Pesquisa divulgada ontem mostra um quadro preocupante no Brasil, com maior incidência de casos
Por OPOVO - O assédio é uma realidade para 87% das mulheres brasileiras que vivem em áreas urbanas, 16% relataram ter sido assediadas antes dos 10 anos e 55%, com 18 anos ou menos. As informações estão em pesquisa divulgada ontem e encomendada pela organização internacional de combate à pobreza ActionAid no Dia Internacional pelo Fim da Violência Contra as Mulheres.
Além das brasileiras, foram ouvidas tailandesas, indianas e britânicas. O Brasil é o que apresenta a maior incidência de assédio entre as mulheres e também entre aquelas que sofreram assédio antes dos 10 anos. Foram considerados assédio atos indesejados, ameaçadores e agressivos contra as mulheres, podendo configurar abuso verbal, físico, sexual ou emocional.
Evento em Brasília, ontem, discutiu violência contra a mulher |
Além das brasileiras, foram ouvidas tailandesas, indianas e britânicas. O Brasil é o que apresenta a maior incidência de assédio entre as mulheres e também entre aquelas que sofreram assédio antes dos 10 anos. Foram considerados assédio atos indesejados, ameaçadores e agressivos contra as mulheres, podendo configurar abuso verbal, físico, sexual ou emocional.
Para a produtora Erika Freddo, 38 anos, o fato de não ter sofrido assédio antes dos dez anos é uma raridade. “Acho que fui muito protegida quando criança, mas várias amigas já contaram ter sofrido quando crianças assédio de amigo da família, padrasto, mas, depois de adulta, o assédio tornou-se quase cotidiano”, disse.
Para a assessora do Programa de Direito das Mulheres da ActionAid no Brasil, Jéssica Barbosa, é preocupante o alto índice de assédios a crianças no País, que revela uma propensão da sociedade brasileira à sexualização infantil. “O patriarcado atua nesse processo de naturalização da violência contra a mulher e aí não estamos falando de homens loucos, de uma exceção, mas sim, do primo, do tio, do vizinho, de homens que foram ensinados a sexualizar essas crianças desde muito cedo. Os dados mostram que a maioria dos estupradores são conhecidos das vítimas”.
Acesso total
A representante da ActionAid disse que melhorar a segurança dos espaços públicos, com mais iluminação, policiamento, melhores meios de transporte, diminui a vulnerabilidade das mulheres nas rua. “Precisamos garantir o acesso da mulher à cidade e desnaturalizar a violência. Estamos falando de mulheres que deixam de usufruir da cidade, de serviços públicos, que deixam de viver todas as suas liberdades e potencialidades pelo medo do assédio e da violência”, disse Jéssica.
A pesquisa foi feita online no período entre 1º e 14 de novembro e ouviu 2.236 mulheres: 1.038 na Grã-Bretanha, 502 no Brasil, 496 na Tailândia e 200 na Índia. Os números foram ponderados e são representativos de todas as mulheres maiores de idade na Grã-Bretanha, todas as mulheres online na Tailândia e toda a população urbana feminina de Brasil e Índia.
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