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quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Ação de provedores dificulta identificação de criminosos cibernéticos

Foto: Reuters/Kacper Pempel
A demora de alguns provedores de conexão a internet em atualizar seus sistemas de identificação de usuários da rede mundial de computadores tem dificultado o trabalho de policiais encarregados de investigar crimes cibernéticos. A afirmação é do coordenador do Laboratório de Inteligência Cibernética do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Alessandro Barreto.

Segundo Barreto, o problema decorre, principalmente, da resistência de algumas empresas em fazer os investimentos necessários para migrarem da tecnologia IPv4 para o IPv6 - protocolo de internet (do inglês Internet Protocol, ou IP) lançado em 2012, como uma resposta à ameaça de saturação dos “endereços” numéricos que identificam cada computador, servidor, celular, tablet ou dispositivo conectado à rede.

Criado no início da década de 1980, o IPv4 opera com "endereços" de 32 bits, suportando cerca de 4,30 bilhões de IPs em todo o mundo. As combinações numéricas que identificam um IP permitem a conexão dos equipamentos em rede. Ou seja, para realizar uma pesquisa, enviar um e-mail ou acessar as redes sociais, o internauta tem que necessariamente utilizar um equipamento com um número de IP autenticado. Ocorre que, conforme a internet se popularizou, o número de endereços ainda disponíveis no protocolo IPv4 foi diminuindo rapidamente, motivando a  Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números (do inglês, Icann ), a lançar o IPv6, que usa 128 bits, possibilitando um número infinitamente maior de combinações numéricas.

De acordo com Barreto, com a saturação do antigo protocolo, provedores que ainda não migraram para o protocolo IPv6 passaram a atribuir um mesmo IP a mais de um internauta. "Alguns provedores, por várias questões, não querem fazer a migração. Então, eles pegam um endereço de IP e compartilham [entre vários clientes]. Já pegamos um único IP sendo usado por 1.020 aparelhos. Como vamos chegar à conexão”, afirmou Barreto, explicando como isto dificulta o trabalho dos investigadores. “É como se tivéssemos uma autopista com mil veículos, todos da mesma cor, e com uma mesma placa. [Por isto] alguns abusadores e exploradores sexuais deixaram de ser identificados”, comentou o coordenador, sustentando que a 5ª fase da Operação Luz na Infância, deflagrada esta manhã (4) para investigar a suspeita de crimes de exploração sexual contra crianças e adolescentes, também foi prejudicada por esta questão.
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