A crença de que, se pudermos encher a vida de coisas, pessoas e acontecimentos, teremos realizado o objetivo da vida e atingido a
felicidade, é o erro que tanto escora a atividade social dos modernos povos ocidentais.
Equivocados no tocante à natureza de seu verdadeiro bem, o fim de todos nossos esforços é, inevitavelmente, a frustração, o descontentamento ou a
desilusão. Nem uma multidão de coisas – por mais úteis ou mecânicas que sejam - nem uma multidão de pessoas – por mais ricas ou importantes que sejam – serão suficientes para dar ao coração o que este realmente, embora inconscientemente, procura.
Os que têm coisas para viver em quantidade suficiente poderão, durante algum tempo, sentir-se satisfeitos consigo mesmos e com o mundo externo, mas isso será apenas por algum tempo. Outros estão correndo de uma satisfação para outra diferente, começando cada experiência com a patética ilusão de que será a definitiva, mas terminando com o pesaroso conhecimento de que não o é.
Mas aqueles que sofreram frustrações, privações e infortúnios, cujas esperanças morreram e cuja coragem acabou, cuja decepção é profunda e permanente, poderão querer escapar de si mesmos ou do mundo. São eles os que mais frequentemente têm ouvidos para ouvir e ouvem a voz da antiga sabedoria mais prontamente.
Como poderão as pessoas conhecer a
paz interior quando sucumbem, continuamente, às sugestões vindas de todos os cantos para aumentar seus desejos? Abaixo de um certo máximo e acima de um certo mínimo de posses, não existe nenhuma necessidade delas.
A paz interior só é possível àqueles que desprezam não somente a pobreza do pauperismo, mas também as riquezas da superfluidade. A complexidade da vida moderna fez que suas vítimas perdessem a capacidade de discriminar entre o que é meramente supérfluo e o que é realmente indispensável.
O melhor que procuramos está ao alcance de nossa mão, porque o
Eu Supremo está dentro de nós mesmos. Pode ouvir-nos a prece sincera e pode conceder-nos sua graça benigna. Quando reconhecemos humildemente que nossas forças são limitadas e nossas luzes são fracas, e nos arrojamos aos pés do poder superior, buscando comunhão com ele e rogando-lhe que nos guie, chamamos em nosso auxílio seus recursos, bem maiores.
No entanto, a resposta a esses rogos pode não chegar imediatamente, mas sim através dos meses ou dos anos, que talvez tenhamos de esperar um pouco enquanto nossas súplicas perseverantes nos saem do coração.
Paul Brunton
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