BAZAR
Rachel foi responsável por trazer grifes como Tiffany e Pandora para o país
O mercado de luxo não era a primeira opção de Rachel Maia, 44 anos, quando voltou ao Brasil, há 20 anos. Formada em Ciências Contábeis, pós-graduada na USP e com cursos em Vancouver, no Canadá, e Harvard, no Estados Unidos, a executiva queria atuar na indústria, mas foi fisgada por esse universo logo que a Tiffany & Co. chegou ao país.
Depois de oito anos na empresa, assumiu o posto de CEO da Pandora Brasil com planos audaciosos. Em 2014, abriu 23 lojas-conceito da joalheria dinamarquesa por aqui, alcançando 35 no final do ano. A meta para 2015 é dobrar o número de unidades no país, começando por Salvador, que recebe o segundo ponto de vendas da Pandora na terça-feira, no Shopping Barra.
Rachel Maia quer dobrar o tamanho da Pandora em 2015 (Fotos: Divulgação)
|
Você é uma pioneira no mercado de luxo no Brasil. Como começou a atuar no segmento?
Comecei meio que por acaso. Há 20 anos, morava em Nova York e ia sempre ao Times Square ver exposições. Gostava muito de Pablo Picasso e um dia li na internet que a filha dele estava no Brasil. Ela é uma das designers da Tiffany & CO., que estava chegando ao país. Me deu a louca e pensei: preciso estar lá. Voltei e vi a inauguração. Era a primeira joalheria AAA (marca de alto luxo) no país. Dois meses depois, coincidentemente ou não, eu estava trabalhando na Tiffany como CEO.
Você ficou quanto tempo?
Fiquei oito anos na Tiffany e foi lá que começou minha trajetória no mercado de luxo. Tive o desafio de aplicar o conceito de uma joalheria AAA, uma das maiores do mundo, em um mercado em que as pessoas ainda não entendiam o que era a Tiffany. Para mim foi uma excelente escola. Ia de cinco a seis vezes por ano para os Estados Unidos, tentando explicar o que era o Brasil e cuidar de uma operação que não era muito simples.
Você tem que importar produtos, nacionalizar, aplicar as diferenças de impostos e vender o mesmo sonho que existe lá fora aqui no Brasil com um valor acrescido em 30%, 40%. Nossa diferença era o atendimento e parcelamento. No último ano, eu já estava decidida a buscar novos horizontes. Estudei fora porque sempre gostei de me aprimorar. Depois de seis meses fui trabalhar na Pandora.
A Pandora é a segunda maior joalheria no mundo, com 32 anos de história, mas chegou ao Brasil há apenas cinco anos. Como foi a implantação da marca e do conceito da empresa no país?
Foi um desafio, primeiro porque no caso da Pandora estava trazendo uma marca, enquanto a outra joalheria estava totalmente estabelecida. Dar início ao processo não me incomodou, porque a Pandora tem maestria no manufaturar, no “contar histórias” e isso é bacana. Me encantei por poder vender qualidade a um preço acessível e fazer parte de momentos importantes da vida de uma pessoa.
O conceito dos braceletes e charms é a marca registrada da Pandora e fez a grife chegar a 80 países. Pode falar um pouco sobre isso?
Temos joias para todos os momentos. O conceito crie e combine é a essência do universo de joias da marca, um conceito de personalização que permite às mulheres criarem looks para cada momento, desde o dia que ela diz: “quero brilhar” e usa todos os charms de brilho ao dia em que ela está mais emotiva e elege aqueles que contam histórias.
Bracelete com charms: conceito Crie & Combine é a essência da joalheria dinamarquesa
|
A Pandora Brasil tem o quinto melhor atendimento do mundo. Qual o segredo, já que sabemos que essa é uma questão difícil por aqui?
Serviço no Brasil é delicado mesmo, mas você tem que prestar atenção a sua equipe, investir em treinamento e entender que aquele profissional está te representando, é a estrela na ponta da loja. Se elas não estão brilhando, a marca também não brilha. Então, me preocupei em trazer a Pandora da forma certa ao Brasil, oferecer luxo acessível e desejável (os charms custam a partir de R$ 75) não só porque está com as principais atrizes da novela e socialites, mas porque está também com os principais cabeleireiros, manicures. Todo mundo tem o desejo de ter uma joia. Eu vendo emoção com o glamour que ela pede.
Como funciona a operação da Pandora no Brasil?
Toda produção da Pandora no mundo está centralizada na Tailândia. Temos seis fabricas e estamos em processo da sétima fábrica. Temos mais de 6 mil funcionários. Lançamos sete coleções ao ano, com 30 a 50 tipos de charms criados por uma equipe comandada por três designers. São mais de mil tipos de charms, anéis, brincos e colares. Só de charms são entre 500 e 600. Alguns, como o coração, a casinha e o anjinho, estão na Pandora desde o primeiro dia.
O Brasil já inspirou a criação de algum charm?
Temos inspiracionais, como tamborim e chinelas, e um criado especialmente para a Copa do Mundo, que é o mapa. Ele vem com a palavra Brasil escrita com “s”. Estava na Dinamarca vendo os últimos detalhes da coleção quando me perguntaram se seria com “s” ou com “z”. Falei: “Vem cá, eu não vou vender no Brasil? Então é com ‘s’”.
O Brasil já inspirou a grife, que criou um charm para a Copa
|
O ano passado foi difícil para a economia brasileira, mas excelente para a Pandora, que passou de 8 para 35 lojas (23 próprias). Como você explica esse desempenho?
Não foi um ano difícil para o segmento de beleza, de joias. Esse segmento não pode reclamar, e eu não estou falando só da Pandora. Faço parte de alguns grupos de Presidentes e CEOs e tivemos um crescimento sustentável. Andamos na contramão de tudo. Para 2015, temos um plano bem agressivo. Queremos dobrar o tamanho da Pandora no Brasil, começando por Salvador, onde vamos abrir a segunda franquia, no Shopping Barra. A primeira loja fica no Salvador Shopping.
Qual o segredo do sucesso?
Eu acredito que uma pessoa feliz rende mais. Uma pessoa feliz trabalha de uma forma mais leve e positiva e, quando você emana o positivismo, você emana pra tudo. Uma pessoa feliz não te incomoda. Procuro deixar todo mundo feliz no trabalho, me preocupo com detalhes, como se têm frutas para minha equipe todos os dias. É um escritório pequeno, com umas 70 pessoas. No total, fora as franquias, são cerca de 300 funcionários. Todos estão ali porque sentem paixão pelo trabalho.
FONTE:
CORREIO
Nenhum comentário:
Postar um comentário