NO CEARÁ
43 bancos atacados em 2014; mais de 80 envolvidos presos
17.08.2014
Segundo a Polícia, apesar do número de ataques, os crimes de roubo e furto reduziram em relação a 2013
As quadrilhas especializadas em ataques a bancos já agiram em 43 agências no Ceará neste ano até agosto, de acordo com dados do Sindicato dos Bancários do Ceará, excluídas as saidinhas e chegadinhas bancárias. Apesar deste número, a quantidade de roubos a bancos e instituições financeiras caiu 16,7% enquanto os furtos diminuíram 40%, somente de janeiro a junho, em comparação com o primeiro semestre do ano passado. Os dados são da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) da Polícia Civil.
Neste ano, de acordo com a DRF, já foram mais de 80 pessoas presas, suspeitas de envolvimento nos crimes de ataques contra bancos no Estado. Dentre eles, Francisco de Assis Fernandes da Silva, o 'Barrinha', e mais três comparsas.
O grupo, de acordo com o titular da DRF Raphael Vilarinho, é considerado de alta periculosidade e era especialista em ataques e explosões de agências bancárias. Francisco era o número um na lista dos mais procurados do Estado, e foi capturado no dia 20 de junho.
Reduções
De acordo com os dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), foram registrados 25 roubos a bancos no Ceará no primeiro semestre deste ano. Em igual período de 2013, foram 30 ataques. A redução foi de 16,7%. Em todo o ano de 2013, estão registrados 67 roubos.
Já a quantidade de furtos caiu quase pela metade. De janeiro a junho de 2014 a Polícia registrou o total de nove crimes a instituições financeiras. Em igual período do ano passado foram 15 crimes registrados. Uma diminuição de 40%. O ano de 2013 fechou com a quantidade de 21 furtos a bancos e instituições financeiras no Estado.
Parcerias
O delegado titular da DRF exalta as parcerias feitas com outros órgãos da Segurança Pública para conseguir diminuir os crimes contra os bancos no ano. "Firmamos parceria com o Exército, o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar para reprimir, por exemplo, o uso de explosivos", explicou Vilarinho.
Segundo o delegado, há um trabalho conjunto em prol das ações contra os ataques dos bandidos. "Há uma força-tarefa montada, onde somamos força e informações para combater as quadrilhas especializadas", pontuou, enfatizando as parcerias firmadas pela Delegacia.
Nestas parcerias, Vilarinho destaca a que tem com os estados vizinhos, especificamente, os que fazem divisa com o Ceará. "Desde que tomei posse na Delegacia de Roubos e Furtos, em janeiro, minha intenção tem sido fazer integração com os outros estados, principalmente os que fazem divisa conosco. Já tivemos êxito na desarticulação de diversas quadrilhas interestaduais, justamente por esta troca de informações", relatou.
O delegado ressaltou que há uma determinação da SSPDS para realizar um trabalho integrado. A operação "Divisa Segura" reúne as secretarias de Segurança dos estados do Nordeste.
"Todos os meses realizamos reuniões onde ficam acertadas operações conjuntas e troca de informações. Este trabalho integrado reúne além da Polícia Civil a Polícia Militar e a Coordenadoria de Inteligência (Coin) da SSPDS. Contamos, também, com o apoio sempre imprescindível que vem das denúncias da população", disse.
"A determinação do secretário da Segurança Pública (Servilho Paiva), e do delegado geral da Polícia Civil (Andrade Júnior) é o trabalho integrado entre as forças policiais Civil e Militar", revelou o titular da DRF, enfatizando a união das forças policiais dentro e fora do Estado.
Prisões
Com as parcerias, as prisões se intensificaram nos últimos seis meses. O delegado titular da DRF afirma que já foram mais de 80 pessoas detidas neste ano, envolvidos com ataques a bancos no Estado do Ceará.
Dentre estas prisões, estão a da quadrilha de Barrinha e outras apontadas como de alta periculosidade. O delegado destacou a prisão, por exemplo, do grupo criminoso liderado por Jucelino Costa da Fonseca, o 'Celinho Terror'.
"Nossa intenção é sempre diminuir a atuação destes criminosos. E já conseguimos desarticular diversos grupos, dos mais bem estruturados, que são as quadrilhas do Barrinha e do Jucelino. Prendemos tanto os que participaram dos ataques a bancos como os traficantes de drogas que eram por eles financiados, com dinheiro oriundo dos bancos roubados", enalteceu.
Em outras ocasiões, nomes como Francinei Nobre da Silva, Fábio Eduardo Moura Lima, Natanael Pereira da Costa, Carlos Kenilsson Pereira da Silva foram capturados pelas equipes policiais da DRF. Este último, é investigado por suspeito de ter participado no resgate ao preso 'Fabinho da Pavuna', em fevereiro de 2011. Pavuna seria comparsa de 'Alex Gardenal', que o resgatou do presídio naquela ocasião, e têm ligação com assaltos a bancos e carros fortes.
O delegado destacou, ainda, os trabalhos realizados na cidade Deputado Irapuã Pinheiro, a 350 km de Fortaleza, em abril, quando Elieudo Rodrigues de Oliveira, Francisco Francinildo da Silva e Raimundo Nonato Brito Silva foram presos, durante tentativa de roubo a um banco daquela cidade.
Em circunstâncias semelhantes, no mês de junho, na cidade de Morrinhos, a 208 km da Capital, Erivando Nascimento Mendes e Roberto Rivelino Dias do Prado também foram presos, quando tentavam arrombar uma agência bancária.
Vilarinho também citou a prisão de Francisco Ediverto Amaro Honório, no mês de abril. Ediverto, que possui uma extensa ficha criminal, é apontado como membro da quadrilha de 'Fabinho da Pavuna' e 'Alex Gardenal', e envolvido com diversos ataques a bancos e sequestros.
Quadrilhas interestaduais
Vilarinho destacou também as prisões de grupos oriundos de outros estados antes ou depois de agirem no Ceará. As capturas são fruto do trabalho em conjunto feito pela DRF com delegacias de todo o País. "Também é importante frisar o resultado das parcerias com as polícias de outros estados. No mês de maio, prendemos criminosos do Pará que sequestraram seis gerentes de bancos na zona norte do Estado", enfatizou.
O delegado se referia ao grupo liderado por Sandro Moreti Alves Marçal, foragido da Justiça paraense, e Francisco Alexandre Pinto de Lima, o "Cara de Peixe". Com eles, também foram capturados Francisco Eder Pereira da Silva, Leandro Vieira de Oliveira e Marcelo Emídio de Sousa. O grupo já possuía, em Fortaleza, um cômodo instalado em uma residência pronto para servir de cativeiro para as próximas vítimas dos sequestros que planejavam.
Outro grupo interestadual capturado pela Delegacia de Roubos e Furtos era formado pelos catarinenses Eduardo Domingos e Bruno da Silva, e pelos cearenses Estefânio Washington Temóteo Aquino, Filippe Vasconcelos Viana e Antônio Bruno da Silva. Eles foram capturados quando tentavam arrombar um cofre na cidade de Cascavel, a cerca de 62 km de Fortaleza.
No mês de maio, foram presos os mato-grossenses Herickson Alves Guimarães, Robson Alexandre da Silva, Douglas de Almeida Santana e Bruno Renerson Nascimento Pereira. Eles atacaram uma loja de eletrodomésticos, um supermercado e uma joalheria, em um prejuízo que superava o valor de um milhão de reais, segundo as vítimas.
Financiando o tráfico
As investigações da DRF, segundo seu titular, apontam para uma ligação existente entre as quadrilhas especializadas em ataques a bancos e o tráfico de drogas no Ceará.
De acordo com Raphael Vilarinho, os frutos dos roubos às instituições financeiras servem para financiar os traficantes e, assim, aumentar os ganhos ilícitos das quadrilhas.
"Quando prendemos uma quadrilha e aprofundamos as investigações, descobrimos que, em geral, elas investem no tráfico de drogas. Desta forma, nossos trabalhos sempre continuam no sentido de desestabilizar a parte financeira dos bandidos", explicou o delegado.
Levi de Freitas
Repórter
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