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quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Em depoimento, gremista nega intenção de ofender goleiro

CASO ARANHA

Em depoimento, gremista nega intenção de ofender goleiro

Folhapress | 17h37 | 04.09.2014

Patrícia Moreira admite gritos racistas, e advogado diz que torcedora "foi no embalo da torcida"


A auxiliar de odontologia Patrícia Moreira, 23, torcedora do Grêmio identificada como autora de xingamentos contra o goleiro Aranha, negou na manhã desta quinta-feira (4) que tenha tido a intenção de ofender o jogador do Santos. Patrícia prestou depoimento na Polícia Civil em Porto Alegre, acompanhada do advogado e do irmão.
De acordo com o delegado Cléber Ferreira, Patrícia esteve calma durante o depoimento e não disse estar arrependida. "Ela não nega ter proferido aquelas palavras, mas diz que a intenção dela não era ofender o goleiro do Santos. Simplesmente, ela falou porque foi no embalo da torcida", declarou.
O depoimento de Patrícia durou cerca de uma hora. Ela deixou o local em silêncio, sem falar com a imprensa. Manifestantes ligados à Unegro (União de Negros pela Igualdade) levaram uma faixa ao local para protestar contra o racismo. Um deles chegou a gritar para a torcedora: "Vem falar com o macaco aqui agora!".
Segundo Ferreira, Patrícia disse que os cânticos com a palavra "macaco" são usuais na torcida e que não foram direcionados ao goleiro Aranha. Apesar de não ter definido formalmente sua atitude como racista, para a polícia, ela reconhece que ofendeu a honra de outra pessoa. Segundo o delegado, a estratégia apresentada pela defesa é de afastar o dolo.
"Ela explica que o próprio [hino da torcida do] Internacional, eles se dizem 'macacos'. Ela diz como a torcida estava toda falando 'macaco' e proferindo aquelas palavras, ela também proferiu. Mas a questão dela não é especificamente ofender a honra daquele goleiro", disse o delegado.
A jovem afirmou ainda não fazer parte de torcidas organizadas e que esta foi a terceira vez que foi à Arena do Grêmio. Patrícia, que perdeu o emprego após o episódio, também relatou que tem sofrido ameaças por telefone e nas redes sociais, além de ter tido sua casa apedrejada.
O delegado afirmou ainda que fotos retiradas das redes sociais da torcedora, antes que ela deletasse seus perfis, podem também fazer parte do inquérito, mas afastou a possibilidade de Patrícia ser acusada por racismo. Para a polícia, o caso é de injúria racial, crime afiançável que pode acarretar pena de um a três anos de reclusão.
Ainda esta tarde, a polícia vai ouvir duas testemunhas que podem auxiliar na identificação de mais torcedores que estavam na Arena. O delegado Cléber admitiu ainda que Patrícia pode ser chamada outra vez para mais esclarecimentos.
FONTE:

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