E.C. VITÓRIA
Don Vilão: atuação de Juan influencia permanência do Vitória na lanterna do Brasileiro
Não há como negar a influência direta do lateral-esquerdo nos dois últimos “foras” dentro de casa que o Leão levou
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Artilheiro do Vitória na temporada,
com nove gols, Juan não anda com o pé calibrado (Foto: Robson Mendes) |
O nome é de matador. Ao menos na literatura, no arquétipo encontrado em lendas e contos europeus, Juan é artilheiro do romantismo, goleador da sedução, craque das conquistas amorosas.
No Vitória, nos dois últimos jogos - especialmente neste do último domingo (31) - Juan passou de galã a vilão. Don Juan virou Don Vilão.
Claro, não se pode colocar em suas costas todo o peso das derrotas. Não. Mas não há como negar a influência direta do lateral-esquerdo nos dois últimos “foras” dentro de casa que o Leão levou. Boa parcela do namoro firme que o rubro-negro engatou com a zona de rebaixamento e com a lanterna deve a ele.
Eram 32 minutos do primeiro tempo de um jogo bem movimentado, quando, em uma cobrança de escanteio, o zagueiro Marcelo cabeceou para fazer 1 x 0 Flamengo. Quem estava marcando o autor do gol e não subiu junto na hora do lance? Juan.
O erro passou quase despercebido, principalmente depois que Caio empatou com um gol “espírita” aos 39. Por alguns minutos, a torcida declararia toda sua paixão em forma de “Sou Vitória com muito orgulho, com muito amor”. Mas o Don Juan do brega, Reginaldo Rossi, sempre alertou que as piores traições ocorrem “em plena lua de mel”.
Desilusão de verdade, de doer o coração, viria no segundo tempo, com Don Vilão aprontando mais das suas. O Vitória, com Ney Franco fiel ao seu estilo, jamais abdicou do ataque, é verdade. Os dois times desperdiçavam boas chances até que, em um cruzamento chinfrim de Mugni, a bola bateu no antebraço do desatento Juan. Pênalti.
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O árbitro Anderson Daronco conversa com o lateral Juan segundos antes da cobrança...(Foto: Robson Mendes)
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Alecsandro, que amou o Vitória no início da carreira, não quis saber de “flash-back”. Deslocou o paraguaio Roberto Fernandes - 2x1 Flamengo. Ney Franco tenta reverter na correria, colocando jogadores como Willie. Mas o único que trata a redonda com carinho é Escudero, na sua segunda partida após recuperação de seis meses. Amor eterno.
É ele quem, aos 31 minutos, cruza para Dinei, que cabeceia para trás. A bola bate na mão do zagueiro Marcelo. Pênalti de novo. Quem parte para a cobrança na melhor das intenções é Juan. Ele, que havia desperdiçado uma cobrança no jogo contra o Figueirense, trai a confiança novamente e inicia uma crise de relacionamento com a torcida. Paulo Victor defende.
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... que acaba defendida pelo goleiro do Flamengo, Paulo Victor. Lá se vai o gol de empate(Foto: Robson Mendes)
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“Eu venho treinando e treinando bem. Tanto que sou o escolhido para bater os pênaltis. Bati mal mesmo. Bati fraco e a meia altura”, lamentou o lateral, após o jogo. Com apenas três vitórias em 18 jogos, o Leão é um conquistador barato. Atira para todos os lados, testa todas as opções, e não dá uma dentro. Estacionou com 15 pontos e só ganhou uma partida em casa.
O rubro-negro apresenta futebol muito abaixo das expectativas. O próprio Juan pode mais. Tem futebol pra isso. Agora é torcer para essa história não terminar como nos contos. Em uma das versões do clássico de Don Juan, a história termina dramaticamente, com a descida do sedutor ao inferno. Se isso acontecer, tomara que ele não leve o time todo junto.
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