DISFUNÇÃO ERÉTIL
Falhar é humano. Importante saber que existe tratamento
30.11.2014
Melhorar a qualidade de vida dos homens com indicação cirúrgica para tratar a DE é o objetivo da campanha da SBU
O desconhecimento sobre seu próprio corpo, as formas de prevenção e tratamento é um comportamento típico do brasileiro. É o que acontece especialmente com os homens em relação à disfunção erétil (DE). Segundo pesquisa "De Volta ao Controle", realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) que avalia a percepção masculina e feminina sobre a doença que afeta 25 milhões de brasileiros (11,3% convivem com as formas moderada e grave).
O primeiro dado que chama a atenção é que 72% dos entrevistados não conhecem os diferentes níveis de gravidade da disfunção erétil, que podem ser leve, moderado ou completo. O desconhecimento mais prevalente está entre a população na faixa de 40 a 49 (78%). Os que detêm mais informação têm idade entre 60 e 69 anos (41%).
"O conhecimento maior sobre a doença nessa faixa etária deve-se principalmente ao fato de que a disfunção erétil está relacionada, entre outros fatores, ao avanço da idade. Portanto, é natural que entre o público mais velho haja maior familiaridade com o assunto, pois muitos homens já enfrentaram ou enfrentam o problema com maior frequência do que os jovens", analisa o urologista Carlos Eduardo Corradi Fonseca, presidente da SBU.
Desconhecimento
Outro dado relevante é que um terço dos entrevistados (34%) disseram não conhecer nenhum tipo de tratamento contra a doença. Entre as opções terapêuticas atualmente disponíveis para a disfunção erétil, as mais conhecidas pelo público são os medicamentos orais (61%), seguidos pelo implante de prótese maleável (38%), implante de prótese inflável (21%) e injeção (21%). O maior nível de desconhecimento está na região sul, onde 42% dos entrevistados disseram desconhecer todas as formas de tratamento.
Quando perguntados se não pudessem ser tratados com medicamentos, 42% dos homens disseram que fariam um implante capaz de restabelecer a função do pênis, enquanto 45% das parceiras(os) têm dúvidas a respeito. Já 57% dos homens disseram que não sabem, provavelmente ou certamente não fariam o implante. Entre as parceiras (os), o percentual é cerca de 10% maior.
Na avaliação do urologista, é preciso falar sobre a doença e, principalmente, sobre como tratá-la. "É possível recuperar a função sexual". Dr. Carlos Eduardo Corradi enfatiza que o tratamento vai muito além das medicações orais e injetáveis, mais comumente conhecidas. "Ainda há esperança quando essas terapias falham ou não funcionam mais e como recurso para os casos mais graves, há as cirurgias de implantes penianos, tanto infláveis quanto semirrígidos, que recuperam de forma plena a atividade sexual", afirma.
O médico destaca também que o tema impotência ainda é cercado por tabus e isso se reflete no amplo desconhecimento da população sobre a doença. "A taxa de prevalência da disfunção erétil cresce anualmente em todo o mundo e possui estreita relação com problemas de saúde epidêmicos como o diabetes e doenças cardiovasculares", alerta Corradi.
Além da alta prevalência, o distúrbio sexual tem um significativo impacto sobre a qualidade de vida, afetando o homem em suas relações mais íntimas. Isso ocorre pelo distanciamento social que a doença acarreta e pela dificuldade de falar sobre o problema. "Angústia, vergonha, tristeza, raiva e ressentimento também são emoções comuns nessas situações", explica o médico.
Falha comum
Outro dado significativo trazido pela Pesquisa De Volta ao Controle é que mais de 50% dos homens assumem que já tiveram ou têm alguma falha de ereção durante o ato sexual. Entre os parceiros, os resultados são semelhantes. Cinquenta e seis por cento disseram que já passaram pela experiência de o companheiro falhar na cama. Desses, 10% convivem com o problema de forma recorrente. Por outro lado, a população que diz estar mais satisfeita é a dos homossexuais - 62% afirmam que seu parceiro nunca teve falha de ereção, contra 45% entre o público feminino.
Medo frequente
Embora a disfunção erétil possa afetar a autoestima masculina, 72% dos homens não deixariam de ter relações sexuais por medo de falhar, segundo a pesquisa. Dezessete por cento dos homens cogitariam a possibilidade de desistir de uma transa, enquanto 29% dos parceiros compartilham da mesma opinião. "Esses dados demonstram que os parceiros têm mais dúvidas em relação à segurança emocional dos homens", avalia Corradi.
Relacionamento
Questionados se desistiriam do relacionamento caso tivessem disfunção erétil repetidas vezes, 78% dos homens disseram que não, seguidos por 77% dos parceiros. Apenas 2% de ambos os lados assumiram que tomariam essa decisão. Os companheiros mais persistentes estão na faixa dos 59 a 69 anos. Para 84% deles, a disfunção erétil não é motivo para separação.
Parceiros compreensivos
Embora o problema possa afetar as relações afetivas, 65% dos parceiros afirmam que compreendem o problema e não ficam chateados. Essa mesma opinião é compartilhada por 62% dos homens. Somente 4% deles acreditam que seus parceiros ficariam irritados e 9% acham que seriam indiferentes, caso tivessem algum problema de ereção. 28% dos parceiros revelaram que compreenderiam a situação, mas ficariam chateados.
Estresse
Para 71% dos entrevistados pela pesquisa, a principal causa da disfunção erétil é o estresse, seguido por diabetes e hipertensão (54%), consumo de álcool (52%) e drogas ou anabolizantes (45%).
Entre as doenças associadas, para 62% dos entrevistados, a depressão aparece em primeiro lugar, seguida do câncer de próstata (48%), diabetes (46%), sobrepeso ou obesidade (42%), problemas vasculares (39%) e doenças cardiovasculares (30%). 32% não souberam responder ou indicaram outras enfermidades.
"A disfunção erétil é, na maioria das vezes, uma doença multifatorial, que requer investigação detalhada para se chegar a um diagnóstico preciso e indicação de tratamento adequado. O estresse, assim como outros fatores de risco, como doenças associadas ou tabagismo, podem comprometer a função erétil. Daí a importância de avaliar um amplo aspecto da saúde do homem, uma vez que as causas podem ser orgânicas ou psicológicas", recomenda o chefe do Departamento de Andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia, Antonio de Moraes Jr.
Idade X desempenho
A pesquisa também mostra o que já é constatado em estudos: o avanço da idade piora a performance sexual. Vinte e oito por cento dos homens entre 60 e 69 anos disseram falhar mais de uma vez ao mês na cama, enquanto nas faixas de 50 a 59 anos e 40 a 49 , os percentuais caíram para 19% e 9%, respectivamente.
Na ótica dos parceiros, mais de uma falha mensal é a realidade de 19% dos homens entre 40 e 49 anos, 22% entre os que têm 50 e 59 anos e 28% no grupo dos que estão acima dos 60. Os homens acima de 60 anos são os que mais admitem ter falhas com a ereção (48% afirmaram já ter enfrentado alguma vez na vida e 23% dizem ter a doença).
Ainda é tabu?
Falar sobre disfunção erétil parece não ser problema para 78% dos entrevistados, que afirmam não ter dificuldade em discutir o assunto. Por outro lado, 18% assumem que sentiriam algum constrangimento e 4% não conversariam sobre o tema.
"A popularização dos medicamentos orais, há cerca de duas décadas, não só mudou a perspectiva do tratamento da disfunção erétil, mas também provocou uma mudança cultural e de comportamento em toda a sociedade. Falar sobre o assunto ainda não é uma tarefa fácil para alguns homens, mas houve progressos e cada vez mais a população tem se conscientizado sobre a importância de cuidar da saúde, inclusive da sexual, e esse processo deve incluir o diálogo aberto, seja com o médico, parceiro ou mesmo um amigo", analisa Moraes Jr.
Fique por dentro
Urologista deve ser sempre a primeira escolha
Ao detectar a DE, a maioria dos homens entrevistados na pesquisa tomaria como primeira providência procurar um médico. Para 76% dos entrevistados, o urologista seria o especialista a ser consultado. Em segundo plano, 39% deles conversariam com a parceira/parceiro. Para 38%, a alternativa seria procurar um clínico geral e 18% iriam a um psicólogo.
Um terço dos homens (37%) procuraria um médico logo após a primeira ou segunda falha. Outro um terço (35%) esperaria entre três e cinco falhas para buscar orientação médica. Somente 2% esperariam um ano e 6% não procurariam um médico. As parceiras(os) tendem a esperar um pouco mais - 26% acham que os homens deveriam procurar um médico após uma ou duas falhas; 43% após três ou cinco falhas; 2% esperariam mais de um ano e 2% não buscariam ajuda de um especialista.
FONTE: DN
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