienal pediram na Justiça o direito de comercializar obras literárias de qualquer temática e foram atendidos pelo desembargador da 5ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), Heleno Pereira Nunes. A prefeitura recorreu e conseguiu uma decisão no sábado (7) do presidente do tribunal, Claudio de Mello Tavares, para recolher obras que tratem de temas LGTB “de maneira desavisada” para crianças e jovens.

O caso chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) no domingo (8). Pela manhã, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu à suprema corte a suspensão da decisão judicial do TJRJ e foi atendida pelo presidente do STF, ministro Dias Toffoli. Também ontem, o ministro do STF Gilmar Mendes determinou a suspensão da decisão do TJRJ, atendendo a pedido de mandado de segurança dos organizadores da Bienal.
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