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segunda-feira, 26 de agosto de 2019

O que está acontecendo com a Amazônia em 10 perguntas e respostas

As queimadas de fato bateram recorde? O desmatamento subiu? Em dúvida sobre as muitas questões envolvendo a Amazônia nas últimas semanas?
DIVULGAÇÃO/NASA
Amazônia virou o foco das atenções nas últimas semanas com notícias sobre aumento do desmatamento e das queimadas, com declarações polêmicas do presidente Jair Bolsonaro e com intensa repercussão internacional. Entenda:

1. A Amazônia está queimando mais neste ano?
O número de focos de incêndio para todo o Brasil entre 1.º de janeiro e 24 de agosto era o maior dos últimos sete anos para este período. O Programa Queimadas, do Inpe, registrou até a data 79.513 focos, alta de 82% em relação ao mesmo período do ano passado. Desde 2013, o ano com maior número de focos para esse intervalo de tempo tinha sido 2016, com 74.317 focos. Aquele foi um ano bastante seco, com ocorrência de um forte El Niño. A Amazônia (o bioma) respondeu por 52,5% dos focos deste ano. Até o dia 24, a região teve 41.867 focos, ante 22.165 nos oito primeiros meses do ano passado e 36.333 no mesmo período de 2016. Comparando somente o mês de agosto, houve mais focos do que este ano em 2005 (63.764), 2007 (46.385) e 2010 (45.018). O ano de 2005, como mostra a resposta acima, foi o último recorde de desmatamento da região e 2010 foi um ano extremamente seco.

2. A questão envolve só o Brasil?
Não. A Amazônia colombiana também tem queimadas e o país solicitou apoio a outros países. Já a Bolívia informou ontem que aceitará a ajuda externa para conter os incêndios, oferecida por Chile, Paraguai e Espanha. Ali os incêndios já consumiram mais de 745 mil hectares de terra na região de Chiquitania, na fronteira com o Paraguai, e 100 mil hectares em Beni, na Amazônia boliviana.

3. Já existe uma explicação para essas queimadas?
A principal correlação encontrada até o momento é a alta no desmatamento. A principal hipótese de especialistas é que queimadas estão ocorrendo para limpar o que foi derrubado antes. A explicação vem da Nasa. Segundo o pesquisador Doug Morton, isso é possível de aferir com uma análise das colunas de fumaça que podem ser vistas por satélite. Elas têm uma espécie de assinatura que mostram sua origem. Não são de fogo espalhado e mais baixo, que seria o indicador de queima de resíduos de campos de cultivo ou para limpeza de pasto, por exemplo, mas são centralizados e muito altos, de pilhas de troncos de árvore queimando que tinham ficado ao sol secando por meses antes.

4. A culpa pelas queimadas pode ser da seca?
Este ano de fato está mais seco, mas não tanto quanto estava 2016. O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) divulgou uma nota técnica no dia 20 avaliando essa possibilidade, mas também concluiu que a maior correlação é com o desmatamento. Analisando os dados disponíveis até o dia 14, notou-se que “os dez municípios amazônicos que mais registraram focos de incêndios foram também os que tiveram maiores taxas de desmatamento”. Segundo os pesquisadores do Ipam, esses municípios, até o dia 14, eram os responsáveis por 37% dos focos de calor em 2019 e por 43% do desmatamento registrado até o mês de julho na região.

5. Há indícios de quem está cometendo essas queimadas?
Os focos de queimadas estão espalhados por todo o chamado arco do desmatamento, que vai do Acre, passando por Rondônia, sul do Amazonas, norte do Mato Grosso e sudeste do Pará. Ao menos no Pará, no entorno da BR-163, há uma investigação corrente, depois que foi anunciado por um jornal de Novo Progresso que produtores locais estavam convocando um “dia do fogo” no dia 10 de agosto. De fato, o Programa Queimadas do Inpe viu um aumento de incêndios na região naquele dia e os Ministérios Públicos Estadual e Federal estão investigando a questão. Neste domingo (25/08/2019), o presidente Bolsonaro pediu à Polícia Federal que também investigue o caso do Pará.

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