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domingo, 10 de novembro de 2013

Quarentão querido

ARENA CASTELÃO

Quarentão querido

10.11.2013
Amanhã, a maior praça de esportes do Estado completa quatro décadas desde a sua abertura ao público

A Arena Castelão que as novas gerações conhecem hoje, prestes a sediar seis jogos da Copa do Mundo de 2014, pode não aparentar, mas completará 40 anos de realização da primeira partida, amanhã. Naquele 11 de novembro de 1973, Fortaleza e Ceará se enfrentavam em uma nova e confortável casa. O placar de 0 a 0 frustrou a plateia acomodada nas bordas do campo (atrás dos gols ainda não existiam lances de arquibancadas). Mas a festa de inauguração foi maior.

Estádio cearense vai receber seis jogos da Copa do Mundo do ano que vem FOTO: DIVULGAÇÃO/ SECOPA

O governador da época, Cesar Cals, inaugurou o estádio que levou o nome de seu antecessor, Plácido Aderaldo Castelo. Um dia antes, em transmissão inédita, na cabine 13 dentro do estádio, o comentarista da Rádio Verdes Mares 810, Paulino Rocha revelou seu sentimento em um eloquente desabafo.

Comentário histórico

"Eu olho para essas arquibancadas e sinto uma tremenda felicidade", dizia, ao vivo, no seu espaço diário "Quando Fala o Campeão", após fazer uma analogia da famosa frase euclidiana sobre a força do nordestino e sua capacidade de ultrapassar obstáculos como construir um gigante de concreto como aquele. Um feito para época. Anos depois, em 1980, a construção estaria completa e o estádio foi capaz de receber 120 mil pessoas para ver o papa João Paulo II.


Pai do Castelão

"Estou entusiasmado. Emocionado. Fui um dos maiores batalhadores em favor do Castelão", observou no seu discurso o radialista Paulino Rocha. Ele lembrou a importância do deputado estadual Aldenor Nunes Freire na viabilização da obra. Também foi lembrado no livro "Estádio Governador Plácido Aderaldo Castelo", do engenheiro Mário Elísio, que chamou Aldenor de "pai do Castelão".

A nova Arena foi bem avaliada nos jogos da Copa das Confederações realizados neste ano FOTO: KID JÚNIOR

No livro, ele revela que parte do projeto foi inspirado no estádio Azteca, onde a Seleção Brasileira conquistou o tri, em 1970.

Nessas quatro décadas, o estádio passou por reformas. Na última delas, foi transformado em Arena, com padrão internacional da Fifa. Mesmo assim, os mais antigos não se esquecem da história do "Gigante do Mata Galinha", como era conhecida a região na época, e depois virou Gigante da Boa Vista, bairro que cresceu e ganhou forma, mas ainda carece de mais infraestrutura. O jornal ouviu dois desses cearenses que conhecem bem as histórias do quarentão mais jovem do Estado.

Uma conversa, um café, e o nascimento de um estádio
O barulhinho inconfundível, característico do atrito da xícara com o pires, ritmava mais um encontro entre amigos naquele fim de tarde na pacata e já inexistente Fortaleza do fim da década 1960. O tentador aroma de café forte também. Foi nesse ambiente que se ouviu a primeira vez a palavra "Castelão" e a ideia, até então sem pretensões maiores, de se construir um novo estádio de futebol no Ceará.

Quem revela, em detalhes, os bastidores de um momento histórico do futebol cearense é o radialista e narrador esportivo da Rádio Verdes Mares 810, Gomes Farias. "Estava com Paulino Rocha na Praça do Ferreira. Resolvemos dar um pulo no Palácio do Governo, que ficava ali na Rua do Rosário, para visitar o Dário Macedo. Na época, ele era chefe da casa civil e genro do governador Plácido Aderaldo Castelo", relembra o locutor.

