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sábado, 2 de maio de 2015

Cresce procura pelo ensino do português do Brasil no mundo

REDE BRASIL CULTURA

Agência Brasil | 11h52 | 02.05.2015

A Rede Brasil Cultural, instrumento do Itamaraty para a promoção da língua portuguesa e da cultura brasileira no exterior, atende a 9 mil alunos em 44 países, de cinco continentes, com cerca de 200 professores

A maior visibilidade do Brasil no exterior, impulsionada nos últimos anos pela escolha do país como sede dos maiores eventos esportivos do planeta, tem reflexo também na procura pelo ensino do idioma português, em sua vertente brasileira.
 
A Rede Brasil Cultural, instrumento do Itamaraty para a promoção da língua portuguesa e da cultura brasileira no exterior, atende a 9 mil alunos em 44 países, de cinco continentes, com cerca de 200 professores. Em Helsinki (capital da Finlândia), atletas que virão para as Olimpíadas do Rio em 2016 estão entre os alunos da rede. Na Austrália, os atletas locais também já tiveram aulas com professores brasileiros na Australian National University.
 
Ao todo, a rede é formada por 24 centros culturais e cinco núcleos de estudo, que funcionam com as embaixadas brasileiras, e 40 leitorados, formados por professores universitários brasileiros que passam por uma seleção e recebem uma bolsa do Itamaraty para lecionar português e/ou cultura brasileira em universidades estrangeiras. A presidenta do Chile, Michelle Bachelet, que surpreendeu a muitos ao cantar o Hino Nacional brasileiro durante a posse da presidenta reeleita Dilma Rousseff, aprendeu português, ainda na adolescência, no Centro Cultural Brasil-Chile, em Santiago.
 
A mineira Fernanda Gláucia Pinto é uma das bolsistas da rede. Ela dá aulas de português para turmas de graduação e mestrado em Estudos Brasileiros, uma área de estudo criada há cerca de 20 anos na Universidade de Aarhus, uma das principais instituições de ensino superior da Dinamarca.
 
Mais do que ensinar o idioma, Fernanda também contribui para a promoção da cultura brasileira no país nórdico. “Fazemos eventos acadêmicos e culturais para os alunos e para a comunidade. Sempre tentamos trazer um pouco do Brasil para cá, promovendo workshops de capoeira, dança e música, exibição de filmes e documentários e eventos totalmente dedicados à cultura brasileira, como o Brazilian Days”, conta. Uma newsletter coordenada por Fernanda reúne as principais informações sobre as atividades desenvolvidas no âmbito do programa.
 
Em alguns países com menor nível de renda, os cursos são gratuitos. Na maioria, porém, são cobradas mensalidades. Ainda que as taxas sejam inferiores às dos cursos privados de idiomas, o Itamaraty as considera importantes, pois incentivam o comprometimento dos alunos com o curso e contribuem para um menor índice de evasão durante o semestre.
 
“Além disso, muitos dos nossos centros culturais têm suas vagas preenchidas em poucas horas. Em diversas unidades, não é possível atender a toda demanda. A procura pelo ensino de português no exterior tem aumentado, o que é condizente com o maior destaque obtido pelo Brasil no cenário internacional”, explica Jorge Tavares, chefe da Divisão de Promoção da Língua Portuguesa.
 
Segundo Jorge Tavares, o maior interesse pelo português do Brasil pode ser verificado em importantes universidades do mundo, que passaram a ter forte interesse em incluir a vertente brasileira do idioma entre seus cursos. “Anteriormente, algumas universidades temiam não haver demanda pelo aprendizado da língua portuguesa. Atualmente, recebemos centenas de pedidos de abertura de leitorados brasileiros”, diz. "Percebe-se, nos últimos oito anos, um aumento do interesse pela língua portuguesa e algumas universidades têm registrado procura específica pelo português do Brasil”, destaca.
 
Em Aarhus, o aumento do interesse pelo Brasil é notável. “Quando eu entrei aqui, como aluna do curso de Estudos Brasileiros, em 2006, as dez vagas oferecidas não eram preenchidas. Aos poucos, a procura foi crescendo. Hoje dobramos a quantidade de vagas e às vezes a procura é maior”, ressalta Fernanda. Ela acredita que fatores como o crescimento da economia brasileira e a escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 fizeram com que os estrangeiros olhassem mais para o país, o que influenciou na procura por estudos brasileiros.
 
O jovem dinamarquês Magnus Aastrom, de 20 anos, é aluno de Fernanda. Em entrevista à Agência Brasil, concedida em português, ele afirma que tem grande interesse pela sociedade, pela política e pela cultura brasileiras. "O Brasil é popular", brinca. Magnus diz que está contando os dias para ir ao Brasil – um intercâmbio ao país faz parte do curso de Estudos Brasileiros. “Eu quero muito visitar o país.”
 
Derek Pardue, coordenador dos Estudos Brasileiros da Universidade de Aarhus, afirma que o aumento do interesse pelo Brasil é notável e que essa integração entre o país e universidades estrangeiras contribui para que a cultura genuinamente brasileira seja exportada e conhecida em todo o mundo. “Queremos estreitar a nossa cooperação com o governo brasileiro, com a embaixada do Brasil em Copenhague, para atingir o nosso grande desafio, que é ampliar a visibilidade do programa”, diz o coordenador.
 
Sem recursos suficientes para atender a toda demanda, os principais focos da rede atualmente são a expansão na América do Sul, nos países do Brics (formado, além do Brasil, por Rússia, Índia, China e África do Sul) e nas principais universidades do mundo. Hoje há leitorados em universidades importantes como Harvard, nos Estados Unidos, Fudan, na China, Sorbonne, na França, King's College, no Reino Unido, e Colônia, na Alemanha, além de várias outras em países da América do Norte, América do Sul, África, Europa e Ásia.
 
O Itamaraty tem procurado aumentar a coesão da rede nos últimos anos, com lançamento de um site próprio, uma página no Facebook e uma revista com a participação de alunos, professores e diretores. Os currículos dos centros também estão sendo unificados. Além disso, cada centro deve oferecer turmas de pelo menos seis níveis de português. O objetivo, segundo o órgão, é que todos participem da rede em conjunto, de forma integrada, e não como “ilhas isoladas”, facilitando, assim, que as boas iniciativas sejam replicadas pelos demais elementos da rede.

FONTE:
DIÁRIO DO NORDESTE

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