MAIS MÉDICOS
Uruguaio faz 1º atendimento
29.08.2013
A presidente Dilma criticou os protestos feitos contra cubanos e disse que está havendo um ´imenso preconceito´Vitória de Santo Antão (PE)/Brasília. O médico uruguaio Gonzalo Lacerda Casaman, 31, realizou seu primeiro atendimento no Brasil bem antes do que imaginava. Integrante do programa Mais Médicos, ele socorreu numa calçada uma comerciante atropelada por uma motocicleta próximo à escola onde faz o curso de capacitação ministrado pelo Ministério da Saúde.
O médico uruguaio Gonzalo Lacerda (de blusa listrada) voltava do almoço quando uma mulher foi atropelada e acabou socorrendo-a na calçada FOTO: FOLHAPRESS
"Estava voltando do almoço, vi o momento do acidente e voltei para socorrê-la", disse Casaman. O médico, que morava em Rivera, na fronteira com o Brasil, orientou a vendedora de amendoins Helena Paulina de Araújo, 63, a ficar calma e pediu a um guarda municipal que chamasse o Samu.
"Fiz uma avaliação primária para ver consciência e sinais de alerta. Não pude aprofundar o exame físico por causa das condições" afirmou o médico. Ele disse que não imaginava que teria de fazer um atendimento ainda durante a primeira das três semanas de aula.
Segundo o médico, Helena teve traumatismos simples no joelho e cotovelo esquerdos e no tórax. A comerciante foi levada pelo Samu para fazer exames.
Ela disse que já era a favor da vinda de médicos estrangeiros e que não teve dificuldades em entender o "portunhol" de Casaman. "Graças a Deus ele estava aqui", disse Helena, antes de ser colocada na maca.
Sem entender
Um dos médicos cubanos vaiados por um grupo de brasileiros em Fortaleza, Juan Delgado, 49, disse ontem ao jornal Folha de São Paulo que não entende as razões da hostilidade. "Vamos ocupar lugares onde eles não vão", disse. Uma foto que flagrou o momento em que Delgado era vaiado por duas brasileiras de jaleco foi publicado pelo veículo na terça-feira.
Ele e outros estrangeiros foram cercados em um protesto do Sindicato dos Médicos do Ceará (Simec), ao sair do primeiro dia do curso do programa Mais Médicos. "Me impressionou a manifestação. Diziam que somos escravos, que fôssemos embora do Brasil. Não sei por que diziam isso, não vamos tirar seus postos de trabalho", afirmou ele.
O protesto em que manifestantes chamavam os cubanos de "escravos" foi gravado em vídeo.
O médico disse que veio ao Brasil por vontade própria e que já trabalhou no Haiti. "Isso não é certo, não somos escravos. Seremos escravos da saúde, dos pacientes doentes, de quem estaremos ao lado todo o tempo necessário", afirmou. "Os médicos brasileiros deveriam fazer o mesmo que nós: ir aos lugares mais pobres prestar assistência", disse.
Irregularidades
O Ministério Público do Trabalho no Distrito Federal abriu, ontem, inquérito civil para apurar se há irregularidades no programa Mais Médicos. Uma das questões a ser averiguada é se a contratação de médicos, brasileiros ou estrangeiros, pelo programa tem como foco o aperfeiçoamento do profissional - como proposto - ou se é apenas uma forma de contratação de mão de obra.
Preconceito
As críticas à atuação de cubanos no Brasil por meio do Mais Médicos envolvem um "imenso preconceito" em relação aos profissionais do país caribenho. Esse, segundo a presidente Dilma Rousseff, é um dos problemas que envolvem a chegada de médicos de outras nações para atuar em regiões brasileiras que carecem de profissionais.
A presidente ressaltou que outras nações têm abertura bem maior aos profissionais estrangeiros. "Na maioria dos países o que nós vemos é a presença de médicos formados fora trabalhando dentro do país. Nos Estados Unidos são 25%. Há lugares do mundo, como o Canadá, em que chega a 37%. Aqui estamos abaixo de 2%", exemplificou.
Já o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse considerar justo que o povo cubano receba parte destinada ao pagamento dos médicos cubanos, pois, segundo ele, o governo da ilha investiu muito na formação desses profissionais.
FONTE:
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1311519
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