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“Mulher tem de apanhar como homem”, diz deputado do DEMby bloglimpinhoecheiroso |
Jandira
Feghali: “Em seis mandatos, jamais fui sujeitada à violência física ou
incitação à violência contra mulher”. No destaque, Alberto Fraga:
preconceituoso e violento.
Em
dia de vergonha para a Casa dirigida por Eduardo Cunha, “manifestantes”
que apoiaram projeto da terceirização se tornam paladinos dos
trabalhadores; e deputada é agredida por parlamentares.
Hylda Cavalcanti, via RBA em 6/5/2015
O
ambiente foi de tumulto e troca de acusações na Câmara dos Deputados,
que realiza desde o início da tarde de quarta-feira, dia 6/5, sessão
para apreciar as Medidas Provisórias (MPs) 664 e 665, referentes a
mudanças nas regras para benefícios dos trabalhadores. O presidente da
casa, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), suspendeu a sessão por três vezes até
conseguir chegar a um acordo para votar os textos.
A
Medida Provisória (MP) 665, que altera as regras de acesso ao
seguro-desemprego, ao abono salarial e ao seguro-defeso, teve seu texto-base aprovado
pelo plenário, ressalvadas emendas e destaques que ainda serão votados.
Foram 252 votos a favor, 227 contra e uma abstenção. Pelo acordo que
possibilitou a aprovação da MP, ainda devem ser votados nominalmente
dois destaques que visam a alterar o texto da medida. Os outros
destaques e emendas devem ser votados na quinta-feira, dia 7/5.
Encaminharam
voto favorável à aprovação da MP 665 os líderes do bloco formado pelo
PMDB e outros partidos, do PT, do PSD, do PR, do PCdoB, do Pros e do
PRB, além da liderança do governo. Encaminharam contra a aprovação da
medida provisória os líderes do PSDB, do DEM, do SD, do PDT, do PPS e do
PSOL e o líder da minoria. O único partido da base governista que
encaminhou voto contra a MP foi o PDT. O PV liberou sua bancada para
votar de acordo com a convicção de cada um.
O
momento mais tenso da sessão levou a bancada feminina a levantar as
mãos e gritar palavras de ordem em solidariedade à deputada Jandira
Feghali (PCdoB/RJ), vítima de palavras grosseiras por parte do deputado
Alberto Fraga (DEM/DF).
“A
violência contra a mulher não é o Brasil que eu quero ver”, gritaram
várias deputadas. Muita gente pediu para que a sessão fosse encerrada e a
votação, adiada. “Estamos perdendo o controle. Vamos adiar essa sessão
em nome do bom senso da casa”, pediu o deputado Veneziano do Rêgo
(PMDB/PB).
A
confusão envolvendo Jandira Feghali e Alberto Fraga começou quando a
deputada foi apaziguar um início de discussão entre os deputados Orlando
Silva (PCdoB/SP) e Roberto Freire (PPS/SP). Jandira reclamou que Freire
a empurrou com força quando se aproximou e disse que iria entrar com
uma reclamação junto ao Conselho de Ética contra ele. Em seguida,
Alberto Fraga, que estava próximo, pegou o microfone, virou-se e disse
para a líder que “a mulher que participa da política como homem e fala
como homem, também tem que apanhar como homem”.
A
declaração provocou reações revoltadas em todo o plenário. O líder do
Pros, deputado Domingos Neto (CE), defendeu Jandira, lamentou o ocorrido
e afirmou que era preciso acalmar os ânimos. O deputado Roberto Freire
pediu desculpas e disse que foi mal interpretado. “Em 40 anos de vida
parlamentar jamais cometi qualquer atitude de agressão.”
Jandira Feghali, via Facebook: “Assustador o acontece nesta Casa.”
