REFORMA MINISTERIAL
Dilma convoca Cid Gomes e outros 12 nomes para o primeiro escalão
24.12.2014
Ainda falta a nomeação de 22 ministros. A lista completa deve ser divulgada na próxima segunda-feira (29)
O governador Cid Gomes foi anunciado oficialmente, ontem, pela presidente Dilma Rousseff como o novo ministro da Educação após semanas de especulação. O cearense será o quarto a assumir a Pasta na gestão da petista. Antes, Fernando Haddad, Aloizio Mercadante e Henrique Paim, atual ocupante do cargo, chegaram a ficar à frente do Ministério no primeiro mandato.
Além de Cid, outros 12 nomes do primeiro escalão do Governo foram anunciados ontem pela presidente. Entre os ministros que atuarão no segundo mandato da petista estão ainda o governador da Bahia, Jaques Wagner, o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), o senador Eduardo Braga (PMDB-AM), o ex-deputado federal Eliseu Padilha (PMDB-RS), Helder Barbalho (PMDB-PA), Edinho Araújo (PMDB-SP), o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP), o deputado federal George Hilton (PRB-MG), Valdir Simão (sem partido) e Nilma Lino Gomes (sem partido). Dilma também confirmou a permanência no primeiro escalão do ministro do Turismo, Vinícius Lages (PMDB).
A expectativa é de que a nova formatação da Esplanada dos Ministérios seja concluída na segunda-feira (29). A posse dos ministros está marcada para o dia 1º de janeiro.
O convite formal feito a Cid Gomes ocorreu ainda durante a manhã, em Brasília, mas o anúncio oficial foi somente à noite, enquanto o governador já ocupava há quase três horas a tribuna da Assembleia Legislativa para fazer um balanço dos oito anos à frente do Governo do Estado.
Logo após a confirmação, um assessor e também o chefe de gabinete, Danilo Serpa, avisaram ao presidente do Legislativo, Zezinho Albuquerque (Pros), para anunciar ao plenário da Casa. Depois da intervenção, todos aplaudiram e, somente após a oficialização, Cid detalhou como foi o processo.
"Falei com ela hoje pela manhã e ela formalizou o convite. Em outra oportunidade já havia dito para ela que eu não negaria jamais um convite, uma solicitação partindo dela. Tenho grande respeito pela presidente Dilma, acho uma pessoa super bem intencionada, firme, de compromisso. Ela ratifica que o desafio mais importante do nosso País está na área da educação", ressaltou Cid Gomes.
O governador afirmou que a opção mais cômoda para a família dele seria ir para o Estados Unidos trabalhar no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), mas alegou que era preciso colocar a Pátria acima de qualquer outro interesse. "Podem ter certeza que, pessoalmente, para minha família, seria muito mais cômodo passar uma temporada fora e até descansar nesses anos. Mas acho que acima de tudo a gente deve colocar nossa Pátria. Esse é o meu sentimento. Vamos encarar o desafio, procurando ouvir muito, procurar o que há de melhor na inteligência no Brasil para que a gente possa alcançar o objetivo de melhorar a qualidade da educação pública do nosso País", pontuou o governador.
Destino alterado
Em entrevista ao Diário do Nordeste publicada na segunda-feira passada, o governador reafirmou o interesse em ir para o Estados Unidos até para ter mais tempo com a família ao lembrar que, durante os oito anos à frente do Governo do Estado, teve pouco tempo para conviver principalmente com o primeiro filho, que não mora com ele e já está na fase da adolescência.
O governador adiantou que tentará iniciar um processo de transição durante os próximos dias, mas assegurou que a prioridade será dada às ações finais do Governo do Estado. "Eu sou governador do Estado do Ceará até 31 de dezembro. A presidenta me fez hoje o convite e eu aceitei pelo desafio que isso significa. Agora, eu estou com uma agenda intensa de fim de governo e essa que é a prioridade", frisou Cid. Ele revelou também que quer conversar novamente com a presidente e com o atual ocupante do cargo, Henrique Paim, para preparar a transição. Durante os próximos dias, ele deve se reunir com especialistas para ouvir sugestões voltadas à Educação. "Eu vou procurar ao longo dos próximos dias me cercar de opiniões e voluntários que queiram me ajudar. Quem tiver sugestão na área da educação, me dê que será muito bem-vindo", disse Cid. Ele adiantou que o ensino médio deve ser prioridade. "O ensino médio é o que está evoluindo com menor intensidade. Portanto, demandará uma atenção especial", disse.
