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terça-feira, 2 de outubro de 2012

Mais um debate sexual de Naomi Wolf


Mais um debate sexual de Naomi Wolf

"Quem é que manda? Quem é sua dona?
uem é que manda? Quem é sua dona? Quem escolhe o que acontece com ela?'
Naomi Wolf está falando de sua vagina. Assim como muitas outras pessoas, embora estas estejam falando principalmente de 'Vagina', seu novo livro, e a conversa vem sendo quase universalmente condenatória.
'Uma obra de má qualidade, cheia de generalizações infantis e tristes raciocínios automáticos feministas', escreveu Zoe Heller em 'The New York Review of Books'. Na 'The New Yorker', Ariel Levy questionou: 'Seria exagero dizer que o livro da senhorita Wolf, que claramente pertence ao mesmo domínio de imaginação erótica que a trilogia de Grey, é em si mesmo um tipo de pornografia?'
Em sua coluna no 'The Los Angeles Times', Meghan Daum escreveu que 'Vagina' é 'uma má notícia para todas as pessoas que possuem uma', enquanto Toni Bentley, em sua impiedosa crítica de 2.700 palavras para o 'The New York Times Book Review', chamou o livro de 'disperso' e 'sem graça'.
Praticamente a única defesa sólida do livro parece vir de um artigo ainda não publicado, sobre o qual Wolf alertou esta repórter, na revista lésbica britânica 'Diva' ('realmente libertador', afirmou sua autora).
Seria isso a queda do anjo de outrora na casa do feminismo, ou estaria Wolf devolvendo o sexo aos debates do país sobre a frustração do gênero feminino?
Alguns dias depois que as críticas começaram a aparecer, Wolf arrumava bananas fatiadas e morangos sobre uma mesa de café (frutas picadas nunca haviam parecido tão vulvares) e se sentava no confortável sofá de seu ensolarado apartamento no West Village, em Nova York. Ela vestia uma capa preta sobre uma malha larga, sapatos de tiras e um estreito sorriso.
'Acredito muito no debate e a diferença de opiniões', disse ela sobre o rugido crítico. Não há dúvida de que isso é verdade, já que Wolf discute semanalmente na coluna que escreve para o 'The Guardian', como já fez com seus sete livros anteriores. A acadêmica de Rhodes que há 20 anos escreveu em 'The Beauty Myth', o livro que a tornou uma estrela da mídia, que 'a aparência de uma mulher não importa, desde que nos sintamos lindas', está mais linda do que nunca, dois meses antes de completar 50 anos.
Author Naomi Wolf at her home in Millerton, N.Y., Aug. 24, 2012. Her new book, "Vagina," about female sexuality, has received many negative reviews but is already on the best-seller list in England. (© Nathaniel Brooks/The New York Times)
Ela vê 'Vagina' como a última de uma série de quatro obras, respondendo questões sobre ciência, anatomia, liberdade e prazer que ela também abordou em 'The Beauty Myth' (1990), 'Promiscuities' (1998) e 'Misconceptions' (2001). E como esses dois últimos livros, que foram inspirados em sua luta com a vida adulta e a maternidade, respectivamente, em 'Vagina' ela usa sua vida sexual para falar sobre como as mulheres são privadas do tipo de prazer que desejam.
'Não se trata de sexo, mas sim de não sermos subestimadas', diz ela. 'Essas coisas estão relacionadas. Hoje eu entendo por que não quero fazer amor quando a casa está bagunçada.'
Wolf sempre esteve à frente do espírito dos tempos, escrevendo em 'Promiscuities' sobre a cultura do sexo casual antes dela ganhar esse nome, e do parto natural antes dele voltar à moda. Nos últimos anos, porém, seu lugar no firmamento cultural tem sido um pouco mais frágil.
Ela foi atacada por sua apresentação de alto cachê com Al Gore (embora hoje poucos possam discordar de seu conselho de escolher o 'macho alfa' nas eleições de 2000); por escrever na 'New York Magazine' que o estudioso de Shakespeare Harold Bloom a havia assediado sexualmente 20 anos antes; e por sua prisão no Occupy Wall Street usando um vestido transparente (ela atravessou os cordões policiais vinda de uma estreia de filme no SoHo). Sua reputação nos círculos liberais não foi ajudada quando ela disse ao 'The Sunday Herald', em 2006, que durante a terapia para combater o bloqueio criativo ela teve uma visão onde assumiu a forma de um garoto adolescente e conheceu Jesus – isso vindo de uma mulher que se descreve como 'uma garota judia tradicional'.
Nesse meio tempo, ela se divorciou de David Shipley (ex-editor da página de Op-Ed do New York Times), seu marido por 15 anos, guiou a filha e o filho até a adolescência e retornou a Oxford para estudar literatura eduardiana e vitoriana. Além dos livros e duas colunas (ela escreve uma mensal para 'Project Syndicate'), ela cobra altos valores como palestrante (representada por Royce Carlton, um Ritz das agências) – recentemente discutindo o clitóris na Royal Institution of Great Britain e somando a resposta sexual feminina a uma lista de assuntos que inclui revoltas de cidadãos e distúrbios alimentares.
