JORNAL DO BRASIL
Centrais sindicais e movimentos sociais celebram neste domingo (1º), na periferia de Fortaleza, o Dia do Trabalho. Os grupos caminham pela Avenida Leste-Oeste, no bairro Pirambu, em direção à Barra do Ceará, num percurso de cerca de 6 quilômetros. Neste ano, os manifestantes voltam a atenção para a possível retirada de direitos a partir de projetos que tramitam no Congresso Nacional.Um levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) informa que há no Legislativo 55 proposições que afetam direta e indiretamente o trabalhador, como a regulamentação da terceirização para todas as áreas e a extinção dos conceitos de jornada exaustiva de trabalho degradante da lista de fatores que caracterizam o trabalho análogo à escravidão.
Segundo o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Ceará, Wil Pereira, os projetos, que beneficiam apenas os empregadores, integram a proposta de governo do vice-presidente Michel Temer, se assumir a Presidência, caso seja aprovado o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. “Quem tomar conhecimento desses 55 projetos verá que eles dialogam com o empresariado e retiram direitos. A maior proposta é o estado mínimo, onde poucos serão privilegiados”, afirmou Pereira.
Para o presidente a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) no Ceará, Luciano Simplício, os projetos representam um retrocesso na história trabalhista. “Vai ser a guilhotina contra o pescoço, e o pescoço é o trabalhador. Será um retrocesso nos direitos trabalhistas, pois querem rasgar a CLT [Consolidação das Leis do Trabalho].”
O ato do Dia do Trabalho também reafirma a posição das centrais e dos movimentos contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e rejeita um possível governo de Michel Temer, em conjunto com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Os atores Carlos Alves e Mikael Oliveira, da trupe Tramas de Teatro, levaram para a passeata dois personagens baseados em Temer e Cunha. Com máscaras e pistolas d'água, eles rendem um trenzinho puxado a reboque por um carro e apontam armas de brinquedo para as pessoas.“Tivemos um impeachment anunciado e comandado por pessoas que não tinham nada para fazê-lo. A mesa era presidida por um ladrão, os votos dados por ladrões, e nós ficamos acuados diante de um golpe que dizem que é legal. Os personagens não falam, eles só tomam o trem de assalto, que é o que estão fazendo com o país”, explicou Alves.
Matheus Figueiredo, da coordenação estadual do Núcleo Popular, disse que a possibilidade de um governo comandado pelo PMDB ameaça conquistas ligadas à educação e à qualificação profissional.“Existe hoje uma realidade em que a juventude tem oportunidade de se tornar trabalhadora e, mais do que nunca, de ser trabalhadora qualificada. Neste momento em que todos os avanços estão ameaçados pelo Ponte para o Futuro, que, na verdade, é um túnel para o passado e uma ponte para o inferno. A gente não tem como não reagir a isso.” Uma Ponte para o Futuro é o nome de um documento apresentado em outubro do ano passado pelo PMDB com uma série de propostas para a retomada do crescimento da economia brasileira.
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