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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

No Brasil, Clinton elogia programa Bolsa Família

DIPLOMACIA

No Brasil, Clinton elogia programa Bolsa Família

10.12.2013
Ele também citou as manifestações que tomaram conta do País. "O caminho escolhido foi o diálogo", enalteceu
Rio de Janeiro O ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, alertou ontem sobre a necessidade de redução da desigualdade e elogiou o programa do governo brasileiro Bolsa Família. "O Brasil teve sucesso em reduzir a desigualdade. Programas como o Bolsa Família, fundamentado no Bolsa Escola, são muito importantes", afirmou durante a abertura da Clinton Global Initiative América Latina (CGI América Latina), evento que reúne líderes dos setores empresariais, governamentais, filantrópicos e sem fins lucrativos, até hoje no Rio.

O ex-presidente norte-americano, embora aliado de Obama, criticou a espionagem supostamente praticada pela NSA contra a empresa brasileira Petrobras, mas defendeu o uso da inteligência em questões de segurança nacional Foto: folhapress

Clinton também citou as recentes manifestações que tomaram conta do País e lembrou a guerra civil na Síria, onde "o governo respondeu atirando nas pessoas". Enquanto isso, disse, durante as manifestações populares no Brasil "o caminho escolhido foi o diálogo". "Cooperação funciona melhor para reduzir os problemas", afirmou.

O ex-presidente dos EUA também citou preocupações em relação a inatividade dos jovens brasileiros e o aumento da proporção de pessoas acima do peso, que estaria em 38% no País. "Um em cada cinco brasileiros é obeso. Isso custa bilhões de dólares à sociedade. É crucial encorajar as pessoas a serem ativas", afirmou. Clinton falou ainda sobre a crise global de desemprego e chamou um painel para debater oportunidades de crescimento, com a participação de empresários. "Em todo o mundo há falta de postos de trabalho", afirmou.

Alguns manifestantes se reuniram em frente ao Copacabana Palace, onde ocorre o evento. Eles colocaram cartazes no entorno dos jardins e são monitorados por policiais. Um dos cartazes dizia que Clinton não eram bem-vindo. Alguns cobriam os rostos e faziam barulho com apitos e batendo em latas vazias. O protesto, no entanto, não vingou e em menos de duas horas já havia se dispersado. Ficaram só os cartazes pendurados em alambrados na frente do hotel.

Dilma chegou e saiu pela entrada dos fundos do hotel e não viu a manifestação. O ex-presidente norte-americano disse ainda que é preciso buscar caminhos para acelerar o crescimento econômico com inclusão social e apontou os investimentos privados em infraestrutura como essenciais para o desenvolvimento dos países latino americanos. "Nos últimos dez anos, na América Latina, nós observamos um crescimento surpreendente. Apesar da crise financeira de 2008, 70 milhões de pessoas dessa região saíram do que o Banco Mundial classifica como pobreza extrema, 50 milhões passaram para a classe média. Entre as grandes economias emergentes na última década, apenas Brasil e México mostraram queda da desigualdade. Ainda assim, um progresso foi alcançado. A grande pergunta aqui é como acelerar o crescimento econômico", disse Clinton.

Erro dos EUA
O ex-presidente dos Estados Unidos afirmou, por fim, que Washington não deveria ter coletado informações econômicas da Petrobras. Ele considera que a segurança não deve ser usada como pretexto para espionagem econômica. "Em primeiro lugar, não deveríamos levantar informação econômica sob o pretexto de segurança. Não com um aliado. Isso só deveria ocorrer quando há um acordo de transparência, que é outra coisa. E, nestes casos, falamos abertamente um para o outro o que ocorre". Apesar da crítica ao programa promovido pelo aliado Barack Obama, ele defendeu a espionagem realizada pelos Estados Unidos para questões de segurança.

Sem hegemonias
No mesmo evento, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o Brasil não tem papel de liderança no continente, em meio a um cenário onde "não há espaço para relações hegemônicas. Um verdadeiro processo de integração além de enfatizar a solidariedade, supõe respeito a soberania nacional dos Estados que delem participam". 

FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE

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