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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Comissão da Verdade de São Paulo diz que JK foi assassinado

Folhapress | 14h25 | 10.12.2013

Em outubro, Oliveira disse em depoimento à Comissão da Verdade que recebeu oferta com uma mala de dinheiro para que assumisse na época a culpa pela tragédia


A Comissão Municipal da Verdade de São Paulo divulgou nesta terça-feira (10) documento no qual reúne informações que reforçam a hipótese de que o presidente Juscelino Kubitschek, morto em agosto de 1976, foi assassinado. No documento, o presidente da comissão, vereador Gilberto Natalini (PV-SP), declarou que JK foi vítima de um assassinato ordenado pelo regime militar (1964-1985).
"A comissão declara o assassinato de Juscelino Kubitschek de Oliveira, vítima de conspiração, complô e atentado político na rodovia Presidente Dutra em 22 de agosto de 1976", afirma o relatório apresentado por Natalini.
A Comissão reuniu 90 indícios para sustentar a versão de que o presidente foi morto por autoridades doregime militar. A versão oficial é que JK teria morrido em um acidente de carro, que era conduzido por seu motorista, Geraldo Ribeiro. O motorista teria batido com um ônibus de viagem na rodovia Presidente Dutra, perto de Resende, no Estado do Rio de Janeiro. Entre as provas, estão depoimentos feitos à Comissão neste ano, como os do motorista Josias Nunes de Oliveira, 69, que dirigia o ônibus que teria sido responsável pelo acidente de trânsito e dos passageiros do veículo. Eles afirmam que nunca houve colisão entre o ônibus e o Opala de JK.

Depoimentos
Em outubro, Oliveira disse em depoimento à Comissão da Verdade que recebeu oferta com uma mala de dinheiro para que assumisse na época a culpa pela tragédia. Oliveira afirmou que, cinco dias depois do acidente, foi procurado em sua casa em São Paulo por dois homens. "Eram dois cabeludos que vieram em uma moto e se identificaram como repórteres. Eles disseram que se eu assumisse a culpa, receberia a mala cheia de dinheiro. Eu vi a mala, cheinha de dinheiro. Mas não assumi, pois não tinha a menor culpa." Também foi considerado o depoimento do perito criminal Alberto Carlos de Minas, que disse ter visto "um furo no crânio" do motorista de Juscelino, Geraldo Ribeiro.
A Comissão presidida por Natalini fez visitas à rodovia Presidente Dutra e usou documentos históricos e investigações jornalísticas para chegar ao veredicto. A conclusão da Comissão é que Geraldo Ribeiro foi morto com um tiro e já estava desacordado quando colidiu com um caminhão que vinha em sentido contrário da rodovia fluminense. A Comissão também apresentou provas de que o Opala fez uma parada em um hotel-fazenda de propriedade do brigadeiro Newton Junqueira Villa-Forte três minutos antes do acidente.
 Villa-Forte foi um dos criadores do SNI (Serviço Nacional de Informações) e era próximo ao general Golbery do Couto e Silva. "Nós estamos convictos do assassinato de JK. Estamos assumindo a responsabilidade com a população brasileira que nos acreditamos, baseados em tudo que vimos e ouvidos, que a ditadura militar foi responsável pela morte do ex-presidente", disse Natalini.
"Nós conduzimos esse trabalho de forma totalmente isenta." "Enquanto a ditadura tenta ocultar provas, a democracia vem para reconstituir a verdadeira história. O relatório não deixa dúvida de que a morte de Juscelino foi causada por um assassinato covarde", disse o vereador Ricardo Young (PPS).

FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE

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