Ivan Dias Marques: Medina não é nosso único talento no surfe

IVAN DIAS MARQUES

Como sempre acontece quando um brasileiro se destaca no esporte, os olhos do país focarão neste ano em Gabriel Medina. O jovem campeão mundial de surfe verá que muito mais estará o acompanhando durante as etapas do circuito da World Surfe League (WSL). E assim foi em Gold Coast. Mas não acho, sinceramente, que essa pressão - porque o público brasileiro não torce na maioria do tempo e, sim, pressiona - tenha influenciado tanto no resultado ruim na Austrália. 
Independentemente disso, quem passou a acompanhar Medina teve - e ainda tem - a chance de conhecer outros talentosos surfistas brasileiros. A Brazilian Storm (Tempestade Brasileira, em inglês), como os estrangeiros chamam a nova geração do surfe tupiniquim, possui muito a oferecer.

Wiggoly Dantas, estreante na elite, mostrou seu cartão de visitas logo na 1ª fase, exatamente na bateria de Medina, quando foi superado nos minutos finais. Na 3ª fase, bateu o experiente Joel Parkinson, local de Gold Coast. Depois, na 5ª, “vingou” o campeão ao bater seu algoz Hall para chegar às quartas em sua primeira competição na maior liga do planeta.

Miguel Pupo também está muito bem e bateu o próprio Wiggoly duas vezes: na 4ª fase e nas quartas. Adriano de Souza, veterano junto da garotada, teve ótimo desempenho, assim como Ítalo Ferreira, outro estreante na elite, que despachou o multicampeão Kelly Slater na 3ª fase, antes de ser eliminado.

Mas quem me chama mais a atenção é Filipinho Toledo, que vem surfando demais. Com técnica apurada, o paulista de apenas 19 anos já mostra que pode surpreender muito cachorro grande ainda neste ano (escrevo isso antes do resultado final na Austrália, vale ressaltar). 

Antítese 
O talento também parece ter aflorado em João Souza, o Feijão. Quem assistiu aos jogos da Copa Davis testemunhou um crescimento absurdo no tênis dele, sobretudo na parte mental. O paulista,  26 anos, fez dois jogos estupendos, sendo que o segundo deles, contra Leonardo Mayer, foi heroico.

O recorde de duração da partida evidenciou a garra dos dois jogadores, que conseguiram suportar as quase sete horas de disputa. Ali, no final, pesou a maior experiência em jogos de peso do argentino, que estava em piores condições físicas.

Ruim mesmo foi deixar a pressão para cima de Thomaz Bellucci. Tecnicamente, Bellucci tem um arsenal de golpes melhor do que Feijão. No entanto, sua mente é digna de estudo para a Psicologia. Há uma nítida ausência de concentração e um derrotismo no paulista de Tietê. A evidente melhoria no aspecto mental de Feijão deveria servir de exemplo para ele. Tênis para voltar a ser um Top 30 do mundo, ele tem. Mas, na tríade técnica + psicológico + físico, que define um grande tenista, ele falta crescer demais dos dois últimos critérios.

É compreensível que a pressão por ser o (teórico) sucessor de Gustavo Kuerten tenha pesado ao longo da carreira de Bellucci e que a falta de apoio da Confederação Brasileira de Tênis às categorias de base, onde o paulista poderia ter passado por um acompanhamento desde jovem, possa ter contribuído. Mas é hora do paulista mudar ou corre o risco de ir ladeira abaixo no ranking da Associação de Tenistas Profissionais (ATP).

Estreia 
Até que enfim, o Centro Pan-Americano de Judô poderá ser aproveitado pelos baianos. Amanhã acontece a 1ª etapa do Circuito Baiano, com presença de mais de 600 atletas de diversos estados. Aos poucos, o que se espera que a contrapartida social e esportiva para atletas e amantes da arte marcial chegue. Afinal, foram mais de R$ 40 milhões investidos, com a  maioria do montante vinda dos cofres públicos.

FONTE:http://www.correio24horas.com.br/detalhe/noticia/ivan-dias-marques-medina-nao-e-nosso-unico-talento-no-surfe/