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sábado, 27 de julho de 2019

Abuso sexual no ginecologista: aprenda a reconhecer procedimentos que jamais deveriam ocorrer em consultas

Tema veio à tona depois que médico do Ceará foi denunciado. Ele fazia 'exames' com a paciente de costas, por exemplo, o que especialistas dizem que não existe
Determinadas posições e procedimentos, como
colocar  a boca no mamilo da paciente para ver se tem
 secreção 
não são nem um pouco adequados para uma
 consulta ginecológica Foto: Arte de Nina Millen
RO - Mais um caso escandaloso de violência contra a mulher veio à tona nos últimos dias. O médico José Hilson Paiva, que atuava como ginecologista no Ceará, foi denunciado por seis mulheres ao Ministério Público por abuso sexual, conforme revelou o "Fantástico", da TV Globo. O médico não apenas abusava das pacientes, como também filmava esses atos sem autorização das pacientes — mais de 63 vídeos já foram apresentados às autoridades. As denúncias vêm desde a década de 80.

LEIA TAMBÉM: Mulheres relatam que sofreram abuso sexual de médico

Nas imagens, é possível ver Paiva colocando a boca nos seios das mulheres, sob o pretexto de de conferir se havia secreção. Outras vezes, ele as posicionava de costas durante a realização de "exames", por exemplo. No último dia 19, ele foi preso pela Polícia Civil em Fortaleza e perdeu o registro médico (CRM).


José Hilson Paiva, médico cearense, filmava o atendimento
 suas pacientes sem autorização delas e fazia 
José Hilson
Paiva, médico cearense, filmava o atendimento
 suas pacientes sem autorização delas e fazia
 
Nos relatos das vítimas, boa parte delas diz que não sabia que estava sendo violentada. Algumas jamais tinham ido a um ginecologista, desconhecendo os procedimentos que deveriam ser realizados.

Por isso, a equipe de CELINA conversou com a ginecologista Isabela Correia para saber o que pode e o que não pode durante uma consulta ginecológica.

médica ressalta que, em qualquer momento da consulta, é direito da mulher pedir o acompanhamento de uma enfermeira, uma auxiliar de enfermagem, um parente ou amigo. A decisão pelo acompanhamento e por quem a acompanhará é exclusiva da paciente.

Veja abaixo, separadas por tópicos, quais técnicas são de fato médicas e quais não são.

Análise das mamas

Segundo Isabela, o exame nas mamas pode ser feito com ou sem luva. No entanto, o médico jamais deve usar a palma da mão no exame, nem apertar a mama . Isso porque as pontas dos dedos — única parte das mãos que deve ser usada nessas situações —  tem maior sensibilidade.

— O toque com a palma da mão é algo mais sexual, não existe. Você usa a ponta dos dedos para sentir nódulos e outros aspectos — explica Isabela.

Além disso, para nenhum exame é necessário o uso da boca. Logo, procedimentos como o de José Hilton Paiva jamais deveriam ocorrer.

— Primeiro, é uma questão de risco de contaminação. O médico não sabe que secreção é aquela. Depois, porque nenhum diagnóstico é feito pelo paladar — ressalta a médica.

— Alguns diagnósticos são dados pelo olfato, apenas. Mas isso não significa que o médico vai aproximar o rosto do seu corpo. Em caso de corrimento, por exemplo, ele vai colher o material e, aí sim, vai cheirar, se achar necessário.
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