Presidente dá força ao aliado PMDB
Brasília. A presidente Dilma Rousseff definiu uma equipe de ministros com maior influência no Congresso Nacional e consagrou a hegemonia do PMDB sobre o setor de infraestrutura.
Com o desenho de boa parte do futuro time, o PT perde espaço na Esplanada dos Ministérios e lulistas devem ficar de fora dos gabinetes do Palácio do Planalto. Dilma anunciou ontem o destino de 13 pastas do Executivo, acomodando peemedebistas em seis ministérios: Agricultura, Pesca, Turismo, Aviação Civil, Portos e Minas e Energia.
A legenda ganhou em volume e qualidade, pois controlava cinco pastas e conseguiu trocar Previdência Social por Portos, que possui maior visibilidade política. Dilma atendeu a uma antiga reivindicação da sigla, dividindo o espaço entre três nomes da Câmara e três do Senado.
O objetivo do Planalto com as indicações é ampliar sua interlocução com o Legislativo, uma das grandes dores de cabeça do primeiro mandato de Dilma. Uma base congressista mais afinada é artigo estratégico para enfrentar desafios a partir do próximo ano.
Apesar das chances de emplacar Ricardo Berzoini nas Comunicações para, com ele, tentar viabilizar o projeto de regulação da mídia, o PT perde, depois de 12 anos, a Educação.
O partido já tinha ficado sem o Ministério da Fazenda com a indicação de Joaquim Levy, deixando a sigla de fora do comando da economia pela primeira vez desde o governo Lula. O petista Jaques Wagner (PT-BA), outro governador em fim de mandato, terá o destino que desejava, a Defesa.
De lá, tentará auxiliar a presidente em questões políticas integrando a chamada coordenação de governo, seleto grupo de assessoramento da presidente.
Dilma buscava construir um governo de "notáveis", mas acabou conseguindo atrair menos pesos pesados do que esperavam auxiliares.
Ela, contudo, terá agora mais representantes de destaque do que contava no primeiro mandato. Terá a seu lado, além de Cid e Jacques, que conseguiram eleger seus candidatos à sucessão em seus Estados, Kátia Abreu (Agricultura), Gilberto Kassab (Cidades), Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento). A partir do próximo ano, haverá ainda mais densidade na equipe econômica, principal mudança.
Lulistas
O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva deve ficar sem representantes de sua confiança no Palácio do Planalto.
Além da possível troca de ministério de Berzoini, Gilberto Carvalho deixará a Secretaria-Geral, dando lugar a Miguel Rossetto. O petista Pepe Vargas, da mesma corrente ideológica de Rossetto, é cotado para a pasta de Relações Institucionais, ocupada por Berzoini.
A lista divulgada ontem pela presidente só foi possível após intensas negociações e até reclamações públicas sobre a dificuldade de se escolher os titulares das pastas.
Reitora da Unilab será ministra
Brasília/Redenção. Outro nome com atuação no Ceará, que comporá o novo ministério da presidente Dilma Rousseff em 2015 é o de Nilma Lino Gomes. Ela é mineira, de Belo Horizonte, mas tem atuação no Estado, desde o ano passado.
Nomeada para ocupar a Secretaria de Política de Promoção da Igualdade Racial, Nilma foi a primeira mulher negra a assumir a reitoria de uma universidade federal no País. Em abril de 2013, ela foi empossada reitora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), com sede na cidade cearense de Redenção.
A futura ministra não é filiada a nenhum partido. Nilma é pedagoga, graduada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde também fez o mestrado em educação.
Ela tem doutorado em ciências sociais pela Universidade de São Paulo e pós-doutorado, em sociologia, pela Universidade de Coimbra (Portugal).
Entre 2004 e 2006, presidiu a Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN) e desde 2010 integrou a Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, onde participou da comissão técnica nacional de diversidade para assuntos relacionados à educação dos afro-brasileiros.
Alan Barros
Repórter
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