FORTALEZA
Monólogo de Chamusca
31.10.2014
Ao invés de abrir sua fala para a entrevista coletiva, Marcelo Chamusca acabou fugindo das perguntas
Quando se esperava uma longa entrevista coletiva, com o técnico Marcelo Chamusca explicando o que houve - na visão dele, para que o Fortaleza não conseguisse o acesso à Série B, pelo quinto ano consecutivo, o treinador fez apenas um monólogo.
Na sua fala, não escondeu a sua mágoa pelas críticas que recebeu por conta da escalação do time, no jogo decisivo, ao fazer opções como Walfrido, como volante - quando o titular vinha sendo Guto - e Ricardo Lopes como meia, quando tinha Erick Flores e Wellington Bruno no banco de suplentes.
Mas, antes mesmo que o tema de suas mágoas seja tratado, é oportuno revelar que ontem, o treinador almoçou com o presidente licenciado do Leão, Osmar Baquit e com o gerente de futebol, Júlio César Manso. Na pauta, a proposta de renovação de contrato dele e de sua comissão.
Um tempo para si
Chamusca disse que ficou satisfeito em receber a proposta para continuar, mas revelou que precisa de um tempo para pensar. "Não sou de ficar remoendo uma dor por muito tempo, porque a vida precisa seguir. O clube quer a minha permanência e da comissão técnica, mas eu preciso viajar para Salvador, passar um tempo com a minha família e depois resolver o que fazer. Além disso, tem o processo político no clube, o qual não cabe a eu resolver", falou Chamusca.
O treinador disse que as escolhas dos 11 atletas para o jogo decisivo foram baseadas nos estudos que a comissão técnica faz durante a semana, a observação dos jogadores e o desempenho deles nos treinos.
O comandante disse que a escalação que lançou em campo teve quase que os mesmos jogadores das vitórias sobre o Treze (4x0) e ASA/AL (3x2). "Nessa hora, porque vencemos, ninguém me questionou sobre a escalação, vindo fazer só agora porque o time não subiu", queixou-se o comandante tricolor.
Chamusca lembrou que assumiu o clube, em dezembro de 2013, com 12 jogadores (dois goleiros, mais seis atletas de linha, das categorias de base, afora Robert, Waldison, Adalberto e Eduardo Luiz, que retornaram). Ele disse que mesmo assim formou o time vice-campeão do Estado, revelando vários jogadores. Além disso, falou da classificação para a Copa do Nordeste e Copa do Brasil de 2015.
Regulamento
Por fim, o comandante leonino reclamou do regulamento da Série C, que não favorece ao time de melhor campanha.
"Cabe aos dirigentes do Fortaleza tentarem mudar esse regulamento, que não privilegia a equipe que se prepara mais e que se apresenta melhor, ao longo de todo o campeonato, como foi o nosso caso. É estilo a Copa do Brasil e acaba privilegiando os times que jogam retrancados, em detrimento do bom futebol", concluiu Chamusca.
Tricolor rescinde com três jogadores
O Fortaleza iniciou a rescisão de contrato dos atletas que possuem vínculo até o fim deste ano. Com a eliminação da Série C, a diretoria está chamando um por um para que acertarem seus respectivos distratos sem deixar qualquer pendência que possa gerar alguma ação trabalhista.
O primeiro a ser chamado e aceitou as condições da rescisão foi o meia Erick Flores, que definiu tudo na manhã de ontem, com o gerente de futebol, Júlio César Manso.
No período da tarde, dois outros jogadores conversaram e também definiram suas saídas. São eles o goleiro André Zuba e o zagueiro Eduardo Luiz. Este último com passagens pelo Fortaleza, em 2013 e 2014.
Quase todos os jogadores estiveram presentes na tarde de ontem, já procurando fazer o distrato com o Leão. "Não estamos fazendo proposta para nenhum deles. Apenas estamos deixando as portas abertas, para em caso de uma negociação futura, o diálogo já ter sido antecipado", explicou Júlio Manso.
Falta resolver a situação do meia Edinho, que será devolvido ao Tombense/MG, com quem possui contrato, mas há a possibilidade de o jovem atleta acertar seu retorno ao Pici, em 2015.
Grupo invade Alcides Santos e quebra patrimônio do clube
Sem dar qualquer chance de diálogo e querendo resolver as coisas na força bruta, um grupo de 10 torcedores uniformizados do Fortaleza invadiu, ontem às 15h30, o Estádio Alcides Santos, sede do clube, fazendo vários estragos em portas do departamento de futebol do Leão.
Os supostos torcedores procuravam algum dirigente para o responsabilizar pela desclassificação do time da Série C. Eles faziam ameaças contra os dirigentes, que não haviam chegado ao local ainda.
No pátio, estavam vários jogadores, que resolviam situações de rescisão de contrato. O grupo violento não se dirigiu aos jogadores, gritando apenas que queriam pegar algum dirigente do clube tricolor.
Desde às 15 horas, que os torcedores estavam próximos ao clube, apenas observando o movimento para que pudessem se agrupar e agir de forma violenta.
Inicialmente, arrombaram, a chutes, o portão pequeno da entrada do estádio, o qual é anexo ao da entrada de carros. Depois, saíram percorrendo as várias dependências e quebrando as portas. A primeira porta destruída foi a do gerente de futebol, Júlio Manso, que trabalhava com duas funcionárias.
Quebraram ainda outra porta do departamento de futebol e duas da academia do clube, espalhando vidros pelo chão. Um dos torcedores se feriu nos vidros quebrados, mas prosseguiu com sua ação. Ao saírem do local, e na presença de vários atletas que haviam comparecido ao clube, atiraram pedras e pedaços de tijolos contra os veículos de imprensa ali estacionados.
A Polícia Militar foi acionada pelo funcionário da portaria, mas só chegou muito tempo depois, quando os torcedores já haviam deixado o local.
O atacante Ricardo Lopes estava com sua filhinha de 1 ano e oito meses, Júlia, no mesmo corredor por onde os torcedores passaram, mas não foi incomodado por eles. Os prejuízos chegam a R$ 2 mil, com os vidros e portas quebrados pelo grupo.
Ivan Bezerra
Repórter
Repórter
FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE
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