Jovens integrantes das Forças Armadas oriundos de comunidades pobres do Rio de Janeiro temem ser vistos por traficantes como “o inimigo”
POR METRÓPOLES - O soldado A. viveu dias de apreensão às vésperas da operação conjunta das Forças Armadas e da polícia na Cidade de Deus, zona oeste do Rio, pouco antes do carnaval. Seu temor era ser convocado para atuar na própria comunidade onde nasceu, foi criado e ainda vive com a família. A., a mãe e a avó só se sentiram aliviados quando saiu a escala de serviço: o rapaz, militar há um ano, fora designado para atividades no quartel.
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“Seria muito desconfortável. Tem gente que cresceu comigo e hoje está no tráfico. Não sei como ia reagir na hora H”, contou A., revelando um drama pelo qual vêm passando praças envolvidos na intervenção federal no estado do Rio de Janeiro.
Jovens como A., oriundos de comunidades pobres, que ingressaram nas Forças Armadas em busca de emprego estável e ascensão social, temem ser vistos por traficantes no papel de inimigo. Isso poderia desencadear represália para si e para parentes. Para se resguardar, quando em missões nas favelas, eles usam máscaras que cobrem o rosto inteiro – apenas os olhos ficam de fora.
“Até hoje fui poupado, eles dão preferência a pessoas de fora. Mas se tiver de ir, não vai ter jeito. Vou fazer tudo para não ser reconhecido”, disse A.. “Eu não me envolvo com ninguém, mas tenho amigo do lado de lá. Todo mundo tem. Procuro nem passar perto. Acredito na intervenção e na construção de um Rio e um país melhor se as operações forem sérias. Só não adianta fazer operação e sair. Tem de ficar”, continuou.
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