CPI DA PETROBRAS
Relatório não pede indiciamentos
11.12.2014
Em documento final, relator Marco Maia sugere somente o 'aprofundamento' das investigações
Brasília Após quase sete meses de funcionamento, a CPI mista destinada a investigar a corrupção na Petrobras teve seu relatório apresentado ontem pelo deputado governista Marco Maia (PT-RS). O documento tem 903 páginas, mas não propõe indiciamento de envolvidos no escândalo, como políticos e empresários, delegando a outras autoridades pedidos de punição. O calhamaço ainda livra a presidente Dilma Rousseff de responder por supostas irregularidades na gestão da estatal.
O texto não foi aprovado. Sua votação ficou para a próxima quarta (16), quando a oposição promete apresentar um relatório "alternativo" que pedirá, inclusive, o indiciamento de Dilma. O impasse entre governistas e oposicionistas pode fazer com que a comissão termine sem um relatório final aprovado - a CPI termina, obrigatoriamente, em 22 de dezembro. A oposição promete trabalhar para abrir outra comissão sobre a Petrobras no próximo ano.
Para Maia, o preço pago pela Petrobras na compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, estava dentro do praticado pelo mercado, mesmo que tenha havido pagamento de propina, como afirmou o delator do esquema e ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Segundo ele, o "suposto prejuízo", calculado pelo Tribunal de Contas da União em US$ 792 milhões, "precisa ser reavaliado".
Pasadena
A compra de Pasadena trouxe Dilma para o centro do escândalo, levando a criação de duas CPIs no Congresso. Em março, a presidente encaminhou nota dizendo ter se embasado em um resumo "falho" do ex-diretor Nestor Cerveró para aprovar parte da compra, quando presidia o Conselho de Administração da estatal em 2006.
"Boa parte do relatório se ocupa de explicar o inexplicável", protestou o deputado Enio Bacci (PDT-RS), referindo-se à compra da refinaria. "Em relação à Pasadena, vamos ter que fazer um debate", disse Maia.
O relatório diz que "corrobora" com procedimentos de indiciamentos e denúncias adotados na esfera judicial. Mas recomenda somente o aprofundamento das investigações. Os alvos dessas apurações devem ser 52 pessoas elencadas no relatório. O grupo inclui algumas pessoas já investigadas, como Paulo Roberto Costa, e outras que ainda não são alvo de nenhuma apuração, como a ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire Posa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário