Dados revelam que latinos são o grupo mais sub-representado; pelo segundo ano consecutivo não há nenhum negro concorrendo nas categorias de atuação, o que motivou críticas de artistas e ativistas
Atores negros estão, em média, levemente sub-representados no cinema dos Estados Unidos.
Mas há ainda outro grupo que talvez esteja ainda em maior desvantagem que os latinos e os asiáticos.
FONTE: Jornal Floripa
Indicados nas categorias de atuação; ausência de diversidade racial despertou críticas (Foto: BBC/Divulgação) |
Os vencedores de todas as categorias de atuação da 88ª edição do Oscar, que ocorre neste domingo, serão brancos.
Isso porque, pelo segundo ano consecutivo, todos os indicados a Melhor Ator, Atriz, Ator Coadjuvante e Atriz Coadjuvante são brancos.
Desde a divulgação da lista de concorrentes ao principal prêmio do cinema mundial, esse tem sido um motivo de controvérsia.
Há muitas críticas sobre o fato de nomes como Michael B. Jordan, do bem-sucedido blockbuster Creed – Nascido para Brilhar, Idris Elba, que interpreta um carismático líder militar no filme sobre crianças-soldados Beasts of No Nation, da Netflix, e Will Smith, que estrela o longa Um Homem Entre Gigantes, só para citar alguns exemplos, tenham sido ignorados pela Academia.
Esses críticos apontam a composição do grupo de votantes como uma possível razão para a falta de reconhecimento das interpretações de atores e atrizes afro-americanos.
Dos 6 mil membros habilitados a votar, 94% são brancos.
A polêmica levou nomes importantes do showbiz – entre eles o cineasta Spike Lee e a atriz Jada Pinkett Smith (mulher de Will Smith) – a anunciarem um boicote à premiação deste domingo.
Além disso, uma campanha nas redes sociais reclama dessa falta de diversidade nas nomeações usando a hashtag #OscarsStillSoWhite (“#OscarsAindaTãoBrancos”, em tradução literal), reconstruindo a #OscarsSoWhite (“OscarsTãoBrancos”) popularizada no ano passado.
Será, porém, que essa é uma crítica justa? No passar dos anos, quanto o Oscar têm refletido da diversidade racial americana? Trata-se de uma premiação racista? Ou será que apenas reflete a composição da indústria cinematográfica?
Idris Elba em 'Beasts of no Nation'; ator foi considerado 'ignorado' pela Academia (Foto: BBC/Netflix)
A Universidade do Sul da Califórnia divulga anualmente um estudo que reflete a diversidade étnica e de gênero no cinema americano e no Oscar
Para isso, o estudo analisa a proporção de atores, diretores e outros profissionais de diferentes origens étnicas. Com a série histórica de 2006 a 2013, é possível ter um retrato de quão Hollywood têm refletido, ao menos neste século, essa diversidade.
Os resultados talvez sejam surpreendentes.
Latinos e asiáticos sub-representados
Atores negros estão, em média, levemente sub-representados no cinema dos Estados Unidos.
Uma análise dos prêmios já concedidos pelo Oscar desde 2000 mostra que pouco mais de 9% das indicações foram para eles, que hoje representam 12,6% da população americana, segundo o Census Bureau.
É certamente verdade que atores brancos estão super-representados quando o assunto são as indicações – o grupo que corresponde a 62% da população recebeu 88% das vagas nas disputas desde 2000, e 95% em todo o século passado. Mas não necessariamente isso ocorre às custas dos colegas de trabalho negros.
O fato é que a população latina é que é dramaticamente sub-representada na indústria cinematográfica.
Embora diretores como Alfonson Cuarón (vencedor por Gravidade) e Alejandro González Iñárritu (que levou no ano passado por Birdman ou A Inesperada Virtude da Ignorância e concorre de novo por O Regresso) tenham sido premiados recentemente, latinos foram indicados a prêmios de atuação apenas sete vezes – 2% do total de vagas – desde 2000, embora esse grupo corresponda a 17% da população dos Estados Unidos, segundo os dados oficiais.
O dado não inclui atores espanhóis, como Javier Bardem (indicado três vezes) e Penelope Cruz (duas).
Nenhum ator latino ganha um Oscar desde 2000, quando Benicio del Toro levou uma estatueta (se desconsiderarmos a queniana Lupita Nyong’o, nascida no México, vencedora em 2014 por 12 Anos de Escravidão).
Isso talvez ocorra porque apenas 5,8% de todos as papéis com falas foram destinados a atores latinos, segundo o estudo da Universidade do Sul da Califórnia, que analisou 109 filmes lançados pelos maiores estúdios em 2014.
Americanos de origem asiática têm um destino parecido. Segundo o Census Bureau, eles são 5% da população, mas mais da metade dos principais lançamentos de Hollywood no ano passado não tem personagens com falas asiáticos ou americanos com essa origem, aponta o estudo da universidade.
A questão do gênero
Mas há ainda outro grupo que talvez esteja ainda em maior desvantagem que os latinos e os asiáticos.
E talvez isso seja ainda mais surpreendente, uma vez que não se trata de uma minoria que está nessa situação, mas sim a maioria.
Mulheres são hoje por volta de 51% da população dos Estados Unidos, mas conseguiram apenas cerca de 30% dos papéis nos principais longas lançados por Hollywood, segundo o estudo da Universidade do Sul da Califórnia, que analisou os 600 filmes com melhor bilheteria entre os anos de 2007 e 2013.
FONTE: Jornal Floripa
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