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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Comunidade inaugura museu arqueológico

QUILOMBOLAS DE BATURITÉ

Comunidade inaugura museu arqueológico

26.09.2013

Prédio é o primeiro espaço do Ceará não retirado do local onde foram realizadas as escavações
Unida no alto de um monte, a Comunidade Quilombola da Serra do Evaristo, no Maciço de Baturité, a 90 Km da Capital, sobrevive imersa num verdadeiro mergulho ao passado. A população local coordena uma pesquisa na área que originou o primeiro museu do Ceará não desterritorializado da área onde encontraram material histórico a partir de escavações. O prédio foi aberto ontem, com a presença de Jurema Machado, presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O Museu Comunitário da Serra do Evaristo é uma pequena sala, feita com detalhes cuidadosos e sofisticados de cerâmica e madeira, com material de urnas funerárias datadas de 700 anos atrás, antes do descobrimento do Brasil FOTO: LUCAS DE MENEZES

O evento foi um verdadeiro acontecimento para a pequena população, formada por cerca de 140 famílias. Uma quarta-feira diferente, com direito a missa, seminário, apresentação artística, discursos e até forró ao fim do encontro para celebrar o que os membros da comunidade se orgulham ao chamar de conquista: a inauguração do Museu Comunitário da Serra do Evaristo.

Em meio a um cenário que possibilita visão panorâmica e privilegiada do Maciço de Baturité, o museu é uma pequena sala, feita com detalhes cuidadosos e sofisticados de cerâmica e madeira, no cume da Serra, e que, por enquanto, abriga material fruto de urnas funerárias datadas de 700 anos atrás, portanto, antes do descobrimento do Brasil.

Agora, o museu abriga o resultado do trabalho de escavações realizadas com o total apoio da comunidade, possibilitando assim a continuação de pesquisas relacionadas a diversos aspectos da época em que as urnas foram achadas, como informações sobre doenças, tipo de alimentação, além de hábitos e vegetação nativa, explica o historiador e arqueólogo, Igor Pedroza, um dos coordenadores das escavações. "Esse sítio nos possibilitou encontrar vestígios com contextos preservados", acrescenta. Hoje, o pesquisador aborda o assunto em seu doutorado.

Expostos no museu, aberto ao público pela primeira vez ontem, estão espécies de potes, machados polidos e outros artefatos de anos entre 1280 e 1390. "Além da pesquisa, das escavações e da recuperação dos artefatos, o estudo resultou na criação do museu, gerido pela comunidade. É uma pesquisa que não se encerra com as escavações, mas tem agora, no museu, uma possibilidade de acompanhamento permanente", diz a presidente do Iphan, Jurema Machado.

Interesse
Já o superintendente do Iphan no Ceará, Ramiro Teles, acrescenta a integração da comunidade com as pesquisas e o real interesse em deixar no local as escavações encontradas. "O material recolhido foi tão expressivo, em tamanha quantidade, que vimos a necessidade da construção do espaço. Foi uma solicitação da comunidade que o material não fosse desterritorializado".

Arqueóloga do Iphan Ceará, Verônica Viana também participou das pesquisas e destaca que, pela primeira vez no Ceará, houve a recuperação de um material da forma como foi abandonado pelos seus autores. "Isso nos possibilita, a partir das escavações, ter resultados diversos sobre esses grupos. Pelo fato de a gente ter esse material preservado, há uma pesquisa bem completa".

Chegar à sede do museu, no entanto, exige paciência. Após a entrada no município de Baturité, são cerca de 20 minutos de carro, em uma estrada feita parte de piçarra e parte de calçamento, praticamente sem nenhuma estrutura urbana para o motorista que faz a subida. Isso porque, diz Ramiro, a ideia da comunidade era não retirar do local de origem o material encontrado. Embora trate a viagem como "um charme" para o visitante, Ramiro admite a possibilidade de tentar viabilizar junto ao poder público melhorias no acesso.

A criação do museu se deu após solicitação da comunidade. O Iphan lançou edital e terceirizou a ArqueoSocio para realizar as escavações com a contribuição da população. A pesquisa teve início em 2012, e os gastos do Iphan com escavações somaram R$ 250 mil. Já o prédio do museu custou R$ 150 mil, mas foi pago por meio de um acordo com uma empresa que havia causado danos em outro sítio arqueológico no País.

DAHIANA ARAÚJOSUBEDITORA

PROTAGONISTA
Procura por rastros do passado
Hoje, os integrantes da comunidade falam sobre o assunto como se sentissem uma saudade do que não conheceram. É o caso de uma das bolsistas selecionadas para trabalhar junto a arqueólogos e demais pesquisadores na busca por rastros do passado que possam ajudar a entender o futuro. Ela e os vizinhos andam com mais cuidado, observando se o que há no chão é vestígio do sítio arqueológico. Após o fim do trabalho de seis meses, Cristina presta serviço à empresa ArqueoSocio, que fez as escavações, em pesquisas realizadas em outros lugares do Estado.

Cristina da CostaAssistente de escavação 

FONTE:
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1321873

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