ECONOMIA
A recomendação é defender o “bolso” para evitar turbulências no orçamento
Priscila Natividade ()
ENTREVISTA
Para o economista Luciano D’Agostini, o dólar está longe de alcançar um patamar adequado e deve continuar subindo. Membro do Conselho Federal de Economia (Cofecon) e especialista em Desenvolvimento Econômico, D’Agostini comenta o contexto econômico que envolve a alta da moeda americana. Veja trechos da entrevista:
http://www.correio24horas.com.br/single-economia/noticia/dolar-acumula-alta-de-69-em-um-ano-veja-reflexos-do-aumento/?
A recomendação é defender o “bolso” para evitar turbulências no orçamento
Priscila Natividade ()
Luciano D’Agostini, economista (Foto: Divulgação) |
Em forte movimento de alta, o dólar comercial (negociado à vista e usado nas transações comerciais) fechou ontem o quarto pregão seguido de valorização frente à moeda brasileira, a R$ 4,05, maior cotação da história do real (moeda brasileira lançada em 1994). O recorde anterior era R$ 3,99, em outubro de 2002. Entre 22 de setembro de 2014 e ontem, o dólar acumulou uma valorização de 69%.
Neste período, o Brasil passou pelo aprofundamento da crise, com aumento da inflação, menor poder de consumo das famílias e queda na atividade econômica. Vários fatores passaram a interferir na vida das pessoas, inclusive na de quem pretende viajar.
A conjuntura desfavorável exige novos planos e contas de quem está de malas prontas ou planeja sair do país nas próximas semanas. Isso porque a maioria dos economistas não consegue enxergar quando o dólar vai deixar de subir. A recomendação é defender o “bolso” para evitar turbulências no orçamento.
Assustada, a empresária Ana Berenguer teve de rever a programação da viagem que fará até a Flórida (EUA) em novembro para visitar a filha Clara, que há um mês estuda lá. “Antes de minha filha viajar, estava tudo certo para que eu passasse o dia de Ação de Graças (tradicional feriado americano) com ela. Mas fui surpreendida por esta alta e tive que rever toda a viagem”, conta.
Ainda ontem, Ana comprou a moeda por R$ 4,13. “Acabei comprando já a maior parte e durante o mês, o que for sobrando (do orçamento) eu complemento”. Do roteiro original, Ana já desistiu da visita que faria a Nova York. “Abri mão, vou gastar o mínimo possível”.
Ainda ontem, Ana comprou a moeda por R$ 4,13. “Acabei comprando já a maior parte e durante o mês, o que for sobrando (do orçamento) eu complemento”. Do roteiro original, Ana já desistiu da visita que faria a Nova York. “Abri mão, vou gastar o mínimo possível”.
Cenário
Segundo o economista Luciano D’Agostini, a variação da taxa de câmbio é influenciada pela falta de confiança que o investidor tem com relação ao governo e ao cumprimento das metas fiscais. A situação fica ainda mais difícil diante de um mercado internacional que também não vai muito bem. “Um conjunto de fatores internos e externos que aconteceram ao mesmo tempo levou ao enfraquecimento da moeda brasileira”, explica.
Segundo o economista Luciano D’Agostini, a variação da taxa de câmbio é influenciada pela falta de confiança que o investidor tem com relação ao governo e ao cumprimento das metas fiscais. A situação fica ainda mais difícil diante de um mercado internacional que também não vai muito bem. “Um conjunto de fatores internos e externos que aconteceram ao mesmo tempo levou ao enfraquecimento da moeda brasileira”, explica.
Nas casas de câmbio de Salvador, o dólar turismo chegou a ser vendido ontem a R$ 4,23. A loja MultiMoney, localizada no Shopping Bela Vista, criou um grupo no WahtsApp para informar aos clientes o dia de cotação mais baixa. “As pessoas estão muito temerosas. Quem procura a agência só está levando para a viagem o que realmente necessita”, assegura o gestor da casa de câmbio, Olavo Lemos. Embora repasse o preço da alta da moeda e cobre seu lucro, ele afirma que a cotação atual prejudica seu negócio. “Quem vai viajar acaba comprando a metade do dólar que levaria caso a cotação estivesse mais baixa, e isso não deixa de interferir na nossa receita”, diz.
Para quem está com a data de embarque cada vez mais próxima, a dica é comprar a moeda o quanto antes, como recomenda o educador financeiro Ângelo Guerreiro. “O dólar, do jeito que está, não irá baixar tão cedo”. Quem está com a viagem agendada deve optar por comprar a moeda aos poucos, observando variações do mercado. “A compra parcelada é a melhor alternativa para diminuir o risco de perda”. A economia também precisa ser levada em conta durante a estadia no exterior. “É tentar fazer mais com menos”, orienta o educador.
ENTREVISTA
Para o economista Luciano D’Agostini, o dólar está longe de alcançar um patamar adequado e deve continuar subindo. Membro do Conselho Federal de Economia (Cofecon) e especialista em Desenvolvimento Econômico, D’Agostini comenta o contexto econômico que envolve a alta da moeda americana. Veja trechos da entrevista:
Por que o dólar está subindo tão rápido?
O rebaixamento da nota de crédito do Brasil e as dificuldades do governo em cumprir o ajuste fiscal são os fatores nacionais que justificam a desvalorização do real diante da moeda americana. No cenário internacional, o Brasil tem hoje a segunda moeda mais desvalorizada entre os países que integram o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), perdendo apenas para a China. Paralelo a isso, a valorização da moeda americana sinaliza também a melhoria das condições macroeconômicas dos Estados Unidos.
O rebaixamento da nota de crédito do Brasil e as dificuldades do governo em cumprir o ajuste fiscal são os fatores nacionais que justificam a desvalorização do real diante da moeda americana. No cenário internacional, o Brasil tem hoje a segunda moeda mais desvalorizada entre os países que integram o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), perdendo apenas para a China. Paralelo a isso, a valorização da moeda americana sinaliza também a melhoria das condições macroeconômicas dos Estados Unidos.
Até quando a moeda americana deve ficar em alta?
Este conjunto de fatores acabou enfraquecendo a moeda brasileira e diminuindo a confiança do mercado internacional em investir no Brasil. Enquanto o país não reorganizar as contas e restabelecer esta confiança com uma política fiscal e monetária adequada, o dólar vai continuar subindo - e muito rápido.
Este conjunto de fatores acabou enfraquecendo a moeda brasileira e diminuindo a confiança do mercado internacional em investir no Brasil. Enquanto o país não reorganizar as contas e restabelecer esta confiança com uma política fiscal e monetária adequada, o dólar vai continuar subindo - e muito rápido.
A alta no preço da moeda é fruto de uma especulação de mercado ou já é resultado do aumento da taxa de juros americana?
Na verdade, o mercado já antecipa o aumento dos juros americano, que devem subir só no ano que vem. Ou seja, o dólar deve continuar em alta ainda por muito mais tempo.
Na verdade, o mercado já antecipa o aumento dos juros americano, que devem subir só no ano que vem. Ou seja, o dólar deve continuar em alta ainda por muito mais tempo.
Há alguma vantagem com a alta da moeda americana?
Vantagem mesmo, só para os investidores que apostaram no fundo de câmbio. Quem aplica no dólar, com certeza, está rindo agora.
Vantagem mesmo, só para os investidores que apostaram no fundo de câmbio. Quem aplica no dólar, com certeza, está rindo agora.
Qual seria a taxa de câmbio ideal para o Brasil, sem que o país comprometa as exportações nem pressione a inflação?
Para manter o equilíbrio, o Brasil precisaria de um câmbio industrial por volta de R$ 3,70. Já o câmbio para a população teria um o valor de aproximadamente R$ 3,40. No mercado financeiro, o câmbio não tem teto, porque quanto maior a taxa de câmbio, maior também será o ganho do fundo cambial.
FONTE:Para manter o equilíbrio, o Brasil precisaria de um câmbio industrial por volta de R$ 3,70. Já o câmbio para a população teria um o valor de aproximadamente R$ 3,40. No mercado financeiro, o câmbio não tem teto, porque quanto maior a taxa de câmbio, maior também será o ganho do fundo cambial.
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