FORTALEZA DESMEMORIADA 12/03/2014 - 22h02
Página no Facebook faz sucesso ironizando obra da Prefeitura
FORTALEZA DESMEMORIADA
As reações, de apoio e de contestação à obra, surgiram de todas as formas. Na última segunda-feira, 10, cerca de 100 manifestantes ocuparam a Praça em protesto contra a construção do binário entre as avenidas Dom Luís e Santos Dumont. Nesta terça-feira, 11, foi criada uma Fan Page no Facebook, o "Fortaleza Desmemoriada", que já tem quase 5 mil curtidores até a publicação desta matéria, como uma formas formas de reação à obra da Prefeitura.
"A ironia sustentada pelo humor" é o que marca as publicações da página, segundo o autor que não quis se identificar. Confira entrevista concedida ao O POVO Online com o publicitário cearense que administra a Fan Page.
O POVO: Quando e como surgiu a ideia da página Fortaleza Desmemoriada?
"A ironia sustentada pelo humor" é o que marca as publicações da página, segundo o autor que não quis se identificar. Confira entrevista concedida ao O POVO Online com o publicitário cearense que administra a Fan Page.
O POVO: Quando e como surgiu a ideia da página Fortaleza Desmemoriada?
Autor: Ontem de manhã (11). Eu vinha tentando processar a demolição da Praça Portugal desde sexta-feira, 7, quando soube da história. Li bastante a respeito, vi o que foi publicado sobre o projeto com atenção, cheguei a conversar com alguns amigos para saber a opinião deles, e o sentimento geral parecia de resignação. Todo mundo estava meio que aceitando que a Praça fosse destruída, uns com tristeza, outros até receosamente avaliando como uma boa saída. Mas eu não me convencia de jeito nenhum. Até que não deu mais: depois de ouvir do prefeito que a Praça não era tão importante porque só uns poucos grupos jovens a utilizavam e que não era histórica usando como referência temporal a própria idade, decidi que precisava fazer alguma coisa. E fiz isso usando o que eu sei. Sou publicitário por formação, trabalhei durante anos como redator em agências de propaganda e hoje trabalho principalmente com design gráfico, então foi natural querer que a página tivesse um conceito bem definido. No caso, a ironia, sustentada pelo humor e uma identidade visual padrão, que se repete em todas as postagens. No começo da tarde de ontem, criei a página e subi os primeiros posts. Convidei menos de dez amigos que já haviam se posicionado sobre o assunto da Praça e que iriam achar engraçado e saí para resolver umas coisas. Quando voltei, a página já tinha mais de mil curtidas.
OP: Quem faz a página, as criações (gráfica e frases)?
Autor: Tive a ideia para a maioria dos posts, busco as imagens e crio os layouts. No entanto, prefiro não me identificar, pelo menos por hora. Minha esposa e alguns amigos que sabem quem sou eu também me mandam sugestões, e as adapto para a linha textual da página. Com a repercussão da página, passei a receber mais ideias do que consigo atender, mas aos poucos completaremos esse mapeamento de todos os monumentos e espaços públicos "inúteis" de Fortaleza.
OP: Qual o objetivo da página?
Autor: A ideia inicial foi chamar atenção para o meu ponto de vista sobre a demolição da Praça Portugal. Mas esse foi apenas o gancho que eu usei para começar um debate maior, sobre essa visão pseudofuturista de que a paisagem de uma cidade precisa ser modernizada o tempo todo, mesmo que para isso se destruam monumentos e espaços públicos com décadas de existência. Os que defendem a demolição dizem que ela é esteticamente ultrapassada e que não acompanhou a modernização do entorno. Já eu penso que são justamente esses contrastes que tornam uma cidade interessante. Não sou arquiteto nem urbanista (nem mesmo de Facebook). Falo como um cidadão fortalezense que já conheceu cidades em dez países diferentes e só gostaria que não fosse negado a Fortaleza o direito de envelhecer bem e passar a ter esses contrastes entre o velho o novo. Logo, se temos como mentalidade a de que uma praça de 45 anos não é antiga o suficiente para ser considerada histórica e que, por isso, deve ser demolida, nunca teremos praças antigas o suficiente. E aí, que futuro têm construções relativamente novas como o Dragão do Mar, com seus aproximadamente quinze anos, e a Catedral Metropolitana, inaugurada em 1978?
OP: Já recebeu alguma crítica?
Autor: Tive a ideia para a maioria dos posts, busco as imagens e crio os layouts. No entanto, prefiro não me identificar, pelo menos por hora. Minha esposa e alguns amigos que sabem quem sou eu também me mandam sugestões, e as adapto para a linha textual da página. Com a repercussão da página, passei a receber mais ideias do que consigo atender, mas aos poucos completaremos esse mapeamento de todos os monumentos e espaços públicos "inúteis" de Fortaleza.
OP: Qual o objetivo da página?
Autor: A ideia inicial foi chamar atenção para o meu ponto de vista sobre a demolição da Praça Portugal. Mas esse foi apenas o gancho que eu usei para começar um debate maior, sobre essa visão pseudofuturista de que a paisagem de uma cidade precisa ser modernizada o tempo todo, mesmo que para isso se destruam monumentos e espaços públicos com décadas de existência. Os que defendem a demolição dizem que ela é esteticamente ultrapassada e que não acompanhou a modernização do entorno. Já eu penso que são justamente esses contrastes que tornam uma cidade interessante. Não sou arquiteto nem urbanista (nem mesmo de Facebook). Falo como um cidadão fortalezense que já conheceu cidades em dez países diferentes e só gostaria que não fosse negado a Fortaleza o direito de envelhecer bem e passar a ter esses contrastes entre o velho o novo. Logo, se temos como mentalidade a de que uma praça de 45 anos não é antiga o suficiente para ser considerada histórica e que, por isso, deve ser demolida, nunca teremos praças antigas o suficiente. E aí, que futuro têm construções relativamente novas como o Dragão do Mar, com seus aproximadamente quinze anos, e a Catedral Metropolitana, inaugurada em 1978?
OP: Já recebeu alguma crítica?
Autor: Surpreendentemente poucas e vindas de quem não entendeu que os posts são irônicos. Acho que só umas duas pessoas que entenderam qual é a da página e mesmo assim são a favor da demolição apareceram por lá. Mas ninguém ligou.
O POVO OnlineFONTE:
OPOVO
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