Lamentavelmente, em geral, as ilusões são mais sedutoras que a libertadora capacidade de as desfazer.
Nunca fui procurado por alguém se sentindo feliz por ter se “des-iludido” em relação a qualquer coisa.
Ao contrário, eles chegam invariavelmente amargurados por terem descoberto que o Fulano, ou a ideologia, ou o contrato, ou o antigo credo, ou o sócio... haviam traído sua boa-fé. Tais pessoas se espantam quando sugiro que festejem a “des-ilusão”.
Por que, quando por exemplo, morre um ser amado, o normal é o desespero e a depressão?
Só pode ser porque o ser amado, que era mortal, imprudentemente era visto como imortal. Pelo mesmo auto-engodo, entra em parafuso o indivíduo sem discernimento que confia na perenidade de suas tão idolatradas propriedades.
Por que tantos matam e se matam à caça de dinheiro? Porque se iludem, vendo o dinheiro como o fim maior de suas vidas, quando não é. O dinheiro não passa de um meio.
Enquanto a ilusão nos retém num ponto qualquer do caminho, a “des-ilusão” vem nos desencalhar, e só desencalhados conseguimos avançar. Então, por que lamentar? Não é melhor festejar o desencalhe?
Se nos deixamos iludir, o que nos resta é procurar identificar por que e como aconteceu.
Nada a lamentar.
Nada de amaldiçoar aquele que não correspondeu à nossa confiança.
E está na hora de reafirmar que perdoar é fantasticamente bom.
Às vezes, o que chamamos traição acontece porque estivemos, lamentavelmente, esperando colher flores de uma planta brava que só tinha espinhos para dar.
A culpa é da planta ou nossa? Temos sempre o que aprender da experiência desagradável.
E sempre temos de festejar a “des-ilusão”.
Isso nos ajuda a continuar caminhando no rumo da Verdade que liberta.
Professor Hermógenes
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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014
Desilusão
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