De acordo com Farias, uma resposta bem aos estilo "supetão" foi o que resultou na primeira forma de idealização do estádio. "O Dário perguntou: ´Paulino, o que o governador precisa fazer para ficar imortalizado?´ De pronto, o Paulino disse: ´construir um grande estádio e por o nome nele. Seria o Castelão´".

Febre no País

O narrador da Verdinha foi testemunha do diálogo que, para ele, se configura como a concepção do Gigante da Boa Vista. "Na época, era uma febre nos estados fazer grandes estádios", emenda Farias, ressaltando que a primeira transmissão de rádio da nova praça de esportes foi realizada pela equipe da Verdinha. "Paulino Rocha e Peter Soares fizeram um link de lá um dia antes do jogo inaugural e eu fiquei no estúdio. No dia do jogo, os três, abrimos a jornada no Castelão com a equipe completa: Daniel Campelo, Vilar Marques, Chico Rocha e Bezerra de Menezes", recorda Farias.

Farias sobre a inauguração: "me senti grande como meus ídolos, Jorge Cury e Fiori Gigliotti, eram narrando naqueles estádios enormes" FOTO: MIGUEL PORTELA

Momentos marcantes que o tempo não consegue apagar
A maior praça esportiva do Estado viveu momentos de muita emoção. Por seu gramado, desfilaram diversos craques do futebol brasileiro. Suas arquibancadas tremeram com a euforia dos torcedores após os gols de seus times de coração. Foi palco também de shows musicais grandiosos como o de Paul McCartney, neste ano, por exemplo. Contudo, na opinião do colunista do Diário do Nordeste e apresentador do programa Debate Bola, na TV Diário, Tom Barros, o evento mais marcante dessas quatro décadas do gigante de concreto foi a visita do papa João Paulo II, em 1980.

"Tive um encontro com o papa na casa de Aloísio Lorscheider antes dele ir para o Castelão. Era uma figura muito carismática, de olhar penetrante, um homem grande", fala, relembrando a comoção de milhares de pessoas no caminho até o estádio. "Não estive no Castelão porque me encontrei com o papa antes, mas acompanhei o trajeto até o estádio. O templo do futebol naquele instante se transformou em um templo de oração", recorda o jornalista. Mais de 120 mil pessoas estiveram no Castelão para ver o papa.

Aldenor Nunes Freire

Tom Barros comenta que é impossível falar do surgimento do Castelão sem tocar no nome do então deputado estadual "Capotinho" como era conhecido o político Aldenor Nunes Freire. "Esse foi um dos maiores articuladores. Merecia ter uma placa ou uma sala com o nome dele lá no Castelão. Aldenor Nunes Freire teve uma participação realmente brilhante", elogia.

Para Tom, maior feito já visto no Castelão foram as três vitórias seguidas do Leão sobre o Vovô, na decisão do Campeonato Cearense de 1974 FOTO: EDUARDO QUEIROZ
Para Tom, o maior feito já visto no estádio foi do Fortaleza de 1974, que se tornou o primeiro a erguer a taça no Castelão. "Foi o que mais me impressionou. O Fortaleza ganhou três vezes em sete dias de um Ceará que já estava com o título nas mãos".








SAIBA MAIS
Sorteio de fusquinha

De acordo com Mário Elísio, em seu livro sobre o Castelão, a construção do estádio durou quatro anos, tendo sido gastos 36 milhões de cruzeiros. Para levantar parte desse dinheiro, foram realizados sorteio de 52 fuscas, 52 bicicletas, 52 geladeiras, 2 mil rádios portáteis, além da venda de três mil cadeiras cativas

Artilheiro e primeiro gol

Geraldino Saravá é o maior goleador do estádio com 72 gols. Mas o primeiro tento foi marcado por Erandy Pereira, no dia 18 de novembro, no jogo Ceará 1x0 Vitória

ILO SANTIAGO JR.
SUBEDITOR 

FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE

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