Parece que as noites na Câmara não tem como piorar nesta Legislatura. Sim, fui agredida fisicamente pelo deputado Roberto Freire durante discussão das medidas provisórias 664 e 665 agora pouco. Pegou meu braço com força e o jogou para trás. O deputado Alberto Fraga, não satisfeito com a violência flagrada, disse que “quem bate como homem deve apanhar como homem” na minha direção. Fazia menção a mim.É assustador o que está acontecendo nesta Casa. Em trinta anos de vida pública jamais passei por tal situação. Em seis mandatos como deputada federal, onde liderei a bancada do PCdoB por duas vezes e enfrentei diversos embates, jamais fui sujeitada à violência física ou incitação à violência contra mulher. Muitas foram as frentes de debate político aqui dentro. Parece irônico a mulher que escreveu o texto em vigor da Lei Maria da Penha seja vítima de um crime como este.Meus advogados vão acionar judicialmente o senhor Fraga pela apologia inaceitável. Esta medida já está sendo encaminhada. Minha trajetória é reta, ética e coerente dentro da política desde quando me tornei uma pessoa pública, na década de 80. Não baixarei a cabeça para nenhum machista violento que acha correto destilar seu ódio. A Justiça cuidará disto. E ela, sim, pesará sua mão.
“Sem ameaças”
Mas as queixas em relação ao deputado Alberto Fraga continuaram. “Ameaças não são aceitas aqui. O senhor Fraga pode ter a fama que tiver no Distrito Federal, mas não temos medo do senhor”, argumentou o deputado Glauber Braga (PSB/RJ), em alusão ao fato de Fraga, ex-delegado, integrar a chamada bancada da bala e possuir bom trânsito entre os policiais do DF.
Mas as queixas em relação ao deputado Alberto Fraga continuaram. “Ameaças não são aceitas aqui. O senhor Fraga pode ter a fama que tiver no Distrito Federal, mas não temos medo do senhor”, argumentou o deputado Glauber Braga (PSB/RJ), em alusão ao fato de Fraga, ex-delegado, integrar a chamada bancada da bala e possuir bom trânsito entre os policiais do DF.
“Quem
sabe da minha fama são as pessoas do Distrito Federal porque me
elegeram o deputado mais votado das últimas eleições e não vou
questionar isso aqui. Minha fama é de estar sempre presente das pessoas
que precisam. Mas o que eu quero dizer é que sou um homem e não um
moleque”, rebateu Fraga, minimizando os 32 anos do deputado Glauber
Braga.
Cédulas jogadas
O tumulto que envolveu Jandira Feghali e Alberto Fraga foi o segundo mais conturbado do dia. Por volta das 19h, o presidente Eduardo Cunha suspendeu a sessão pela primeira vez depois que manifestantes que estavam nas galerias jogaram em cima dos parlamentares cédulas falsas de dólar com os rostos da presidenta Dilma Rousseff, do ex-presidente Lula e do ex-tesoureiro do PT João Vaccari.
O tumulto que envolveu Jandira Feghali e Alberto Fraga foi o segundo mais conturbado do dia. Por volta das 19h, o presidente Eduardo Cunha suspendeu a sessão pela primeira vez depois que manifestantes que estavam nas galerias jogaram em cima dos parlamentares cédulas falsas de dólar com os rostos da presidenta Dilma Rousseff, do ex-presidente Lula e do ex-tesoureiro do PT João Vaccari.
As
cédulas foram atiradas por pessoas ligadas à Força Sindical, central
que tem como presidente licenciado o deputado Paulo Pereira da Silva, o
Paulinho da Força, que na festa do no último 1º de Maio, promovido pela
central em São Paulo, não fez menção ao Projeto de Lei 4.330, da
terceirização, que ajudou a aprovar de maneira enfática na Câmara.
Cunha
determinou o esvaziamento das galerias para somente depois retomar a
votação, que deverá entrar pela madrugada. Parlamentares do PSB, DEM,
PSDB, Psol e PPS tentaram obstruir a votação com requerimento de emendas
e recursos diversos, posteriormente rejeitados.
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