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A Beija-Flor é descrita como uma escola que no passado exaltou por diversas vezes os grandes feitos da ditadura militar brasileira
Sob o título “Obiang faz dançar os brasileiros”, o jornal “Libération” relata como Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, no comando do pequeno país da àfrica Central desde 1979, se tornou “o novo rei do célebre Carnaval do Rio” ao ver triunfar “sua” escola de samba. “Obiang pagou pela prestigiada escola a bagatela de R$ 10 milhões (EUR 3 milhões), um recorde segundo O Globo, o grande jornal do Rio que revelou o caso”, escreveu a correpondente do jornal em São Paulo, Chantal Rayes.
Foto: Andre Freitas/AgNews
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Em troca, a Beija-Flor não economizou esforços para exaltar a Guiné Equatorial, em um desfile que contou com a presença do ditador africano nos camarotes do Sambódromo. A escola quase alcançou a nota máxima, enquanto sua concorrente que prestava homenagem à Nelson Mandela amargava o sexto lugar”, afirma “Libération”.
O jornal assinala que os jurados “não foram sensibilizados pelos abusos de um ditador”, e aponta a preocupação com o controle do Carnaval pelo crime organziado, com a benção do Estado. “A maior parte das escolas de samba, Beija-Flor à frente, estão na verdade nas mãos de bicheiros, os chefes dos jogos clandestinos, uma máfia temível. Mais recentemente, empresas entraram na disputa para financiar as escolas. Estados também colocam a mão no bolso, mas é uma estreia para uma ditadura”, conclui o jornal francês.
No mesmo tom, o “Le Monde” definiu Teodoro Obiang Nguema como “mecenas” do Carnaval do Rio, uma festa que este ano “prestou homenagem a uma ditadura”. O célebre vespertino francês descreve a apresentação da Beija-Flor como uma “coreografia luxuriante, transbordando cores feéricas e carros alegóricos monumentais”, e ressalta: “Uma estética e uma técnica que agradou a um júri menos preocupado, ao que parece, com os aspectos éticos e financeiros do desfile”.
“O Sr. Obiang? que é alvo junto com seu filho Teodorin Obiang de um inquérito por corrupção e lavagem de dinheiro? teria dado cerca de R$ 10 milhões à Beija-Flor para patrocinar o desfile, segundo o jornal O Globo”, escreve o correspondente do “Le Monde” no Rio, Nicolas Bourcier.
A Beija-Flor é descrita como uma escola que no passado exaltou por diversas vezes os grandes feitos da ditadura militar brasileira. O jornal aponta os bicheiros como os benfeitores tradicionais do Cranaval carioca, mas com alterações no sistema nos últimos anos: “Há pouco mais de uma década, os mecenas e patrocinadores aprovados se convidaram para a festa. São incontáveis os grandes grupos implicados nos desfiles. Oito das doze maiores escolas de samba do carnaval foram financiadas por doadores em 2014. Entretanto, nunca um tal valor havia sido mecionado”, finaliza o “Le Monde”.
FONTE: CORREIO
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