 Dizer “Procuro a felicidade” é projetar para fora uma certa emoção, uma certa realidade, uma certa relação. Estamos, então, submersos na projeção.
A felicidade é consequência e não objetivo! É efeito e não causa, na medida em que é algo psíquico. Portanto, antes de tudo, trata-se de procurar o Ser, o Centro, o Princípio… de procurar o Oceano. Nesse momento, nessa capacidade do Ser reencontrado, nessa aquiescência ao Ser reencontrado, a felicidade nos é dada por acréscimo.
A felicidade é reencontrarmos em nós a capacidade para amar, porque tudo o que fazemos sem amor é tempo perdido, é feito em má hora, é uma infelicidade… Enquanto tudo o que fazemos com amor é a eternidade reencontrada, a boa hora reencontrada; desse modo, a felicidade nos é dada por acréscimo.
A felicidade é como um fruto do amor, mas não é sua seiva. No entanto, na fórmula “sem qualquer motivo” estamos próximos dessa seiva. Talvez, desde a escola, deveríamos aprender a ser felizes por nada; a nos sentarmos, todos os dias, durante cinco minutos e oferecer-nos cinco minutos de felicidade “por nada”! Eis uma forma de introduzir a eternidade no tempo, a boa hora no tempo. Uma forma de introduzir, nesse espaço-tempo, amor, “sem qualquer motivo”, gratuidade. Ora, desejamos certamente ser felizes, mas temos necessidade de uma razão para isso! Enquanto, nos instantes de felicidade, entrarmos no mundo do “sem qualquer motivo”, entramos no mundo da gratuidade. Sou feliz sem causa, por nada…
Jean-Yves Leloup
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