CINEMA
Disputa no altar
08.01.2015
Sob a direção de Roberto Santucci, longa de Marcelo Saback, "Loucas pra casar", mostra três mulheres na disputa pelo homem perfeito, ou pelo menos o que pensam ser
A princípio o roteiro pode não parecer muito original. Afinal, ainda no ano passado, "Mulheres ao Ataque", de Nick Cassavetes, trazia uma história semelhante a de "Loucas pra casar", longa brasileiro dirigido por Roberto Santucci e roteirizado por Marcelo Saback.
Na produção americana, três mulheres, dentre elas Carly (Cameron Diaz), disputam o amor do bonitão Mark (Nikolaj Coster-Waldau). Após descobrirem que se relacionavam com o mesmo homem, elas se unem para se vingar dele.
Em "Loucas pra Casar", no entanto, Saback "engana" o público, apresentando o que pode ser inicialmente considerado um misto de clichês. "Eu queria falar do universo feminino, do amor e principalmente da idealização da pessoa amada. Não trago uma estrutura de comédia romântica habitual", explicou durante coletiva de lançamento do longa.
Sem spoilers para o espectador, o que se pode adiantar de "Loucas pra casar" é que, apesar dos clichês, a produção é cheia de reviravoltas.
Na história, a protagonista Malu, interpretada pela queridinha de Saback, Ingrid Guimarães, é uma mulher de 40 anos bem sucedida que trabalha como secretária de Samuel (Márcio Garcia), o homem de sua vida.
Apesar de namorarem há três anos e viverem um relacionamento feliz, com direito a fantasias sexuais, não há o menor indício de que um pedido de casamento esteja por vir. Isso atormenta Malu, que começa a suspeitar que Samuel tem uma amante.
Com a ajuda da inseparável amiga Dolores (Fabiana Karla), ela contrata um detetive para investigar o namorado. É quando ela descobre que seu "homem perfeito" a está traindo não apenas com uma, mas com duas mulheres, e sua vida muda completamente.
As amantes, a dançarina de boate Lúcia (Suzana Pires) e a fanática religiosa Maria (Tatá Werneck), representam dois fantasmas que Malu terá de enfrentar, disputando a preferência do amado, já que nenhuma delas quer desistir do príncipe encantado, lindo, bem sucedido e bom de cama.
Estereótipos
"Loucas pra casar" brinca com os estereótipos e com o sonho que muitas mulheres perseguem: o casamento. Para isso, insere as personagens em situações fáceis de causar identificação, principalmente em quem já passou dos 30 e continua solteira.
"Tem a cena que a Malu está rodeada de amigas e todas vão ser mães. Já vivi isso algumas vezes. É bem constrangedor", comenta Ingrid Guimarães, afirmando que nunca teve aquele sonho de casar de branco.
Apesar de suas personalidades bem definidas, os personagens surpreendem justamente por não corresponderem aos seus estereótipos, rendendo cenas hilárias ao longa, que abre espaço ainda para muito improviso.
"Tem várias cenas com a Tatá que foram assim, como a que brigamos no taxi. Ela quase me enlouqueceu. Porque gosto de gravar tudo certinho, mas acho que no fim eu a ajudei e ela me levou a improvisar mais", revelou Suzana, que, para o papel da dançarina de boate, precisou aprender a dançar pole dance.
Fabiana, que vive Dolores, a melhor amiga lésbica de Malu, conta que se preocupou muito em não ser caricata, apesar de o filme ser uma comédia.
Rubi, o coreógrafo e amigo gay de Lúcia, vivido pelo cearense Edmilson Filho, também é um dos destaques em "Loucas pra casar". "Nossa ideia é desconstruir personagens e o próprio filme. Muita gente fala que a primeira vista é uma história machista. Mas as pessoas vão se surpreender", instiga Saback.
Outro ponto interessante é a relação de Malu com a mãe, que sofre de problemas mentais. "É um contraponto. Deixa a protagonista mais humana. Além disso, é um personagem chave", diz o roteirista.
Anamélia Sampaio
Repórter
Repórter
*A repórter viajou a convite da Downtown filmes
FONTE:
DIÁRIO DO NORDESTE
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