EU AMO A VIDA
@Aldaléia Aquino
Eu amo a vida
em cada manhã que nasce,
risonha,
iluminada,
recebendo o beijo quente
de um sol bem novinho,
todo de ouro,
e no tom misterioso e triste
de uma tarde que morre!
Amo-a na beleza das rosas,
na maciez das suas pétalas,
no sabor do seu perfume,
e a aspereza do cactus,
com os seus espinhos,
sua arma,
sua defesa!
Eu amo a vida
no queixume suave do regato,
na ternura do seu abraço co'as pedras,
em plena floresta,
escondidinho,
humilde,
caminhando sempre,
sem parar,
e na bravura misteriosa do oceano,
indo e voltando,
continuamente,
e mostrando ao mundo
o poder d'Aquele que o fez!
Amo a vida no olhar puro da criança,
e na expressão sombria e triste
dos olhos da velhice,
olhar que já passou,
conquistou,
sorriu,
e hoje chora lágrimas,
talvez de saudade...
Um olhar que olhou distâncias...
e se perdeu no mundo dos sonhos...
Sim,
o olhar cansado da velhice,
talvez bem próximo do olhar de Deus!
Eu amo a vida,
no sorriso e na lágrima,
na música e na poesia!
Eu quero bem à vida,
na borboleta que voa
e na abelha que nos dá o mel!
Amo-a no gorjeio do rouxinol,
no assobio da cigarra,
no pio da juriti!
Eu amo a vida
no tilintar da chuva no telhado,
em noites de inverno,
e na gota de orvalho,
brilhante,
frágil e tímida,
adormecida na folha da roseira.
Amo-a no grão de areia,
pisado e esquecido,
e na montanha altaneira,
orgulhosa e bela!
Amo-a, sim,
em cada estrela do céu!
Eu quero bem à vida,
na figura forte e generosa de uma mãe
e na presença nobre e poderosa de um pai!
Eu a amo em tudo!
Em mim e em você,
que é meu irmão,
com qualquer coisa de mim.
Em você,
que foi meu mestre,
o meu cicerone
nos caminhos da instrução!
Quero-a muito em você,
meu colega de trabalho.
Eu quero bem à vida
nas mãos pretas e magras
dos que esmolam pelas ruas
e nas mãos sagradas do sacerdote
que eleva o Corpo de Cristo
na Hóstia do altar!
Eu amo a vida,
afirmação autêntica
do poder de Deus!
Amo-a por ser boa e cruel,
amarga e doce,
alegre e triste!
Amo-a também em você!
Eu amo a vida,
neste sentimento profundo
que guardo no claustro da minha alma.
Eu a amo em tudo!
Até mesmo nesta saudade enorme
que chora dentro de mim,
e que não morre,
porque o amor não morreu!
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DESCOBERTA
Caminhei descalça
Pelas ruas da vida
E sangrei meus pés,
Em busca de que?
Sonhei,
Adormeci ao balanço
inebriante
Da ilusão.
Da procura,
Do desejo.
Busquei
No mistério infinito
A certeza da verdade.
Do infalível,
Do real.
Briguei, de alma limpa,
Pelos meus ideais.
Até chorei
E sorri ao sabor do amor,
Apalpando a felicidade
Com minhas mãos,
Com meus lábios,
Quando me fiz mulher,
Quando me fiz mãe,
Quando pari!
*Adelino dedicou esta poesia a esposa
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