As doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti já causaram surtos no Brasil em 2016
O fim do ano está chegando e, com ele o Verão, estação que traz a promessa de chuvas intensas. Apesar do alívio climático, especialistas alertam que o Brasil pode voltar a sofrer com epidemias de zika e chikungunya. Ainda que tenha sido registrada redução da incidência de casos das duas doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti este ano, elas podem voltar a ter força a partir de dezembro de 2018 ou janeiro de 2019, quando já terá passado o período da primeira onda de surto em alguns estados.
Segundo Carlos Brito, pesquisador colaborador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Pernambuco, o país se dedicou mais nos últimos dois anos ao estudo dos impactos do zika, devido ao surto e à perplexidade causada pelos casos de microcefalia em bebês. Ele ressalta, no entanto, que mesmo assim o Brasil continua despreparado para atender novos casos das arboviroses, principalmente de chikungunya.
"Na verdade, deixou-se um pouco de lado a chikungunya que, para mim, é a mais grave das arboviroses. E as pessoas geralmente nem têm ciência da gravidade, nem estão preparadas para conduzir a chikungunya. É uma doença que na fase aguda não só leva a casos graves, inclusive fatais, mas deixa um contingente de pacientes crônicos, que estão padecendo há quase dois anos com dores, afastamento das atividades habituais de trabalho, lazer e vida social", explica Carlos Brito em entrevista para a Agência Brasil.
O pesquisador diz ainda que a incidência das doenças transmitidas pelo Aedes deve variar por região. Os estados que tiveram muitas pessoas infectadas no início do surto em 2016, como os do nordeste, poderão ficar imunes por mais um tempo. No entanto, muitos municípios ainda têm a probabilidade de enfrentar novos surtos, como o Rio de Janeiro, que recentemente registrou vários casos de arboviroses.
"No Brasil tudo toma uma dimensão muito grande, porque é um país de dimensão continental. Então, não estamos preparados, nem os profissionais de saúde foram treinados, nem estamos tendo a dimensão da intensidade da doença, nem as instituições estão atentas para uma epidemia de grandes proporções em um estado como São Paulo, com 40 milhões de habitantes, ou no Rio de Janeiro, com 20 milhões", alerta Brito.
Redução
Segundo o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado na sexta, dia 17 de agosto, de janeiro até 28 de julho deste ano foram registrados 63.395 casos prováveis de febre chikungunya no país. O resultado é menos da metade do número de casos reportados no mesmo período do ano passado, quando foram 173.450 doentes. Em 2016, tivemos 278 mil casos.
Mais da metade, ou seja, 61% dos casos reportados este ano, estão concentrados na região sudeste. Em seguida, aparece o centro-oeste (21%), o nordeste (13%), norte (7%) e sul (0,35%).
Nos primeiros sete meses de 2018 foram confirmadas 16 mortes por chikungunya. No mesmo período do ano passado, 183 pessoas morreram pela arbovirose. A redução no número de óbitos foi de 91,2%. Já em relação ao vírus da zika, em todo o país foram registrados 6.371 casos prováveis e duas mortes até o fim de julho. No ano passado, essa febre tinha infectado mais de 15 mil pessoas no mesmo período. A maior incidência de zika este ano também está concentrada no sudeste (39%), seguida pela região nordeste (26%).
Ameaça
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(foto: Wikimedia/Muhammad Mahdi Karim/Reprodução) |
Segundo Carlos Brito, pesquisador colaborador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Pernambuco, o país se dedicou mais nos últimos dois anos ao estudo dos impactos do zika, devido ao surto e à perplexidade causada pelos casos de microcefalia em bebês. Ele ressalta, no entanto, que mesmo assim o Brasil continua despreparado para atender novos casos das arboviroses, principalmente de chikungunya.
"Na verdade, deixou-se um pouco de lado a chikungunya que, para mim, é a mais grave das arboviroses. E as pessoas geralmente nem têm ciência da gravidade, nem estão preparadas para conduzir a chikungunya. É uma doença que na fase aguda não só leva a casos graves, inclusive fatais, mas deixa um contingente de pacientes crônicos, que estão padecendo há quase dois anos com dores, afastamento das atividades habituais de trabalho, lazer e vida social", explica Carlos Brito em entrevista para a Agência Brasil.
O pesquisador diz ainda que a incidência das doenças transmitidas pelo Aedes deve variar por região. Os estados que tiveram muitas pessoas infectadas no início do surto em 2016, como os do nordeste, poderão ficar imunes por mais um tempo. No entanto, muitos municípios ainda têm a probabilidade de enfrentar novos surtos, como o Rio de Janeiro, que recentemente registrou vários casos de arboviroses.
"No Brasil tudo toma uma dimensão muito grande, porque é um país de dimensão continental. Então, não estamos preparados, nem os profissionais de saúde foram treinados, nem estamos tendo a dimensão da intensidade da doença, nem as instituições estão atentas para uma epidemia de grandes proporções em um estado como São Paulo, com 40 milhões de habitantes, ou no Rio de Janeiro, com 20 milhões", alerta Brito.
Redução
Segundo o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado na sexta, dia 17 de agosto, de janeiro até 28 de julho deste ano foram registrados 63.395 casos prováveis de febre chikungunya no país. O resultado é menos da metade do número de casos reportados no mesmo período do ano passado, quando foram 173.450 doentes. Em 2016, tivemos 278 mil casos.
Mais da metade, ou seja, 61% dos casos reportados este ano, estão concentrados na região sudeste. Em seguida, aparece o centro-oeste (21%), o nordeste (13%), norte (7%) e sul (0,35%).
Nos primeiros sete meses de 2018 foram confirmadas 16 mortes por chikungunya. No mesmo período do ano passado, 183 pessoas morreram pela arbovirose. A redução no número de óbitos foi de 91,2%. Já em relação ao vírus da zika, em todo o país foram registrados 6.371 casos prováveis e duas mortes até o fim de julho. No ano passado, essa febre tinha infectado mais de 15 mil pessoas no mesmo período. A maior incidência de zika este ano também está concentrada no sudeste (39%), seguida pela região nordeste (26%).
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