NAS ARQUIBANCADAS

Todos juntos num só ´calorão´

06.12.2013

Fifa admite que não realizou testes para definir o quanto as altas temperaturas podem afetar o público
Um dos assuntos mais discutidos na Costa do Sauipe tem sido o horário das 13 horas para a realização de partidas em cidades como Fortaleza. Em nova coletiva de imprensa, a Fifa mais uma vez sinalizou que dificilmente modificará esse roteiro.

Valcke acredita que é mais fácil para o público na arquibancada se hidratar Foto: Reuters

A Fifa já havia deixado explícita sua posição sobre o assunto no início desta semana. Para os dirigentes da entidade, não há problemas para os jogadores, pois relatórios médicos encomendados pela própria Fifa apontam que não há riscos para saúde dos atletas. Perguntado sobre o público (formado por pessoas comuns como idosos, crianças, mulheres e homens sem perfil atlético), o secretário geral da Fifa, Jérôme Valcke, admitiu que os exames não contemplaram quem vai pagar ingresso para ficar nas arquibancadas abertas ao sol e calor em parte dos estádios durante as partidas de 13h.


"É menos difícil para o público sair para beber água do que para o jogador. Por isso, faz parte do regulamento interromper o jogo caso seja necessário hidratar os jogadores. Há três autoridades na partida que poderão decidir juntas a necessidade desta pausa para a segurança de todos", contou. O presidente da Fifa, Joseph Blatter, preferiu dar -se por satisfeito com a resposta de Valcke. Os jornalistas insistiram com a mudança de temperaturas e também os grandes deslocamentos pelo País como prováveis pontos fracos do Mundial, mas a Fifa resolveu responder usando o passado. "Já foram feitos jogos nessa temperatura em outras Copas. Também houve deslocamentos mais longos em outras ocasiões e não houve problemas", concluiu Valcke.

Como já havia dito em entrevista publicada ontem pela reportagem, o conselheiro do Comitê Organizador Local da Copa, Ronaldo, confirmou sua posição sobre o assunto. Mais uma vez, agora para toda a imprensa internacional, ele defendeu a realização de partidas no horário de 13h em cidades como Fortaleza. "Os jogadores estão acostumados a jogar nesse horário. Foi assim em outras Copas e eu já joguei muitas vezes nessas condições", disse.

Protestos por pouco não tiraram Copa do Brasil
As manifestações populares de junho passado quase tiraram a Copa do Mundo do Brasil, admitiu Jérôme Valcke. O dirigente reconheceu que os protestos assustaram a entidade e colocaram em dúvida a realização da Copa das Confederações.

"Tecnicamente falando, se a Copa das Confederações não fosse organizada até o final, poderia não haver Copa do Mundo no Brasil em 2014", admitiu Valcke, em entrevista à ESPN. Durante a disputa do torneio, em junho, tanto o presidente Joseph Blatter quanto o próprio Valcke haviam descartado qualquer possibilidade de vetar o Mundial em razão dos protestos.

O secretário-geral revelou também que houve uma reunião de crise da Fifa com o governo na manhã do dia 21 junho, logo após o auge das manifestações pelo Brasil, para avaliar a segurança da Copa das Confederações - o torneio foi disputado entre os dias 15 e 30 de junho.

"Na noite do dia 20 de junho, as coisas atingiram o auge. Me lembro de estar vendo pela televisão e estar em contato com Luis Fernandes (secretário executivo do Ministério do Esporte) e pessoas da segurança até quatro horas da manhã. Não foi a noite mais fácil para nós. Pela manhã, fizemos uma reunião de crise para falar sobre a situação no Brasil e como nós poderíamos lidar com ela", contou Valcke.

Surpresa
Naquela reunião, Fifa, governo e COL decidiram manter o evento. "Ninguém poderia esperar tamanho nível de manifestações. Nossa maior preocupação era garantir o mais alto nível de segurança. Não para proteger a Fifa. Para proteger jogadores, torcedores, imprensa", finalizou o dirigente. (das agências)

ILO SANTIAGO JR.SUBEDITOR*

*Enviado à Costa do Sauipe

FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE