EM FORTALEZA

Chumbinho é vendido livremente

15.11.2013

Apesar de proibida desde outubro de 2012, a substância é encontrada facilmente nas ruas do Centro
O chumbinho, agrotóxico comumente utilizado para matar ratos, é proibido de ser comercializado no Brasil. Entretanto, não é difícil encontrar em Fortaleza locais onde o produto é vendido ao ar livre. Nesta semana, um homem confessou ter envenenado a ex-mulher e duas amigas dela com o produto. A primeira está hospitalizadas e as outras duas morreram. O crime aconteceu na semana passada.

De acordo com dados do IJF, a intoxicação por agrotóxicos agrícolas, como chumbinho, corresponde a 58% dos casos das internações por envenenamento

Desde outubro de 2012, a produção, comercialização e uso de qualquer veneno baseado em aldicarbe, matéria prima do chumbinho, está banida no País, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo o órgão, quem produz e comercializa o chumbinho são "quadrilhas de contraventores, que adquirem o produto de forma criminosa (através de roubo de carga, contrabando a partir de países vizinhos ao Brasil ou desvio das lavouras), fracionam e/ou diluem e revendem no comércio informal".

A equipe da Redação Web do Diário do Nordeste visitou algumas lojas de produtos agrotóxicos na cidade. "Não vendemos chumbinho. É proibido", afirmou a vendedora de uma loja no bairro São João do Tauape.

No Centro, novamente a negativa. Entretanto, basta andar nas calçadas e recorrer aos ambulantes para encontrar o veneno. Com a indicação de um contato, a reportagem chegou ao vendedor. "Quem lhe disse que eu tenho?", questionou o homem. Após ser fornecido o nome do contato, o vendedor desembalou dois potes do chumbinho e cobrou R$ 5 por cada um. "Desculpe a desconfiança, é que só vendo quando vejo que é uma pessoa que merece", explicou.

Confira vídeo



Intoxicação
De acordo com informações do Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox) do Instituto Dr. José Frota (IJF), os casos de intoxicação por agrotóxicos agrícolas, entre os quais está o chumbinho, são os campeões de internações deste ano no Ceará. Foram 200 casos de intoxicação, segundo a unidade.

Os dados, atualizados até o mês de setembro, contabilizam 116 casos de intoxicação por agrotóxicos agrícolas, o que representa 58% das internações por envenenamento. Na sequência, os raticidas foram responsáveis por 44 internações, correspondendo a 22% dos casos. Agrotóxicos de uso doméstico, 22 casos, e produtos veterinários, 18 internações, completam a lista. O hospital não informou a quantidade de óbitos. A Anvisa estima, até 2012, cerca de 8 mil casos de intoxicação com chumbinho por ano em todo o Brasil.

Apesar do grau de toxicidade, o chumbinho não é suficiente para exterminar ratos, segundo a Anvisa. "Normalmente, como o primeiro animal que ingere o veneno morre de imediato, os demais ratos observam e não consomem aquele alimento", diz o site da agência.

Orientação
O que fazer quando alguém ingere um produto nocivo como o chumbinho? A orientação é simples: levar o paciente o mais rápido possível ao hospital. Além disso, nada de oferecer leite ou alimento ao envenenado. O leite piora o quadro clínico e dificulta a ação médica. Quem faz o alerta é o farmacêutico plantonista do Ceatox, Joaquim Gonçalves. Em casos extremos, o atendimento não pode demorar mais de seis horas desde a intoxicação. "O tratamento não é difícil de ser feito e o paciente tem uma chance de cura de quase 100% quando o atendimento é preciso e rápido. O bom é ele vir ao hospital entre quatro e seis horas depois de envenenado", aconselha.

A reportagem entrou em contato com a Vigilância Sanitária do Município, mas a coordenadora estava ausente.

LEVI DE FREITASREDAÇÃO WEB 


FONTE:
DIÁRIO DO NORDESTE