Outro achado do estudo foi o caso de um bebê com indícios de insuficiência renal possivelmente associada à infecção pelo zika
Dois estudos brasileiros indicam que a infecção pelo zika pode causar mais danos do que os conhecidos ou provocar sequelas meses após o nascimento. Em uma das pesquisas, cujos resultados foram publicados no periódico “Acta Neuropathologica”, um grupo de patologistas analisou amostras de tecido cerebral de dez bebês que morreram logo após o parto e cujas mães haviam sido infectadas pelo zika na gestação.
Os cientistas verificaram que cinco dessas crianças haviam desenvolvido hidrocefalia (acúmulo de líquido no cérebro). “Nesses casos, a lesão provocada pelo zika era muito mais grave, estava no tronco cerebral. Ali, a calcificação e a destruição eram muito intensas”, explica a líder do estudo, Leila Chimelli, neuropatologista do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, integrante da Sociedade Brasileira de Patologia e professora da UFRJ.
Outro achado do estudo foi o caso de um bebê com indícios de insuficiência renal possivelmente associada à infecção pelo zika. O vírus foi encontrado nos rins da criança. Um segundo estudo, ainda em andamento e coordenado pelo médico Saulo Duarte Passos, professor da Faculdade de Medicina de Jundiaí (SP), descobriu o caso de um bebê nascido sem microcefalia, mas cuja cabeça parou de crescer aos dois meses de vida. “Hoje ele está com seis meses e o perímetro cefálico está estagnado desde então. Esse caso mostra a importância do acompanhamento também dos bebês que nascem sem nenhuma anormalidade”, conta.
O estudo foi iniciado há um ano com o objetivo de acompanhar 700 gestantes da região de Jundiaí e seus respectivos bebês, independentemente da ocorrência de zika na gravidez. Desse total, 526 já deram à luz e 46 crianças nasceram com microcefalia. “A incidência da má-formação na região nos surpreendeu, até porque inicialmente o grande número de casos estava concentrado no Nordeste”, comenta Passos.
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