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sábado, 9 de novembro de 2019

Negligência causou a tragédia de Brumadinho, diz escritor

Adriano Machado/Reuters/Direitos reservados
Neste sábado (9), às 11h, em São Paulo, na Livraria Tapera Taperá (no centro), os jornalistas mineiros Lucas Ragazzi e Murilo Rocha lançam o Livro reportagem de Brumadinho: a engenharia de um crime (Editora Letramento). O livro é baseado na investigação da Polícia Federal sobre o rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão em Brumadinho (MG), ocorrido em 25 de janeiro, que indiciou sete funcionários da mineradora Vale e seis da consultoria alemã TÜV SÜD por crime de falsidade ideológica e uso de documentos falsos.

O rompimento da barragem causou inundação de lama e rejeitos de minério de ferro que resultou na morte de 252 pessoas. Dezoito pessoas continuam desaparecidas nove meses após o acidente. Essa semana, a Agência Nacional de Mineração (ANM) divulgou relatório técnico assinalando que a tragédia poderia ter sido evitada se a Vale tivesse prestado informações corretas ao Sistema de Integrado de Gestão de Segurança de Barragens de Mineração (SIGBM).

Um dos autores do livro, Murilo Rocha falou com a Agência Brasil e também aponta para a negligência da Vale: “era uma prática corriqueira”. A seguir principais trecho da entrevista com jornalista.

Escritor Murilo Rocha
Mariela Guimarães / Divulgação
Agência Brasil: Foi uma tragédia, foi um acidente ou foi um crime?

Murilo Rocha: Foi uma tragédia provavelmente motivada por alguns atos tipificados pela Polícia Federal como criminosos. A PF já indiciou 13 pessoas por falsidade ideológica e uso de documentos falsos para atestar a estabilidade da barragem. Ou seja, não havia como atestar segurança da barragem, no entanto, foi atestado isso.

Agência Brasil: O livro tem como subtítulo “a engenharia de um crime”, o que pode transmitir a ideia de que foi urdido e até racionalizado na escolha de parâmetros de segurança. Isso é comum em avaliação de obra e de risco de empreendimento?

Rocha: Eu não posso afirmar que é comum. O que a gente viu, em documentos apreendidos pela polícia e por outros órgãos, é que era uma prática corriqueira da Vale. Eles tinham documentos internos que demonstravam que pelo menos dez barragens estavam acima do limite aceitável. Isso está escrito, mas não era tornado público. Para a sociedade, eles vendiam que estava tudo bem e tranquilo. Quando a gente usa ‘engenharia de um crime’, a gente quer mostrar a anatomia de um crime e dissecar como isso ocorreu, mostrando que eles tinham conhecimento e foram discutindo essa situação ao longo de pelo menos um ano e três meses. Os problemas eram discutidos tanto por engenheiros da Vale quanto por auditores da consultoria alemã TÜV SÜD.
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