72% dos jovens do sexo masculino dizem que a contracepção é responsabilidade do casal - mas 38% não querem que a parceira pare de tomar a pílula.
POR SUPER INTERESSANTE - Por Pâmela Carbonari
(Jfanchin/iStock) |
Muitas vezes atribuída às mulheres, a pergunta deveria ser respondida em uníssono: por todo mundo que for sexualmente ativo. No entanto, no Brasil ainda falta um pouco para chegarmos à resposta unânime: 72% dos homens entre 15 e 25 anos considera que é responsabilidade do casal e 10% acha que é obrigação feminina. Mesmo acreditando da “divisão de tarefas”, 48% dos jovens brasileiros considera o anticoncepcional oral como seu método favorito e prefere que suas parceiras tomem o medicamento, seguida do preservativo masculino (39%), e 38% disse que não apoiaria sua parceira se ela decidisse parar de tomar a pílula.
Os dados acima são resultado de um levantamento do Departamento de Ginecologia da UNIFESP, em parceria com a Bayer, realizado com dois mil homens jovens de 10 capitais brasileiras com o intuito de entender o papel de homens e mulheres no planejamento familiar e na prevenção de DST.
Uma das principais surpresas da pesquisa foi o efeito “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço” – apesar de 72% deles acreditar que a contracepção deve ser uma responsabilidade do casal e 34% dos entrevistados elencar que contrair uma DST é a coisa que mais os preocupa no sexo, a maioria não se protege. A média brasileira é que 73% dos homens jovens do Brasil já transaram sem proteção e que apenas um terço dos jovens afirma usar preservativo em todas as relações. Se olharmos os números extremos do país, a realidade é ainda mais preocupante: 94% dos entrevistados em Belém revelaram já ter feito sexo sem proteção e apenas 4% dos jovens de Porto Alegre e Curitiba transam com camisinha em todas as relações.
Fazer sexo desprotegido não é necessariamente falta de camisinha por perto, já que 60% disse que costuma carregar um preservativo consigo. Quando perguntados sobre os motivos de terem transado sem proteção, 16% respondeu que não queria cortar o clima, 11% “simplesmente esqueceu” da necessidade de proteção, 10% decidiu arriscar, 9% fez sexo desprotegido porque estava bêbado ou sob efeito de drogas e outros 9% contaram que a garota que estavam não quis ou não se importou em transar sem proteção.
Essa atitude despreocupada com a própria saúde sexual, e com a saúde da parceira, é um dos reflexos do assunto ser um tabu. Grande parte dos pais não conseguem ter conversas francas com seus filhos e muitas vezes a escola e os profissionais de saúde falham em dialogar com os adolescentes sobre sexualidade. Não à toa que a os amigos e os sites de sexo figuram como as principais fontes de informação sobre o assunto e que 31% dos entrevistados não conversem nem com suas parceiras sobre contracepção.
“A quantidade de jovens brasileiros sexualmente ativos que já fizeram sexo desprotegido reforça a necessidade de ampliar o acesso a informações essenciais sobre sexo e contracepção. A mulher é que mais arca com as consequências de uma gravidez indesejada, e gestação não empodera ninguém, escraviza. Empoderar a mulher é usar camisinha”, afirmou Albertina Duarte Takiuti, ginecologista do Hospital das Clínicas de São Paulo, durante a divulgação da pesquisa.
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