Questionada sobre como administra o volume de trabalho, Wolf faz uma pausa antes de responder: 'Não tenho escolha. Sou uma mãe solteira de uma família de classe média baixa, mas é administrável: difícil é trabalhar numa mina de carvão'.
Ao discutir um livro inspirado em sua própria vida sexual, ela revela pouco de si mesmo, direcionando a conversa de volta às estatísticas (30 por cento das mulheres, segundo ela, não podem atingir 'confiavelmente' o orgasmo).
'A revolução sexual não está funcionando para as mulheres, ou não está funcionando bem o bastante', afirma Wolf, elevando o tom de voz. 'Para mim, o fato de não estarmos atingindo nosso potencial é uma questão feminista.'
Ela também classifica a realização imperfeita da sexualidade feminina como 'uma crise de direitos humanos', afetando (isso vem do livro) nossa habilidade de 'criar, explorar, comunicar, conquistar e transcender'.
Isso é muito para colocar sobre a vagina. E a vasta metodologia de Wolf, que inclui um curandeiro tântrico que pratica o 'toque de yoni' e uma pesquisa de literatura do século XIX que afirma que as melhores obras de escritoras mulheres trazem um prazer transformativo, levantou questões entre cientistas e críticos.
Conforme Wolf escreveu, ela 'se deparou com importantes descobertas científicas, uma após a outra', provando o que ela descreveu como uma 'profunda ligação entre cérebro e vagina'. Depois de ler o livro, Beverly Whipple, mais conhecida como a cientista que descobriu o ponto G, declarou: 'Na melhor das hipóteses, esta é uma interpretação bastante perturbadora da ciência. Não consigo encontrar os dados em suas declarações. De onde ela está tirando isso? Isso é ficção ou não-ficção?'.
Quando questionada se ela pode ter tomado liberdades com sua pesquisa para efeito narrativo, os olhos azuis de Wolf se endurecem.
'Tenho todos esses livros aqui', responde ela, partindo para uma sala nos fundos do apartamento e voltando com um guia da reunião do ano passado da Sociedade Internacional para o Estudo da Saúde Sexual da Mulher. Ela vira as páginas até encontrar a listagem de um painel que incluía Whipple.
Whipple comentou que ela havia realizado uma apresentação sobre outro tópico, e expressou surpresa por Wolf não ter entrevistado a ela ou seu colaborador.
'Eu apenas não sabia que ela estaria disponível para mim', explicou Wolf, reconhecendo mais tarde que não havia comparecido à conferência. Observando suas prateleiras repletas de obras de Abbie Hoffman, Jane Fonda e John Stuart Mill, ela defende suas pesquisas. 'Estou tirando minhas próprias conclusões', disse ela. 'Meu trabalho é perceber ecos e ressonâncias. Cientistas não devem fazer o mesmo que críticos culturais.'
Jim Pfaus, professor da Universidade Concordia em Portland, Oregon, cuja pesquisa sobre inclinações sexuais de ratos figura proeminentemente no livro e que disse ter lido três esboços dele, afirmou em entrevista que recebe alegremente a controvérsia – e parecia pouco preocupado com o fato de Wolf ter acertado ou não na parte científica.
'Acho que é inteiramente possível que Naomi esteja exagerando o caso para colocar ênfase, mas quando você irrita as pessoas o suficiente, atinge um limite crítico para que as pessoas falem sobre aquilo', explicou ele.
Na Inglaterra, o livro já está na sétima posição na lista dos mais vendidos, apesar da imprensa negativa. Os números de venda ainda não estão disponíveis nos Estados Unidos, onde neste ano a deputada estadual Lisa Brown, uma democrata, foi censurada por dizer 'vagina' na Câmara dos Deputados de Michigan – e onde mais recentemente o deputado Todd Akin, republicano do Missouri, atribuiu poderes à anatomia feminina que, segundo ele, poderiam suprimir o esperma de um estuprador.
Os dois acontecimentos, afirmou Wolf, afetam profundamente a saúde sexual individual da mulher.
'Este é um momento em que todos estão à beira de um despertar global de um tipo de torpor', afirmou ela, com os olhos brilhando. 'É por isso que existe essa duplicação na luta de poder sobre a vagina. Mas esta é a hora das mulheres. Nós teremos de reivindicar a vagina como central para todas as coisas.'
Quer isso aconteça ou não, muitas pessoas certamente estarão falando sobre vaginas nos jantares deste final de semana. E, talvez, em breve elas não estejam falando apenas da vagina de Naomi Wolf.
The New York Times News Service/Syndicate – Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times._NYT_



FONTE: http://nytsyn.br.msn.com/estilodevida/mais-um-debate-sexual-de-naomi-wolf-1#page=0

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