CONTAS BLOQUEADAS
Dinheiro na Suíça será repatriado
27.11.2014
Justiça estrangeira congelou, em abril, US$ 26 milhões de operadores do esquema da Petrobras
Lausanne. A Justiça suíça aceitou acelerar a devolução do dinheiro bloqueado em nome do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Só esses recursos superam a soma de todos os repatriamentos de ativos feitos pelo Brasil até hoje. Em reunião entre procuradores brasileiros e suíços, os europeus entregaram novos documentos sobre a movimentação financeira das contas.
Os mais de US$ 26 milhões, cerca de R$ 65 milhões, estão congelados desde abril em cinco contas. O Ministério Público da Suíça investiga os operadores do esquema da Petrobras por lavagem de dinheiro. Não há prazo para esses valores retornarem ao Brasil, em função de trâmites burocráticos.
Segundo o procurador brasileiro Deltan Dallagnol, o dinheiro será superior a tudo o que o Brasil já obteve em anos de trabalho de recuperação de ativos confiscados no exterior. No total, a Justiça brasileira repatriou até hoje cerca de R$ 45 milhões, em processos que levaram anos.
Contas
Os procuradores brasileiros saem da Suíça também com novos documentos sobre quem teria alimentado as contas secretas, porém os nomes não foram revelados. Os suíços exigiram que o Brasil abra uma conta especial, que será administrada por uma instituição pública. Parte dos recursos pode voltar para a Petrobras, mas outras entidades que tenham sido lesadas podem receber os recursos.
Além de Paulo Roberto Costa, outros envolvidos no esquema da estatal tiveram quantias em dinheiro retidas desde que a Operação Lava-Jato foi deflagrada. Ontem, a Justiça Federal bloqueou R$ 677 mil das contas do ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque. O valor foi somado a outros R$ 3 milhões já recolhidos de Duque pela Justiça nos últimos meses.
Com os novos arrestos, chega a quase R$ 100 milhões o total bloqueado das contas de 14 executivos das maiores empreiteiras do País, do ex-diretor de serviços e do suposto operador do PMDB Fernando Baiano. Eles estão presos em Curitiba. Ao todo, 19 pessoas investigadas na sétima etapa da Lava-Jato, batizada de Juízo Final, tiveram contas bloqueadas.
Campanhas
Ainda sobre o esquema da Petrobras, revelou-se ontem que sete das empresas envolvidas no escândalo doaram, juntas, cerca de R$ 109 milhões às campanhas presidenciais de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) nas eleições deste ano. Para Dilma foram doados R$ 68,5 milhões, enquanto Aécio recebeu R$ 40,2 milhões.
As empresas são alvo de investigação da Polícia Federal por suposto pagamento de propinas a políticos e funcionários da Petrobras em troca da obtenção de contratos superfaturados.
DN
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