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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Ex-capitão Daniel é condenado a 46 anos de prisão pelas mortes dos irmãos estudantes de Medicina
Após 15 horas de julgamento, o 1º Tribunal do Júri da Comarca de Fortaleza condenou, a uma pena de 46 anos de reclusão, o ex-capitão da Polícia Militar, Daniel Gomes Bezerra, pela morte dos irmãos Marcelo e Leonardo Moreno Teixeira. Depois de ter ouvido o depoimento de nove testemunhas, o interrogatório do réu e mais três horas de debates entre acusação e defesa, o conselho de sentença (formado por quatro homens e três mulheres) decidiu condenar o ex-policial por prática de duplo homicídio qualificado.
Daniel Bezerra foi condenado a 24 anos por cada um dos crimes, porém teve a pena reduzida em um ano para cada um deles, pelo atenuante de ter confessado ser o autor dos assassinatos. Após o veredicto, a defesa do réu anunciou que irá recorrer da decisão do Júri ao Tribunal de Justiça do Estado.
O dia de ontem foi marcado pelo clima de expectativa e clamor por justiça. Logo cedo, os amigos e familiares das vítimas abriram faixas na entrada principal do Fórum Clóvis Beviláqua, no bairro Água Fria, pedindo justiça. Fotos dos dois rapazes assassinados ilustravam os cartazes, bem como as camisetas pretas vestidas pelos parentes e amigos.
A sessão foi iniciada com a escolha dos sete componentes do Conselho de Sentença e seguiu durante todo o dia. Somente à noite, já por volta de 21 horas, após o longo interrogatório do réu, a juíza de Direito presidente do Júri, Danielle Pontes de Arruda Pinheiro, autorizou o início dos debates entre defesa e acusação.
Depoimento
No decorrer da tarde, o depoimento considerado mais importante foi prestado perante a juíza pelo tenente-coronel PM Geovane Mendonça Guedes Alcoforado. Ele havia faltado ao primeiro julgamento, marcado para a semana passada. Ontem, logo no início de suas declarações perante os jurados, o oficial explicou que faltou à sessão por estar doente.
Na época do crime, o tenente-coronel era o comandante da Companhia da PM de Iguatu e, portanto, superior imediato do então capitão Bezerra, que chefiava o destacamento da Corporação em Mombaça, terra natal dos dois jovens assassinados.
O militar buscou desmentir boatos de que Bezerra teria fugido de Iguatu, logo após o crime, com a ajuda de colegas de farda. "Estava em casa, dormindo, quando recebi uma ligação dando conta do que havia acontecido (o crime). Então, tomei as providências imediatas. Determinei que uma viatura fizesse o isolamento no local do crime e a outra saísse em diligências para localizar o capitão", sustentou.
Também prestaram declarações testemunhas oculares do fato, como o garçom que serviu bebida ao militar, momentos antes do duplo assassinato, e um churrasqueiro que teria apartado a briga do oficial com os dois jovens. Eles depuseram como testemunhas da acusação. Pela defesa, além do tenente-coronel Alcoforado, foram ouvidos outros policiais militares.
O advogado de defesa do ex-PM, Delano Cruz, apresentou três linhas de argumentação na tentativa de absolver o militar:legítima defesa; homicídio privilegiado em razão de injusta provocação que o réu teria recebido das vítimas; e, por último, a desclassificação para homicídio simples, teses não acatadas pelo Júri Popular.
Já a acusação sustentou, em plenário, a tese de duplo homicídio qualificado, pela qual o réu acabou sendo condenado. A acusação foi feita pelo experiente promotor de Justiça Francisco Marques Lima, em nome do Ministério Público Estadual, tendo como assistente de acusação, o advogado criminalista Paulo Quezado, que antes da sessão demonstrava confiança na condenação do ex-PM .
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